Sobrados Populares de Gregori Warchavchik

Texto e fotografias: Wilson Natale


Conhecido principalmente por ter concebido a Casa Modernista, Gregori Warchavchik também direcionou seu talento para a construção de casas populares.

Uma de suas criações é pouco conhecida dos paulistanos e está em pleno bairro da Mooca na rua Barão de Jaguara. Trata-se de um conjunto de sobrados geminados construídos em 1929 e que, a exceção do sobrado de esquina com a rua Odorico Mendes, permanece igual com apenas algumas poucas alterações padronizadas nas portas e janelas. Pode-se dizer que apesar destas mudanças, as casas estão bem próximas ao projeto original.

As residências da Rua Barão de Jaguara em 1929 (clique para ampliar).

Ao que consta, os moradores possuem um acordo informal e o local funciona como uma espécie de condomínio, com regras para manter os imóveis iguais uns aos outros. Todas as fachadas são pintadas da mesma cor, a numeração das casas usam o mesmo material e padrão, todas as janelas do andar superior foram trocadas por esquadrias de alumínio do mesmo estilo. As janelas inferiores receberam grades padronizadas para maior segurança dos moradores e as portas de todos os sobrados foram substituídas por outras e colocadas em perfeita harmonia. A decoração da porta de um sobrado complementa o desenho da porta do sobrado seguinte.

Confira outras imagens das residências (clique na foto para ampliar):

Compartilhe este texto em suas redes sociais:
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Siga nossas redes sociais:
pesquise em nosso site:
Cadastre-se para receber nossa newsletter semanal e fique sabendo de nossas publicações, passeios, eventos etc:
ouça a nossa playlist:

21 respostas

  1. Temos nossa rua modernista também na Mooca, não apenas na Vila Mariana, cujas casinhas, mais arrojadas e Bauhaus do que essas, ficam em frente aonde hoje é o Museu Lasar Segall, antiga residência desse pintor lituano que era cunhado do arquiteto modernista, que também morava por lá, no hoje Parque Modernista, na R. Santa Cruz.

    Se as fotos são recentes, fico contente em saber que ainda estão de pé, pois as últimas notícias que havia recebido é de que estavam sendo destruídas. Que bom que não. Merecem uma visita.

  2. Em tempo: o Parque Modernista nada mais é do que a Casa Modernista, de Warchavchik, local aonde morava com sua esposa, Mina Klabin Segall, paisagista que procurou reproduzir um pouco de nossa autêntica flora brasileira nos jardins que hoje fazem parte do Parque Modernista, mas já bem descaracterizados.

  3. Não sou paulistana, mas amo São Paulo, moro no interior, e achei muito interessante esse artigo, sobre a união dos moradores na padronização dos sobrados. Não precisa morar em condomio fechado para se ter uma padronização agradável aos olhos.

  4. Essas esquadrias de alumínio são medonhas! Mas… assim, todas em simetria, equilibradas, até que ficam suportável… Obrigado por conhecer esse importante detalhe paulistano, que eu ignorava. Abraços e parabéns!

  5. Beth: As fotos são desse ano (2009).
    Brito: As pessoas que residem nos sobrados são todos de classe média, de pouco poder aquisitivo. E o melhor para eles foi colocar as janelas de aumínio. O bom é que não diminuíram, ou aumentaram as dimensões das janelas. Estão nas suas dimensões originais. Pior foi o dono do sobrado da esquina da Rua Dom Bosco que o descaracterizou completamente.

    1. Olá Brito,as casas foram completamente descaracterizadas,as janelas eram maiores,janelas antigas,as portas eram aquelas de duas partes,com veneziana,eram totalmente diferente,porém a imobiliária a fim de valorizar os imovéis,fizeram essa reforma que foi o fiasco do ano. essas casas todas tinham porão,quintal de terra,que hoje não existe mais.

  6. Quando criança sempre passava em frente a estas casas. Achava bem diferente e não imaginava ser tão antigas…

    Douglas, você precisa registrar a antiga fábrica da Lenços Presidente entre as ruas da Moóca. Barão de Jaguara e Av. Alcântara Machado (isso é se ainda estiver em pé).

  7. Eduardo Britto, Leio esse seu comentário sobre as “medonhas” esquadrias de alumínio e percebo o quanto as crianças da geração dessas janelas são mais felizes. Passei a minha infância prendendo os dedos naquelas janelas bizarras de madeira que se abriam para o lado de fora da casa.

  8. Fico contente que as casas estejam de pé mas, ao mesmo tempo, fico triste com o tipo de intervenção que foi executada.
    Infelizmente, a troca de janelas e portas e a aplicação de textura descaracterizam as fachadas, embora a implantação e, acredito, a planta ainda estejam mantidas.
    Acredito que eu tenha as fotos das casas antes desta reforma, onde é possível verificar a diferença.

  9. Tb concordo com as opiniões anteriores sobre as janelas de alumínio. Acho que só deveriam ser usadas em projetos onde eram originalmente previstas. Uma das coisas mais escabrosas em Sp é ver aquelas casas antigas com as malditas janelas de alumínio.O conjunto da Mooca está uniforme, porém as alterações o deixaram muito “comum”.

  10. O arquiteto russo Gregori Warchavchik chegou ao Brasil, em 1923, pouco depois da Semana de Arte Moderna. Ele também compartilhava das idéias modernistas trazidas por aquele movimento e que chocaram nossa sociedade.
    Warchavchik chegou a São Paulo a convite da Companhia Construtora de Santos, dirigida por Roberto Simonsen. De formação européia, o arquiteto, na primeira fase de seus trabalhos, não realizou projetos de uma arquitetura genuinamente brasileira. Mas contribuiu para o surgimento de uma cidade bem diferente daquela do início dos anos 20. Foi o pioneiro da arquitetura moderna em São Paulo e no Brasil. Ele queria que as construções da cidade refletissem a sociedade industrial que estava surgindo. Acreditava que, no futuro, seria possível construir casas como peças industriais : em série. Com esse espírito, construiu em 1929, essa série de casas econômicas na Rua Barão de Jaguara, na Mooca, destinadas a operários. Essa nova arquitetura rompia com a hierarquia das residências da época criando um modelo que passou a ser seguido em muitos outros bairros de São Paulo.

  11. Kelly Lima, a senhorita me conheces de algum lugar? wanderson Marçal, fã do Rubens barrichello, blogueiro, etc.,?

  12. Tem um prédio interessantíssimo do Warchavchik na alameda Barão de Limeira, 1003, datado de 1939, infelizmente em péssimo estado de conservação. Mesmo assim merece uma visita. Esse prédio foi construído pelo arquiteto para sua esposa, Mina Klabin Warchavchik (provavelmente para locação) e o projeto é muito bonito, com uns terracinhos curvos cheios de bossa na fachada. Vale a pena ver.

  13. Minhas desculpas, mas não entendi. Não se pode dizer que o conjunto “permanece igual com apenas algumas poucas alterações” O conjunto está muitíssimo descaracterizado. As linhas são muito simples, e com as alterações não sobrou quase nada. Desculpas novamente, mas não se pode ser complacente com esse tipo de alteração!

  14. Apesar de descaracterizados ainda cumprem bem suas funções, e isso que importa, não estão deteriorados nem servem de cortiços.

    Mais uma sugestão agora sobre sobrados germinados é essa aqui http://goo.gl/maps/jFpAm no começo da Rua Estéfano, perto do Lg. do Cambuci, 18 sobrados bem conservados, alguns descaracterizados mas vários ainda com a fachada original.

  15. As janelas pequenas de alumínio (realmente medonhas!) e as novas portas descaraterizaram muito o projeto. As portas e janelas originais eram belíssimas! Também fiquei triste de ler que a parte de terra no quintal e o porão já não existem mais. Os meus avós tinham uma parreira linda no quintal deles. Eles moraram no número 328 por mais de 50 anos, passei boa parte da minha infância aí. Agora toda vez que passo na frente sinto tristeza pela reforma mal efetuada. Infelizmente, o tombamento chegou depois da reforma.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *