Afinal, onde está sepultado José Bonifácio?

Considerado o Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva faleceu em Niterói, foi velado por quase 20 dias em uma igreja no Rio de Janeiro e enterrado na cidade de Santos. Porém, muitas pessoas que visitam o Cemitério da Consolação, aqui em São Paulo, entram em contato conosco intrigados com o fato de que encontraram no cemitério paulistano um outro túmulo de José Bonifácio. Como isso pode acontecer ?

Antes de explicar, vamos falar brevemente sobre o nosso Patriarca da Independência:

A história do Brasil passa por este nome: José Bonifácio de Andrada e Silva. Importante figura de apoio ao Imperador d. Pedro I quando este proclamou a independência do Brasil, foi Ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros.
 
Com o tempo, desentendeu-se com a figura polêmica de D.Pedro I e acabou por exilar-se na França por seis anos.
 
Reconciliado com a coroa, regressou ao Brasil e tornou-se o tutor de d. Pedro II até ser demitido pela Regência no ano de 1833.
 

Afastado do poder, abandonou por completo a vida pública e passou a viver recluso em sua casa na ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara. Pobre e esquecido, Bonifácio viria a falecer aos 75 anos no ano de 1838 em Niterói. Seu corpo foi embalsamado e levado para a cidade do Rio de Janeiro, ficando exposto na Igreja Nossa Senhora do Carmo durante 19 dias.

Como ele nasceu em Santos, nada mais natural ser enterrado em sua cidade natal. Sua filha, Gabriela Frederica Ribeiro de Andrada, foi a responsável pelo translado do corpo de seu pai para a capela-mor da Igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo, no litoral paulista.

Na foto, a Igreja da Ordem Primeira do Carmo e o Panteão dos Andradas, à direita.

Seu túmulo permaneceu sem nenhuma identificação por mais de 30 anos. Uma modesta homenagem veio de um artista circense, Antonio Carlos do Carmo.

Em visita a igreja no ano de 1869 se indagou com a situação do túmulo do Patriarca da Independência e mandou fazer uma lápide de identificação. Este gesto simples soou como um alerta para as autoridades pois afinal, a memória de José Bonifácio estava sendo esquecida. Decidiu-se então erguer um panteão em sua homenagem.

Foi ai que a então capela-mor acabou tornando-se o Panteão dos Andradas. Iniciada sua construção em 1921, este panteão não foi só para homenagear José Bonifácio, mas também os seus irmãos Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Patrício Manoel de Andrada e Silva que também tiveram participação na história do Brasil.

O renomado escultor Rodolpho Bernadelli foi o escultor contratado para representar José Bonifácio em seu leito de morte.

MAS E AQUELE TÚMULO QUE ESTÁ NO CEMITÉRIO DA CONSOLAÇÃO?

O túmulo de José Bonifácio, O Moço, (lado direito) no Cemitério da Consolação (clique para ampliar).

Muitas pessoas quando vão visitar o mais importante cemitério paulistano, deparam com um interessante túmulo com o nome de José Bonifácio de Andrada e Silva e tornam como fato ele estar sepultado ali. Mas quem está ali é outro familiar dele, também muito importante para a história do Brasil.

Trata-se do túmulo do escritor, professor e senador José Bonifácio de Andrada e Silva, mais conhecido como “José Bonifácio, O Moço”, sobrinho do Patriarca da Independência.

José Bonifácio, o Moço, em ilustração quando já não era tão moço assim

O nome idêntico ao tio, foi uma homenagem feita por seu irmão e pai de “O Moço”, Martim Francisco de Andrada. Embora tenha convivido muito pouco com o tio famoso, seguiu seus passos e teve brilhante carreira política. Faleceu em 1886 e foi sepultado no Cemitério da Consolação ao lado de sua primeira esposa, Adelaide Eugênia de Aguiar Andrada e um casal de filhos.

SÃO PAULO TEM UM MONUMENTO EM SUA HOMENAGEM

Em 1890 a municipalidade inaugurou o Monumento a José Bonifácio, o Moço, no Largo São Francisco. A obra foi encomendada na França e é a única obra do escultor Georges Engrand existente em São Paulo. Contudo, atualmente, se você ir até o local encontrará apenas a escultura “O Beijo” que é um fragmento no Monumento a Olavo Bilac. Então onde foi parar aquela obra ?

A escultura, sem aquele pedestal gigantesco que vemos na fotografia, foi removida devido a obras viárias em 1935 e posteriormente colocada dentro da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, que adotou a obra em 1940. Abaixo você confere duas imagens do monumento, uma do início do século 20 e a outra atual.

Crédito das imagens:
Foto 1 – Sebastião de Assis Ferreira
Foto 2 – Mario Vazquez Amaya

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16 respostas

  1. Conhecer a historia do Brasil é tão importante como respirar; pena que as escolas de hoje não ensinam mais o amor que devemos ter para com os homens de bem que fizeram a história acontecer. Homens como José Bonifácio de Andrada e Silva e seus irmãos Antonio Carlos e Martin Francisco, assim como Dom Pedro II e tantos outros que passaram pela vida pública deste País sem uma pequena nódoa a manchar suas vidas deveriam ser melhor estudados até para servirem de exemplo à esta juventude que, infelizmente, não têm encontrado muito em quem se espelhar ultimamente.

    1. Infelizmente, ao longo dos anos, vimos o desmonte da Educação. Sou professora aposentada e testemunha da degradação do Ensino. Emburrecer a população é garantia a uns politicos oportunistas a sua permanencia no Poder. Pobre país rico…

  2. Eu já sabia que o Patriarca jazia em Santos, mas ignorava o túmulo de seu sobrinho. Bem haja pelo trabalho!

  3. Otima pesquisa de Glaucia Garcia investigando o que aconteceu ao corpo de Jose Bobifacio de Andrada e Silva depois que ele faleceu.

    Ela so nao conseguiu fazer uma conexão óbvio que Jose Bonifacio de Andrada e Silva (O Moço) tambem era neto de Jose Bonifacio de Andrada e Silva (O Patriarca da Independencia).

    Ela mencionou no artigo, informacao correta que: “Sua filha, Gabriela Frederica Ribeiro de Andrada, foi a responsável pelo translado do corpo de seu pai para a capela-mor da Igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo, no litoral paulista.”

    A autora tambem escreveu nesse artigo: “Trata-se do túmulo do Senador José Bonifácio de Andrada e Silva, mais conhecido como “José Bonifácio, O Moço”, sobrinho do Patriarca da Independência. O nome idêntico ao tio, foi uma homenagem feita por seu irmão e pai de “O Moço”, Martim Francisco de Andrada.”

    Jose Bonifacio de Andrada e Silva “O Moço” era sobrinho do Patriarca por parte de pai, mas Martim Francisco de Andrada irmão do Patriarca era casado com uma filha de Jose Bonifacio de Andrada e Silva (O Patriarca) como ela mencionou no artigo o nome dela era Gabriela Frederica Ribeiro de Andrada – e por parte de mae Jose Bonifacio de Andrada e Silva “O Moço” era neto do Patriarca.

    http://josebonifaciodeandradaesilvafamily.blogspot.com/2012/06/josebonifacio-de-andrada-e-silva_03.html

    *****

    A autora do artigo tambem escreveu: “Embora tenha convivido muito pouco com o tio famoso, seguiu seus passos e teve brilhante carreira política sendo deputado geral, ministro da marinha e também senador do Império do Brasil de 1879 a 1886 ano em que veio a falecer.

    Biografia de Jose Bonifacio de Andrada e Silva (“O Moço”)

    http://josebonifaciodeandradaesilvatheyoung.blogspot.com/

  4. gostei das informações. A título de colaboração e para completar as informações gostaria de lembrar que José Bonifácio, “O Moço”, não era apenas sobrinho de José Bonifácio, “O Patriarca”: era também neto! A mãe do “moço” era filha do “Patriarca”. Se chamava Gabriela Frederica Ribeiro de Andrada e foi responsável pelo traslado do corpo do pai da ilha de paquetá (R.J.) para Santos. Para se ter uma ideia da importância do “Patriarca”, basta saber que seu corpo foi embalsamado. Gostei do “site” de vocês. abraço

  5. Em Santos, se você não conhece ainda existe a casa dos Bonifácio, ou melhor palacete, fica na Rua XV de Novembro, 103, Centro pertinho da Bolsa do Café se não me falha a memória, está escrito na fachada. Visitem antes que venham a demolir.

  6. Um fato curioso, é que logo ao lado do Panteão dos Andradas (já dentro da igreja, ou melhor, nos fundos da mesma), existe ainda a entrada para a antiga “catacumba”.

    Sim, existe uma catacumba na igreja do Carmo (a qual já pude visitar pessoalmente, isso ainda nos anos 90, em minha época de faculdade). – A entrada da mesma ficava já dentro da área onde os padres (frades) ficavam reclusos.

    Na época, a construção estava sofrendo algumas reformas, e a entrada para este porão, acabou sendo achada. (Hoje em dia, nem sei ao certo se a mesma voltou a ser lacrada). – Mas na época, pela boa camaradagem de um dos padres, acabei visitando a entrada da catacumba.

    Bom, não cheguei realmente a andar mais do que 5 ou 6 metros, já que o túnel descia, e boa parte dele já estava em baixo da água (do oceano, acreditem)… Mas pela direção da catacumba, creio que ela se prolongava até onde hoje, existe um ponto de ônibus (logo a frente da igreja). – E pouco depois, já saia no oceano.

    Dizem que a catacumba era uma rota de fuga no caso de ataque de piratas. E também foi muito usada para esconder escravos fugidos (apesar que tudo isso, não passam de meras suposições). – Mas que a catacumba existe, isso existe! Pena que quase que totalmente na obscuridade.

    1. Era bastante comum esses esconderijos,rotas de fuga,como essa catacumbas que diz. Quase todos os prédios públicos e igrejas em Santos tem ou tinham essas “fugas” já que a cidade, por ter porto,era constantemente saqueada por piratas.Não sei se conhece a casa do tiro,hoje,um museu,que abrigava armas em épocas passadas,lá na lateral esquerda tem uma escadaria com degraus uniformes,um maior,outro menor,que embaraça á subir ou descer. Foi projetado justamente com o intuito de defesa também.

  7. Em Santos tem uma construção tão antiga quanto bela, rua XV de Novembro, se não me engano, que um busto de José Bonifácio e uma inscrição que diz que ali havia anteriormente a casa onde o Patriarca nasceu.

    1. E temos aqui,em Santos, o Panteão dos Andradas, onde está enterrado os restos mortais do patriarca. Ele morreu no RJ e sua filha trouxe seus restos mortais para enterrar na Igreja do Carmo pelo fato dele ter nascido em Santos.Temos uma estátua dele na praça, também.

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