Cine Nilo

Houve um tempo em que a cidade de São Paulo ela repleta de cinemas de rua, trazendo uma diversão mais próxima dos paulistanos, sem que este fosse obrigado a entrar em shopping centers para poder assistir filmes. Hoje poucas destas salas de exibição na rua sobrevivem em atividade, muitos foram demolidos e vários outros foram adaptados para outras finalidades como por exemplo templos evangélicos ou salões de festa.

Aqui vamos relembrar de um cinema muito conhecido na zona sul da capital que, apesar de não estar mais funcionando como sala de exibição há anos permanecia de pé. Contudo foi demolido em 2023: o Cine Nilo.

Inaugurado em 1955 o cine pertencia originalmente a Jorge Lufti. Para a inauguração foi preparado um evento especial, com uma festa restrita a amigos do proprietário. A primeira exibição do Nilo foi uma série de curta metragens. A inauguração ao público foi no dia seguinte ao evento, ou seja, em 14/12/1955, com os filmes Mogambo (1953) e Brincando com Fogo (1954).

O cinema manteve-se em atividade por algumas décadas, sendo que em 1972 recebeu uma reforma que trouxe adequações ao espaço em conforto e segurança. Posteriormente com a decadência que atingiu a todos os cinemas de rua na capital paulista foi fechado e nesse período foi um clube chamado Britânia (anos 1990) e uma igreja evangélica.

Abaixo fotografias do cinema na década de 1955, extraída da revista Cine Repórter (clique para ampliar):

Abaixo as fotografias tiradas entre 2010 e 2016, quando o cinema já se encontrava sem sua atividade inicial:

Enfim, a demolição:

Em uma cidade que não para como São Paulo era questão de tempo que um edifício já precário e ocioso sucumbisse à especulação imobiliária. E foi o que aconteceu no meio desse ano, quando o imóvel que outrora abrigou o Cine Nilo fosse vendido e posteriormente demolido.

O leitor Lucas Santoro acompanhou a demolição e enviou as imagens abaixo. Repare na última imagem, que revelou uma publicidade de um depósito que estava oculto desde 1955, um verdadeiro achado.

Enfim o cinema que muitos assistiram a filmes e até a shows de auditório não existe mais e fica agora apenas na memória de seus frequentadores. Uma pena.

Dados técnicos:
CINE NILO

Avenida Jabaquara, 123 – Saúde
Inauguração: 14/12/1955
Capacidade (inicial): 1200 lugares
Projeção: Philips (vide foto 4 da primeira galeria)
Reforma: 1972
Proprietário: Jorge Lufti – Empresa Cine Nilo LTDA
Status atual: Demolido

O Cine Nilo no início da década de 1990 quando no local funcionava o clube “Brittania” (clique para ampliar)

Bibliografia consultada:
Revista Cine Repórter – edição de 24/12/1955 pp 13, 14 e 15
A Gazeta Esportiva – edição de 4/12/1957 pp 14
Salas de Cinema de São Paulo – Link visitado em 19/10/2023
Fotos extras: Lucas Santoro e Beto Lufti

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9 respostas

  1. O post é excelente, mas não traz uma informação fundamental, o endereço do Cinema Nilo (só menciona, genericamente, a localização na Zona Sul da capital): ficava, se não me engano, na Av. Jabaquara!

      1. Douglas será possível localizar um segurança dos anos 60 do cinema só sei o primeiro nome João…. parece que ele é meu pai biológico que eu procuro há 50 anos!?

        1. Olá!
          Você teria que encontrar quem guardou os registros funcionais da empresa, torcer para que ele ainda existam e também torcer para que esse segurança tenha sido registrado na época.

    1. Av Jabaquara, continuaçao da Domingos de Morais, esquina com a Luis Goes, Mirandopolis. É meu bairro e ultimamente tanta coisa esta sendo demolida que às vezes na correria do dia a dia não percebemos. O predio ao lado tb é iconico. Mas aqui vai uma info: alguns quarteiroes para frente, Praça da Arvore, ha outro predio q tb foi um cinema, cine Estrela, hj é um bingo, porém, ja ouvi conversas que foi vendido e será demolido, se o Douglas tiver interesse em registrar, em tempo, Mirandopolis tem muitas casas antigas

  2. Nessa região havia também o Cine Jamor. Em 1989 assisti lá o filme Batman. Acho que foi também a última vez que eu ví um cinema com poltronas de madeira.

  3. O Brasil não possui uma cultura cinéfila como a americana, o que explica e muito a derrocada do gênero – que lá não sucumbiu à chegada da televisão apenas porque reinventou o seu modelo de negócio, com a produção de blockbusters e franquias, e com a ruptura do star system, regime pelo qual os atores eram contratados pelos estúdios e recebiam salário mesmo quando não estavam filmando, a exemplo do que a Rede Globo fazia até recentemente -, some-se a isso a decadência de determinadas regiões como a central por exemplo e o palco está armado para o fim do setor, onde apenas o Marabá resiste heroicamente no coração da famigerada cracolândia, sendo apenas uma pálida sombra daquilo que um dia já foi e uma caricatura decrépita de si mesmo, lembro-me que quando criança a minha mãe levava eu e o meu irmão duas vezes ao ano nas férias escolares, para assitirmos aos filmes dos Trapalhões, o blockbuster tupiniquim, em alguma sala do centro como Olido ou o Marrocos, se não me engano o último filme que assisti num cinema de rua e no centro foi o primeiro filme da franquia do Batman (nossa, estou ficando velho!). Abominável mundo novo.

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