Municipal Hotel

O que no passado era sinônimo de elegância, hoje é a marca do abandono. A região da Avenida São João compreendida entre o Vale do Anhangabaú e o Largo do Paiçandú já foi ponto dos mais elegantes hotéis da capital paulista, e que até hoje são lembrados pelos paulistanos mais antigos. São os hotéis Central, Britânia e Municipal. Destes três, abordaremos o último.

Divulgação

O Municipal Hotel fica localizado na Avenida São João esquina com a Conselheiro Crispiniano e é uma das mais belas obras arquitetônicas do centro de São Paulo. E está no que podemos dizer que é a quadra mais charmosa que existe nesta avenida, uma vez que desde o edifício dos Correios, passando pelos Hotéis Central e Britânia e o Prédio Oscar Rodrigues até chegar ao Municipal, são todos eles vizinhos geminados.

Por ali, são os poucos edifícios da fase antiga da Avenida São João que, tombados, sobrevivem mesmo que a duras penas.

Municipal Hotel, à esquerda, em fotografia de 1940, tempos áureos (clique para ampliar).
À esquerda, o Municipal Hotel ainda em operação em 1961 (clique para ampliar).

O Municipal Hotel foi construído no período imediatamente após o alargamento da velha rua de São João, que viria a tornar-se a Avenida São João. Se hoje este quarteirão ainda encanta aos amantes da arquitetura antiga, imaginem o mesmo local em meados dos anos 1920, quando a Avenida São João tinha ares que lembrariam ao viajante as mais charmosas vias de Buenos Aires, Paris ou mesmo Montevidéu.

Representante da arquitetura francesa típica do século XIX, o edifício do Municipal Hotel está atualmente fechado e ocupado apenas em seu nível térreo. Mesmo assim, continua mantendo-se razoavelmente conservado.

clique na foto para ampliar
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E a história deste prédio nos remete a outro edifício, bem longe dali mas igualmente belo e muito representativo para a arquitetura da Cidade de São Paulo, embora poucos são os paulistanos que o conhecem.

Na fachada do hotel, é possível notar um pequeno detalhe onde é mencionado o dono original desta construção, vejam:

O edifício pertenceu ao extinto Cotonifício Paulista (clique para ampliar).

A referência indica que o primeiro proprietário foi o extinto Cotonifício Paulista. Localizado na Avenida Celso Garcia o antigo cotonifício está fechado há décadas. Isso não impediu que a empresa deixasse de herança para a capital duas belíssimas obras arquitetônicas, o Municipal Hotel em estilo Napoleão III e o prédio do próprio cotonifício em Art Déco.

Cotonifício Paulista (1921) na Av. Celso Garcia, fachada está deteriorada (clique para ampliar).

Os recursos para a construção do magnífico hotel da Avenida São João, muito provavelmente vieram dos dividendos obtidos pelo Cotonifício Paulista. À época (anos 20), era um dos ramos mais lucrativos e dinâmicos da indústria da capital paulista. Não sabemos se os dois prédios ainda pertencem a herdeiros da antiga empresa.

Assim, levantamos a história deste importante hotel paulistano do passado. Mais um entre tantos outros que estão espalhados e abandonados pela região central da capital, esperando por uma reestruturação que traga mais tranquilidade, segurança e principalmente mais turistas que se hospedem na região do centro velho da Cidade de São Paulo.

E que não esqueçam de restaurar também o prédio do Cotonifício Paulista!

Saiba mais:

Veja outra foto do Municipal Hotel:

ATUALIZAÇÃO 11/02/2020

Desde que se iniciaram as obras de reformulação do Vale do Anhangabaú, o Municipal Hotel também recebeu intervenção e está no momento recebendo uma recuperação estrutural em seu interior. Ao que indica o imóvel será restaurado mas não recebemos ainda confirmação do que será feito do lugar quando concluído.

Conforme as novidades forem surgindo iremos atualizar este artigo. Por enquanto fique com esta foto recente:

foto realizada na primeira semana de fevereiro/2020 (clique para ampliar)
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29 respostas

    1. Belíssima foto, Alexandre!!! Verdade, não mudou praticamente nada.
      Hoje precisaria pintar, graças a Deus não há pixação e que continue assim!

  1. Belo achado essa inscrição no Hotel Municipal, que vai enriquecer meu arquivo com detalhes desse local. Em 1910, com a Sao Joao ainda estreita, ali estava a Confeitaria Central. Em 1918 a obra com tapumes em fase final. vlw.

    1. Olá, a foto dos tapumes em fase final é de 1916, se não me engano foi este o ano de sua inauguração.

    2. Olá João, boa tarde. Estou fazendo uma pesquisa sobre o edifício e gostaria de saber se você conseguiu confirmar essa data de inauguração do Hotel, assim como o nome de seu(s) arquiteto(s). Estou tentando achar as plantas do prédio e preciso dessas informações.
      Obrigada.

      1. Bruna! você conseguiu mais informações? também estou fazendo um trabalho e está difícil achar dados! se você puder entrar em contato eu agradeceria muito

        1. Oi Manoella. Eu achei algumas informações em uma tese da Usp, que diz que a data de inauguração é 1920 e que o nome do proprietário é Dante Lazzeroni, mas não sei se isso é atual… o nome do arquiteto (que eu também precisava) não estava lá. Espero que te ajude de alguma forma e, caso você encontre informações sobre quem projetou/construiu o Hotel, por favor me avise rsrs.
          Obrigada.

          1. Olá Bruna, muito obrigada pelas informações! Vc sabe me dizer o nome da tese? Tem algum email/ rede social que a gente possa conversar? (Se não for te atrapalhar, claro!) muito obrigada viu?

          2. Olá Manoella,
            Me passa seu e-mail que eu te encaminho a Tese que encontrei, ok?
            Abraços.

  2. Nos entornos da Sé, se ve edifícios lindíssimos abandonados, esse quarteirão da São João também merece ser reestaurado e ocupado pelo comércio e entretenimento, não entendo, área nobre, só o aluguel de uma sala no centro é uma fortuna, e como pode, edifícios tão charmosos e de valor arquitetônico indiscutível nessa situação, estarem vazios, abandonados, é muito estranho, no final da rua Roberto Simonsen, sentido contrário ao Pátio do Colégio, tem dois edifícios germinados, que se restaurados, trariam um brilho especial a praça da Sé, São paulo ainda tem muitos edifícios maravilhosos, falta o poder público se aliar a iniciativa privada de forma mais contundente, formando assim uma parceria que salvará a história de São Paulo, espero que a tempo!!!

    1. A tática é a mesma usada por exemplo na região onde se encontra o minhocão.
      Como o lugar está desvalorizado, políticos e seus comparsas compraram praticamente tudo o que estava ali.
      E agora inventam a história de que o Minhocão é um estorvo para a cidade.
      Sempre os problemas como esse de prédios abandonados e de especulação tem políticos no meio.
      Pilham e destroem nossa história só para se mais ricos ainda.

      Bom essa é a minha teoria da conspiração sobre esse assunto.

  3. Eu concordo consigo, Rogério. Essa teoria da conspiração faz sentido quando notamos o súbito interesse das incorporadoras pelo Centro, na história recente, que, do nada, passou a ser um lugar atraente para morar, já há uma década, a classe média nem cogitava viver nessa região. Só na minha rua há 3 edifícios sendo construídos. Ao todo, cerca de 10 novos prédios devem sair. E o que acontecia antes? As famílias fugiam do Centro devido ao descaso total em relação à segurança, principalmente. Muitos imóveis foram tomados devido às dívidas com a prefeitura, muitos outros desapropriados. Agora eles entregam a preço de banana para as incorporadoras… E quem terá financiado a campanha do atual prefeito? Acontece que muitos dos que nos governam não são paulistas… Não valorizam a nossa História. Suas mentes estão voltadas para a Ásia Menor, para a Palestina e para o Egito.

  4. É…., nossa quanto eu caminhava quando garoto com meus pais e mesmo sozinho com meus amigos de infancia por ali, iamos ver bons filmes, (hoje só tem pornografia), fazer compras no Mappin! Nossa quanta coisa boa, e esta ai tudo degradado, tomado por bandidos, drogados, prostitutas….. Lastimável, as administrações municipais virarem às costas para marcos historicos da nossa amada São PAulo!

  5. Esse hotel atualmente, na data de hoje (04/05/2015) está invadido mais uma vez por esses movimentos de sem tetos. Há dois anos haviam invadido, foram retirados, o hotel ficou fechado alguns meses e, no final do ano passado, foi invadido novamente. O centro de São Paulo, com a prefeitura do PT, está um lixo! Área de ninguém, terra sem lei.

    1. Sem lei era se estivesse fechado tem gente morando lá, é melhor do que fechado abandonado, o governo devia restaurá e entregar para os novos moradores que ali estão

  6. Lindo este hotel, eu estive hospedada durante 1 semana no ano de 2002, NO II CONGRESSO DE PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSAO NA USP.

    1. Oi Jamille, tudo bem? Sou estudante de Hotelaria e estou fazendo um trabalho sobre hotéis históricos da cidade de São Paulo e gostaria de saber se voce se disponibilizaria para nos fornecer mais informações sobre a sua estadia, mas claro, se nao for atrapalhar.

  7. Alguém saberia me dizer o nome(s) do(s) arquiteto(s) que fez o projeto do Hotel? Estou tentando achar plantas e precisaria desse dado. O ano de inauguração realmente foi 1918?
    Obrigada.

  8. Douglas, trabalho próximo ao Hotel e estou percebendo uma movimentação de reforma, com redes e beirais de proteção, e aparentemente os cômodos que dá pra ver da rua estão desocupados.
    Vc sabe dizer se está sendo restaurado ou se foi desocupado?

  9. Eu passei em frente a esse predio no dia em que os invasores estavam saindo do local. Foi em junho ou julho deste ano (2016). Vi tb vários carros de polícia em frente e pequenos caminhões de mudança. Agora em agosto o prédio está em reformas. O que vai se tornar, não sei.

  10. Bom dia. Hospedei-me aí em 1993 para participar de um concurso público em Sorocaba (não sou de São Paulo). Vi num anúncio do Guia Quatro Rodas como um dos mais em conta e ainda recomendáveis no Centro. Pena não ter tirado foto de nada. Paguei com cartão de crédito naquelas máquinas com papel carbono. Nunca havia ficado num hotel tão antigo e o que me chamou atenção foi não ter elevador (salvo engano), o carpete com cheiro forte no quarto, portas e janelas bem grandes. Pilhas de listas telefônicas no quarto rsrs. O café era servido num salão no 2º andar virado para a igreja. Me sentia numa crônica de Nelson Rodrigues rsrs. No calçadão de dia havia muitos ambulantes vendendo de tudo o que havia. Também foi a 1ª vez que vi ônibus elétricos. Da janela via que quando o cabo se soltava, o motorista tinha que descer e recolocá-lo no lugar. Numa banca de revistas aí perto comprei uma Cruzeiro de 1958 que guardo até hoje. Boas lembranças.

    1. Meu que legal fui com meu tio pra sp. E ficamos ospedados por uma noite no hotel foi em 1996 ele quiz ficar la porque foi um,dos hoteis da lua de mel dele em 1960 fico feliz que estão restaurando ele quando for a sp. Vou dar uma olhada meu tio ja nao esta entre nós mais foi uma das viagem que fiz com ele muito special

  11. Sou do PR. Estive com meu tio em 1996 em uma viagem A SP. Ficamos hospedados aí ele falou que foi um dos hotéis da lua de mel deles achei legal que vão restaurar o prédio quando for a sp. Vou dar uma olhada

  12. Parece que não existe mais o gradil cimeiro da janela de esquina da mansarda, que é, se não me engano, revestida com telhas de ardósia preta.

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