Monumento a Luiz Pereira Barreto

Uma das mais belas praças paulistanas fica no bairro de Santa Cecília. Localizada entre a Rua das Palmeiras e a Avenida São João, a Praça Marechal Deodoro é uma das principais referências do bairro e serve há um século como referência para moradores da região e visitantes.

Infelizmente desde 1971 um tanto escondida pelo famigerado Elevado João Goulart, o popularmente conhecido por Minhocão, a praça sempre foi encantadora. A foto abaixo, de 1929, não nega isso:

Praça Marechal Deodoro em 1930 (clique para ampliar)

Alguns anos antes da foto acima ser tirada, em meados da década de 1920, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo decidiu erigir um monumento em homenagem a figura do médico e cientista Luiz Pereira Barreto.

A empreitada de esculpir a obra foi entregue ao grande escultor Galileu Emendabili, que também é muito conhecido nas obras de monumentos paulistanos pelo Monumento a Ramos de Azevedo e o icônico obelisco do Ibirapuera.

Na foto, Galileu Emendabili ao lado da escultura de Pereira Barreto

Com a obra concluída no final de 1928, faltava escolher um logradouro público que pudesse receber o conjunto escultórico. Foi ai que a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo consultou a prefeitura paulistana sobre a possibilidade de que o monumento fosse instalado na Praça Marechal Deodoro, que era relativamente nova e ainda não dispunha de nenhum monumento.

Com a autorização concedida em fevereiro de 1929, todos os trâmites foram iniciados para que a obra fosse instalada e inaugurada definitivamente em 3 de maio de 1929.

Na foto, o monumento na véspera da inauguração

Feito em granito e bronze e medindo no total 10 metros de altura, o conjunto escultórico é composto na parte principal da figura do médico e cientista Luiz Pereira Barreto vestindo a tradicional beca de médico, tendo ao lado – um pouco abaixo de sua figura – as esculturas femininas que representam a agricultura e a medicina, dois campos onde Pereira Barreto teve célebre atuação.

Na seara da agricultura Pereira Barreto é bastante conhecido por ser o responsável pela industrialização da cerveja em São Paulo e o introdutor das primeiras safras de uvas destinadas a produção de vinho. A escultura da agricultura segura em seus braços alguns cachos de uva. Ele também é famoso por ser o descobridor do guaraná.

O monumento atualmente (clique na foto para ampliar)

Passado quase 90 anos de sua inauguração, o Monumento a Luiz Pereira Barreto enfrentou altos e baixos. Entretanto nos últimos anos tanto o monumento como a praça receberam um amplo projeto de restauração e paisagismo, que devolveram o charme e a elegância ao lugar.

Era comum ver a Praça Marechal Deodoro cheirando a urina, com mato alto e o monumento estava pichado em várias partes. Tudo isso felizmente já faz parte do passado.

Veja o conjunto escultórico na galeria abaixo (clique na foto para ampliar):

Dados técnicos:

Monumento a Luiz Pereira Barreto
Local: Praça Marechal Deodoro
Inauguração: 1929
Autor: Galileu Emendabili
Escultura: Bronze, medidas 4,37m x 1,42m x 1,42m
Pedestal: Granito, medidas 5,10m x 9,58m x 6,77m
Gestão: Prefeito Pires do Rio

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7 respostas

  1. Muito bom! Eu mesmo era alguém que não reparava nesse monumento, sequer na praça, pois ficam mesmo escondidos. E bom conhecer o trabalho do homenageado, Dr. Luiz Pereira Barreto. Curioso como num passado não distante os monumentos públicos eram feitos por escultores talentosos, com beleza e harmonia… Os monumentos de hoje em dia são apenas sombra de seus congêneres, até os materiais usados não são nobres (haja vista a construção de monumentos com sucata nos dias de hoje).

    Chama a atenção a recorrente figura de Marianne na representação das virtudes da agricultura e da medicina, não só neste monumento ao Dr. Luiz, mas em vários outros, no Brasil e no mundo. Essa figura feminina é a mesma que aparece nas cédulas de real, e que muitos – esquisitamente – chamam de “marca d’água”. A mesma Marianne está na Estátua da Liberdade, e na famosa pintura “A Liberdade Guiando os Povos”, de Eugène Delacroix. Dependendo da imagem ou da escultura ela aparece ora com o busto desnudo, ora com ele coberto.

    Essa Marianne é, na base, o “Eterno Feminino” que os gnósticos adoram. E ela foi disseminada em toda a cultura pelos maçons, ao longo dos séculos, como uma paródia da Virgem Maria, de modo a confundir uma com a outra, e fazer os cristãos se desviarem de Deus e seguirem a Satanás escondido sob uma máscara feminina. Se formos ver bem, o repúdio que muitos evangélicos têm a Nossa Senhora vem por recusarem a economia da Salvação conforme Nosso Senhor Jesus Cristo a estabeleceu. Os evangélicos caem no jogo dos maçons e acreditam que a Virgem Maria e o Eterno Feminino são a mesma coisa, e entram de cabeça na agenda dos globalistas que desejam acabar com a Igreja Católica.

    Essa confusão armada pelos maçons entre a Virgem Maria e o Eterno Feminino é extraordinariamente bem retratada no filme “Metropolis”, de Fritz Lang. Aquele robô futurista que é inventado pelo cientista-ocultista, e rapidamente se torna objeto de adoração dos poderosos do mundo é o Eterno Feminino, mas concebido de um jeito que pareça que é Virgem Maria. A verdadeira Virgem Maria é a que se reúne, às escondidas, com os perseguidos do povo na cripta para rezar ao Salvador Jesus Cristo. Aliás, é bom que se diga que esse filme mostra tanta coisa dos planos do “governo oculto do mundo”, que só mesmo um deslize monumental para ele ter vindo a público… Vale muito a pena conhecê-lo.

    1. Mudando de assunto e variando um pouco na mesma linha… se eu não me engano o Queen ao gravar o vídeo clipe de “Radio Ga Ga” usou imagens desse filme Metrópolis, não usou???

      Mas enfim… o prefeito João Dória está fazendo um excelente trabalho ao recuperar os monumentos públicos da cidade, apesar de eu não simpatizar com o PSDB (e hoje em dia com político nenhum) porém, como eu disse em outro post… é daquele jeito… a prefeitura vai, restaura e os pichadores vão lá e emporcalham, ai a prefeitura vai e limpa de novo, os pichadores vão e vandalizam outra vez, ou seja, é um verdadeiro trabalho de “enxugar gelo” e outra coisa… o prefeito não tem que limpar só as coisas que a população vê, pois nas periferias de São Paulo (que é realmente a “São Paulo real”) o lixo continua dominando as ruas.

  2. Boas colocações, Filêmon, só que o povo não se reúne na cripta para rezar. A reunião acontece nas catacumbas de Metropolis. A parte da “cripta”, como você disse, se passa na Igreja, onde estão as imagens que representam os sete pecados capitais, e a transposição dessa parte na hora em que a Falsa Maria vem a público é muito interessante, muito mesmo. Acho que assistimos montagens diferentes do filme :-P. Assista-o novamente, é um filme inesgotável, que prenunciou muita coisa que aconteceu no século XX, e está acontecendo agora. Eu recomendo a versão em alta resolução que está no canal “High Quality Classic Films”, no Youtube. Além de ser uma bela obra de arte, o filme Metropolis é um aviso urgente para frear as divisões cada vez mais idiotas que ocorrem entre as pessoas e nos unirmos contra os poderosos que só nos usam para fins nefastos, sejam eles socialistas, liberais, sionistas, maçons etc.

    Quanto ao site “São Paulo Antiga”, muito bom, trabalho nota dez em mostrar imóveis históricos, sua situação no passado e hoje em dia. Continuem!

  3. Eu penso que, se nos dias atuais, as esculturas, quando feitas, são de material menos nobre, é porque os seus idealizadores já esperam pelo pior: o vandalismo(pichações, etc). Antigamente, não havia essa preocupação.

  4. DÁ UM IMENSO PRAZER VER UM MONUMENTO TÃO MAJESTOSO ESTAR ATUALMENTE TÃO BEM CUIDADO E COM A MESMA IMPONÊNCIA QUE TEVE NA ÉPOCA DE SUA INAUGURAÇÃO.UMA OBRA DE ARTE QUE REPRESENTA O PASSADO DE NOSSA CIDADE DE SP ONDE SE PODIA PARAR TRANQUILAMENTE E ADMIRAR ESSA MARAVILHA.

  5. Saudações!

    Realmente, o monumento é uma peça importante da história da cidade e passa desapercebido…

    Escrevo mais para dizer que, infelizmente, o texto está desatualizado.
    Estou em junho de 2022, a praça e seus arredores recebem o sofrimento de centenas de pessoas em situações de abandono.

    É lamentável que diante dos pés das representações da medicina e da agricultura estejam pessoas destruídas pelas drogas e a fome.

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