Palacete Demolido – Rua Alamir Martins, 28

O litoral paulista tem muitas cidades antigas onde ainda existem construções históricas bem interessantes. São Vicente, por exemplo,que é a cidade mais antiga do Brasil, e Santos, fundada em 1546, também não fica atrás, com muitos imóveis antigos e curiosos.

E é na Cidade de Santos que estava localizado o casarão demolido que abordaremos aqui.

A memória arquitetônica no litoral paulista não é tratada de forma muito diferente do que costumamos ver na capital.O setor da construção civil não mede esforços para verticalizar cada vez mais nossas cidades e não pensam em respeitar nenhum tipo de imóvel antigo.

São demolidos desde os deteriorados até os bem conservados, como este aqui que era localizado no número 28 da Rua Alamir Martins, no Gonzaga.

O fato que torna mais triste e lamentável esta destruição não é a demolição em si, mas sim a anuência covarde do órgão de tombamento municipal, o CONDEPASA (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos).

Por mais que as incorporadoras sejam costumeiramente as vilãs, elas só iniciaram a demolição do imóvel após a autorização do CONDEPASA. Até o “OK” do órgão santista o imóvel estava intacto.

O pedido foi feito por Emílio Rached Esper Kallas, da construtora Kallas (a mesma que recentemente destruiu o Gesso Mossoró em Guarulhos) e foi atendido sem qualquer objeção, como atesta abaixo trecho da ata do CONDEPASA de 13 de janeiro de 2012:

Em destaque o pedido e a autorização.

É notável a influência das construtoras nos órgãos de preservação e patrimônio histórico por todo o Brasil. Há a nítida percepção de que estas reuniões parecem cada dia mais figurativas e inúteis, já que nada fazem para impedir o fim de nossas construções antigas.

Nem mesmo aquelas que estão absolutamente preservadas e encontram-se em regiões completamente saturadas tanto de potencial construtivo como de trânsito, sistema de coleta de esgotos etc.

Após o “amém” do CONDEPASA o casarão foi rapidamente demolido, bem como as árvores que estavam naquele espaço. O cenário sem o casarão é este que você confere abaixo:

Terreno vazio por pouco tempo, memória vazia para todo o sempre (clique para ampliar).

Enfim Santos perdeu mais um pedaço de sua história, como também perdem diariamente, inúmeras cidades do Brasil. É importante notar e frisar que este casarão em perfeito estado de conservação não foi demolido na calada da noite, na surdina.

Ele foi demolido em plena luz do dia com total anuência do orgão santista incumbido de proteger a história da cidade. Cabe a você, cidadão santista, pressionar as autoridades municipais e renovar este órgão com pessoas realmente preocupadas em preservar a memória da cidade.

Veja mais fotos do casarão demolido (clique na miniatura para ampliar):
Crédito das fotos e agradecimento: Alexandre de Pádua

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35 respostas

  1. Que pena…
    Se essas paredes falassem quanto teriam a dizer.
    Mais um historico site que se esvaneia

  2. Lamentável!

    Tenho visto casas antigas serem demolidas ano após ano.
    E um dos argumentos que ouço é que essas casas eram muito caras para serem mantidas, que não possuíam um estilo arquitetônico especifico ou importância histórica que justificasse serem mantidas.
    Quanto ao custo para serem mantidas, algo deve ser possível, na medida que outros países conseguem, onde há muitos mais edifícios antigos a serem mantidos.
    Outro item que para mim tem tanta importância quanto a parte arquitetônica ou historia é a beleza. Quando olhamos uma construção harmoniosa, com seus contornos, e volutas, isso faz bem a vista e a alma, alivia o stress, paramos e ficamos por instantes num estado de admiração e contemplação.
    E os edifícios que constroem no lugar? Há beleza neles? É como comparar beber um vinho numa taça de vidro ou cristal(conforme a importância histórica da casa) ou num copo de plástico descartável( esses edifícios que ocupam seu lugar), ambos servem para morar…

  3. Pelo q vi demoliram o belíssimo casarão e as árvores q haviam no terreno,não se respeita nada msm,passam em cima de tudo,literalmente…

    1. Eu estava observando a mesma coisa…o ser humano é um bicho daninho mesmo!Poderiam muito bem aproveitar até o muro, colocando uma grade pra ficar…vá lá…mais “seguro”.
      Um belíssimo conjunto de árvores que poderiam embelezar o paisagismo que deverá ser feito no condominio, edificio, futura garagem de carros…sei lá”
      Realmente é uma pena.
      Fiquem com Deus!

  4. Fico imaginando quantos “presentes” os funcionários e políticos responsáveis ou envolvidos em autorizar a derrubada de um imóvel de tão bela arquitetura e em tão bom estado de conservação, sem contar com as arvores e vegetação, ganham dos incorporadores. Será que o senhor Carlos Pinto é tão insensível ao ponto de permitir tamanha maldade com a história de uma cidade, sem ao menos, ganhar de presente um apartamento? Se fosse morador da cidade iria procurá-lo para, ao menos, ouvir uma explicação. Pensei em enviar um e-mail para o endereço do digníssimo secretário no gabinete-secult@santos.sp.gov.br, mas estou acostumado a perder meu tempo, para depois sequer receber uma resposta, visto que esses senhores que deveriam nos defender, não se importam nem em dar satisfação de seus atos. Realmente fiquei triste com essa matéria.

    1. Meses atrás fiquei chocada com a mutilação criminosa das árvores na Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, R. Dr Artur Assis 47. Fui desestimulada por um vereador meu conhecido a denunciar porque, segundo ele, um dos diretores da associação é irmão do Secretário do Meio Ambiente. Não temos a quem recorrer; a autoridade é o inimigo. Mas a divulgação dos maleficios publicos causados por quem vive do dinheiro público é a nossa esperança. Viva a internet! Vamos tornar famosos esses piratas travestidos de “excelências”.

      1. Oh Cristina, belo vereador esse seu conhecido! Ele foi agraciado com Mandato Popular para defender o cidadão e a cidade e é assim que ele “luta” ? É um fraco, omisso e conivente, assim como a maioria nessa Câmara Municipal de Santos, repleta de idiotas que lutam por rechear seus bolsos, nada mais!

        1. Quem são os vereadores de Santos diante dos peixões? Pois não veio o Gilberto Miranda do Amazonas tomar duas ilhas no porto sob as barbas de todo mundo? O Brasil é um estado pirata e a gente precisa aprender a se defender.

        2. Com um legislador municipal como este quem precisa de inimigos?

          Parece a máfia: o vereador “aconselhou” a colega de blog a não se intrometer nesta questão, uma vez aconselharam o Chico Mendes a parar de denunciar as madeireiras na amazônia mas ele não deu ouvidos, o resto da história todos sabem…..

  5. O prefeito Paulo Wiazowski Filho (DEM) concorrerá à reeleição. É algo previsto desde antes de ter tomado posse, em janeiro de 2009. Por que, então, assumiu, em fevereiro, a presidência do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb)? A pergunta tem cabimento porque este é um ano eleitoral. Paulinho, como o eleitorado também o conhece, tomou posse no Condesb há pouco mais de três meses e, nesta terça-feira (22/5), afastou-se. O que poderia ter desenvolvido em um período tão curto? Não imaginava que sua passagem pelo cargo seria tão breve? Agora, está à frente do órgão o superintendente regional da Sabesp, João César Queiroz Prado, que representa o Governo Estadual no conselho. Mas a atitude de Paulinho contém algo louvável: o fato de reconhecer que, num período tão complicado quanto um ano com eleições municipais, não daria conta de administrar sua cidade, buscar de novo o voto popular e comandar um órgão tão complexo quanto o Condesb. Portanto, o prefeito está afastado do conselho até outubro, quando as eleições tiverem passado e independentemente do resultado das urnas. Alguns dirão que ele está mais preocupado com seu futuro político; outros talvez achem sua atitude responsável, por admitir as próprias limitações.

  6. É realmente lamentável a postura desses órgãos, que muitas vezes não atuam com o zelo necessário na defesa da memória das cidades.
    Cai mais um belo casarão, ergue-se mais um prédio horroroso que, no mais das vezes, é de todo incompatível com a estrutura local e torna a vida dos moradores tradicionais do bairro um inferno.
    O consolo é que, graças a gente como você, esse passado sobrevive, ainda que como registro fotográfico.

  7. Conheci muito bem esta casa, morei ali perto. Ao lado dela, hoje tem um restaurante chamado Point 44, neste terreno de esquina havia um antigo hotel de uns 8 ou 9 andares, chamado Gironda. Foi a primeira implosão da cidade, ainda no final da decada de 80. O predio estava abandonado. Quem tiver curiosidade, procura no google. Aquela região, sempre foi icônica, repleta de hoteis e casarões, iclusive o famoso Parque Balneario, demolido no final da decada de 70. Uma dica, acessem o http://www.novomilenio.inf.br – lá vcs vão encontrar muitas fotos antigas e histórias da baixada santista. Inclusive essas que acabei de citar.

  8. A região do Valongo é outra região visada pelas empreiteiras ou melhor pela Petrobrás. Vários imóveis dessa região já estão sendo destruídos.

  9. Quisera eu ter dinheiro para comprar todos os belos imóveis antigos de nossa cidade. Quanto ao CONDEPASA, ouço dizer que alguém levou dinheiro para liberar tal tipo de demolição. Será verdade ? Eu não seria tão inferior à me vender fosse pelo milhão que fosse, mas, aí sou eu… quanto aos outros não posso dizer.

  10. Isso tem nome: Capitalismo + Propina + Impunidade;

    Mas, o Capitalismo segue o seu curso, o problema é a propina que gera o ato administrativo ilegal aliado a impunidade.

    Como era lindo o casarão e as árvores mais ainda.

  11. Quanto será que custa uma declaração do poder público no sentido de “nada opor” à ganância destruidora das construtoras?

  12. Durante toda a vida, especialmente minha infância, sempre que passava por essa rua, alias caminho obrigatório para minha asa, contemplava esse casarão. Já adulto me orgulhei de vê-lo bem conservado. Çertamente uma decisão política ($$) reverberou os interesses da cidade que, excuidos os bons cidadãos, se efetivou! Pena… Logo estaremos mais distantes ainda de nossas referencias históricas e da nossa essência de cidadania!

  13. A questão que se coloca na verdade é que quando ocorre o tombamento os Órgãos de preservação são taxados de tiranos, burocráticos e insensíveis. Quando não tomba é por conta de interesses escusos, realmente o papel de estilingue é bem cômodo.

  14. A questão é que infelizmente quem trabalha mesmo no CONDEPASA e se interessa pela preservação nada pode fazer, pois quem da a palavra final é o Conselho. Um “Conselho” cheio de interesses próprios e com apenas um arquiteto, desse jeito fica fácil conseguir o que quiserem. Foi pedido o tombamento desta casa mais de uma vez e foi sempre negado pelo “Conselho”. Justificativa: “Imóvel isolado, sem contexto com o enterno, não criando desta forma conjunto arquitetônico que represente a época” A verdade é que o único motivo é que o imóvel se encontra no coração de um dos bairros mais valorizados da cidade.

  15. UM IMÓVEL CONSERVADO E UMA MEMÓRIA VIVA! MUITAS VEZES FUI PARA SANTOS SOMENTE PARA ADMIRAR AS CONSTRUCOES ANTIGAS. NAO VEJO NENHUMA EVOLUCAO NA DESTRUICAO DO QUE DEVERIA SER UM PATRIMÔNIO CULTURAL. AS CONSTRUCOES ATUAIS MOSTRAM O QUE OS HUMANOS SE TORNARAM EM TODOS OS SENTIDOS: FRIOS E VAZIOS

    1. Agora, em Santos, o próximo passo dos destruidores inconsequentes será derrubada das árvores frutíferas do estacionamento da Pinacoteca Benedito Calixto, para a construção de mais um monstrengo de concreto que será o Museu de Arte da cidade.

  16. Esta belíssima residencia,realmente não precisava ser demolida.Eu conhecia cada pedaço desta casa,pois passei grande parte de minha infância nela.Na verdade morava ao lado no Hotel Gironda,o primeiro edificio a ser implodido aqui na baixada.Então para mim foram duas perdas lastimáveis que jamais vou poder resgatar, que somente na memória ei de guardar.Eu era amigo dos filhos desta família ilustre que ali residiu durante muito tempo.Trata-se do não menos conhecido Dr.Joaquim Livramento,oculista como assim era chamado na época.Isto era meados dos anos 60/70.Grande época,onde as criânças estudavam e brincavam de verdade,claro sob vigilância dos pais,babás ou governantas.Muito legal,mas vou me conter aqui,senão não vou parar mais de contar histórias desta época maravilhosa.

  17. Eu passei boa parte de minha infância nesta belíssima residência,conheço cada pedaço dela.Era amigo dos filhos de um família tradicional que morou muito tempo neste imóvel.Trata-se do Dr.Joaquim Livramento,conhecido e respeitado oculista,como assim era chamado na época.Na verdade morei ao lado desta casa, no Hotel Gironda.A implosão do Hotel e a demolição desta mansão são coisas que jamais poderei resgatar a não ser lembranças que ei de guardar em minha memória.Era meados dos anos 60/70,época maravilhosa,onde criânças estudavam e brincavam de verdade.Mas vou me conter por aqui,senão muitas histórias poderia contar deste Gonzaga maravilhoso que era e ainda não deixa de ser.Obrigado

  18. Parabéns pelo trabalho Alexandre. 🙁 Uma tristeza ver esse Órgão nas mãos de inconseqüentes.

  19. Todo o prazer de andar a pé por essas e outras ruas de Santos, tão sómente para apreciar essas casas antigas maravilhosas, e saber depois de tantos anos que muitas delas não existem mais …… e a administração pública não percebe que esses marcos arquitetônicos seriam pontos turísticos em potencial ???

  20. Que dó!
    A verticalização das cidades, a meu ver, é como um câncer. Não gera benefício algum, porém traz mais caos urbano, esgoto, lixo, e gente, um amontoado de gente.
    Absurdo arrancarem todas aquelas lindas árvores.
    Sofro ao ver tais imagens e saber que isso ocorre em todo lugar devido à especulação imobiliária desmedida.
    Muito obrigado pelo compartilhamento dessas memórias.

  21. O proprietário tem naturalmente o direito de vender o que lhe pertence, mas cabe a prefeitura verificar se existe logística de trânsito, inclusive vagas de estacionamento, para o espigão erguido.
    Existe rede de esgoto para tantas unidades?
    A prefeitura arrecada, cada vez mais impostos e a qualidade de vida como fica?
    E a memória histórica do município não merece ser preservada?

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