Estação Rodrigues Alves

Quando as pessoas lembram de estação ferroviária na cidade de São Manuel, no interior do Estado, todos imediatamente remetem seus pensamentos para a conhecida estação localizada no núcleo urbano da cidade. Porém, poucos sabem da existência de uma segunda estação bem afastada do centro da cidade, praticamente perdida no meio do nada, a Estação Rodrigues Alves.

Encontrá-la não foi fácil para mim e para Ralph Giesbrecht, parceiro e criador do maior site especializado em ferrovias do Brasil, o Estações Ferroviárias. A resolução do mapa do Google não aproxima o bastante na área e sinal de celular falha bastante no local, então por duas vezes ficamos presos num labirinto de canaviais.

Até que descobrimos uma nova estrada, totalmente pavimentada que nos levou a remota e inesquecível fazenda Simão (também conhecida como fazenda Saltinho) e consequentemente à sua vizinha, a Estação Rodrigues Alves.

A Fazenda Simão está em fase de restauração. Ela fica ao lado da estação.

Chegar ao local é como fazer uma viagem no tempo, temos a impressão que estamos em um lugar muito distante em nosso passado, de tão pequena que é a pequena vila em torno da fazenda, com casinhas pequenas, simples, mas realmente muito conservadas, preservadas. A própria casa da fazenda, um colosso do passado glorioso paulista, está em fase de restauração. No passado, na virada do século XIX para o século XX este casarão ostentava no teto uma gigantesca cúpula de vidro.

Porém, ao encontrar a Estação,que obviamente não pertence ao pessoal atencioso da fazenda, voltamos rapidamente ao presente e a dura realidade que se encontra o patrimônio histórico brasileiro e grande parte da estações ferroviárias nos dias de hoje: o completo abandono.

Muito mato, lixo e descaso nesta construção de 1926.

A estação, que leva o nome do ex-Presidente da República Rodrigues Alves, foi inaugurada nos idos de 1897 e seu prédio atual que ainda resiste bravamente é de 1926.

O mato alto que estamos vendo na foto acima é de longe o menor dos problemas. A estação que está esquecida há muitos anos foi bastante delapidada, seu piso de madeira foi removido, o interior do armazém está repleto de pichações, lixo e o forro do teto nem existe mais. O telhado está com inúmeras telhas faltando e a plataforma de embarque da estação está parcialmente destruída devido ao alargamento do leito da ferrovia, proporcionada sem qualquer preocupação histórica pela ALL (sigla para América Latina Logística).

O próprio lema da empresa, “A gente nunca para” , serve para nos mostrar que realmente eles não param mesmo. Nem de destruir e muito menos para olhar o estrago que fizeram. O poder público ? Não se importam! Afinal, alguém acha realmente que irão restaurar uma estação em um lugar que quase ninguém vê ? Se ninguém irá ver, não dá voto. Infelizmente é esta a filosofia que impera em nosso Brasil, que cada vez mais observa sua memória, sua cultura, serem apagadaspor aqueles que deveriam preservá-la.

No mesmo local, existe uma pequena casa, que provavelmente é anterior ao ano de 1926, do lado oposto ao da estação, que também está abandonada e que provavelmente foi alguma residência de chefe de estação ou algo do tipo, é uma linda construção (vejam nas últimas fotos da galeria abaixo).

Saibam mais sobre esta antiga estação (e muitas outras), visitando o maior banco de dados de estações ferroviárias do Brasil:

Conheça outras estações catalogadas aqui no São Paulo Antiga:

Veja mais fotos da estação (clique na miniatura para ampliar):

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17 respostas

    1. O problema não é só a estação, some-se também os centenas de milhares de km de trilhos abandonados pela ALL e outras empresas… dinheiro público jogado no lixo…

      Já conversei com moradores, vizinhos de várias estações, diziam que na época da RFFSA todos os trilhos e estações eram tratados de maneira impecável. Inclusive, haviam funcionários para podar a grama, ou o capim, que crescia ao redor dos trilhos. Agora… quem conhece a situação da rede pós-ALL sabe que o negócio tá feio, pra não falar outra coisa…

      1. Governos que não preservam a História não se importa com o presente e o futuro.

  1. caro Ralph, ha muito tempo tento entrar em contato contigo,mas não cvonsigo, espero q seja desta vez, tenho algumas imformações para vc, em sua página sobre estações, aqui em mato grosso do sul, vc diz sobre mario dutra, não haver mais trilhos,mas a única estação q não possui trilhos é somente a central, pois em mario dutra ainda tem uma ponta da antiga linha principal q a liga de indubrasil ao km 903, (transporte de combustível)e a outra ponta, lagoa rica a manoel brandão(armazéns de soja) ainda funcionam,espero tê-lo ajudado.

  2. Priemeiramente parabéns pelo site, tenho paixão pela São Paulo antiga.
    Segundo, chorei ao ver as fotos. Aos poucos nossa identidade vai se apagando dando lugar aos grande empreendimentos capitalistas.
    Um país sem historia é um país sem dono, onde todos fazem o que querem e como querem.
    há um descaso das autoridades públicas? sim há! porém tanto quanto as mesmas somos nós o povo culpado por tais descasos. Deixamos nossa sede de dinheiro falar mais alto.
    Como pode um povo protestar sem conhecimento de sua propria hitória ou origem?
    Depois ficamos surpriendidos com a velha Europa que tem cada pedaço de sua existencia preservada; sendo que aqui poderiamos ter muitas maravilhas preservadas também.
    Viva o avanço da tecnologia, viva as construções rodoviarias para nossos potentes carrões, viva os Shoppings, viva os condominios de Luxo (que principalmente no bairro da Mooca onde nasci) tomam conta de todo espaço aprisionando com um sençassão falsa de segurança, sua nova classe media.

  3. moro muito perto dessa fazenda,posso comprovar com certeza que a destruicao esta acabando com o nosso patrimonio historico tenho muitas fotos,de vez em quando vamos visitar Rodrigues Alves e regiao onde minha mae morou e muito triste e descepcionante!!!

  4. Me deu uma dor no coração, trabalhei na Fepasa e algumas vezes ia “dar folga” nessa estação, ela ainda funcionava e estava relativamente preservada, o chefe morava na casa anexa, na casa em frente morava um manobrista, e o armazém era lotado de sacas de açucar, mais adiante haviam casas abandonadas da época em que ali era um grande entreposto. Para chegar até lá descia à noite na rodovia e pegava uma estrada asfaltada à pé uns 3km até a vila da fazenda próxima da estação onde havia um prédio de uma Pharmacia. Nessa vila moravam várias pessoas e de manhã passava um onibus que me levava até são Manuel….

  5. Realemte presenciar o site da São Paulo Antiga..é uma viagem no tempo..um prazer imenso!
    Douglas..mais uma vez te parabenizo pelo trabalho..além de ter que conformar com tamanho descaso..
    Mais este seu trabalho ao mesmo tempo que fará muita gente desconformada..fará muita gente viajar no tempo..o melhor..de graça!
    Um abraço!

  6. Meu pai era aposentado da extinta Fepasa,lembro-me quando levava almoço para ele na estação de Adamantina,era um movimento na estação!!,trem chegando e saindo,vários trens de carga movimentavam os trilhos daquele lugar,os vagões de passageiros eram de madeira porém confortáveis,o tempo passou a população ficou de cabelo branco e não mais pagavam passagens e o go$ver$no$$ achou por bem acabar com esse meio de transporte formidável q ficou na lembrança de muita gente.

  7. Rever a Estação de Rodrigues Alves me causou uma volta ao passado, quando estudei na escola daquele lugar. Ali fiz o antigo primário, o catecismo e tomei muitas injeções naquela “pharmácia” . Quantas saudades!

  8. E pensar que há cerca de 20 anos tínhamos uma formidável e extensa rede de trens de passageiros ligando praticamente o estado inteiro. Por ser um serviço naturalmente deficitário, a CPTM deveria estudar uma maneira de reativar estas linhas que seriam ainda hoje muito úteis à população.

  9. Morei neste lugar muitos anos. Estudei com a Maria Cristina e seu irmão Cesar . Eles vinham para a escola de charrete Quanta saudade. Meu pai tinha uma oficina de ferreiro. Existia uma agência dos correios, farmácia, armazém, era bem movimentado o lugar. O farmacêutico chamava-se Domingos Bergamasco e ainda vive felizmente. Quantas brincadeiras, pescarias, travessuras. Que bom que eu vivi neste lugar.

  10. Sabe como cheguei até esse site? Fazendo pesquisa sobre meus avós que veio de Malága na Espanha em 1910 e consegui depois de um ano de pesquisa encontrei os registros do navio France que eles vieram e os registros da chegada na hospedaria de Santos, então no registros está anotado que eles desembarcaram nessa estação em 1910 no município de São Manoel, com destino a Fazenda Itaoca de propriedade do Dr Sergio Meira. Só consegui chegar ate aqui, se alguém conseguir mais informações sobre a fazenda, agradeço a ajuda na minha pesquisa. Vanusacorreiachaves@gmail.com

  11. Eu sou dono dessa estação eu estou d volta Francisco de Paula Rodrigues Alves

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