Sabores de São Paulo: Ponto Chic

Se tem uma região farta em locais tradicionais para comer, é a área da Avenida São João e seus arredores. Só em volta do Largo do Paissandu, por exemplo, temos dois excelentes exemplos. Um é o já comentado aqui Restaurante Ita, enquanto o outro é um dos grandes ícones da cidade, o Ponto Chic.

Foto: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga

A história deste restaurante é quase centenária. Começou em um dos anos mais importantes para a cultura brasileira, em 1922, contemporâneo Semana de Arte Moderna. Naquela época o restaurante ainda não era conhecido por aquele sanduíche saboroso, de queijos misturados e derretidos que se tornou tão famoso: o bauru.

Foto: DivulgaçãoO sanduíche, que é o carro chefe da casa, só surgiria na década seguinte, precisamente em 1937. A iguaria chegou até a casa por aquele que é reconhecido como o inventor do Bauru, Casimiro Pinto Neto.

Estudante de direito do Largo São Francisco e natural da cidade paulista de Bauru, Casimiro era um assíduo frequentador da casa e certo dia pediu um lanche especial, reforçado e a seu gosto. O lanche vinha com tomate, pepino, rosbife, quatro queijos diferentes fundidos entre si, servidos em pão francês sem miolo. Nascia assim o Bauru.

A importância de Casimiro Pinto Neto para o sucesso e longevidade do Ponto Chic jamais foi esquecida. Na loja mais antiga, onde tudo começou, existe um busto de bronze que o homenageia.

Na foto, Sua Excelência "O Bauru"
Na foto, Sua Excelência “O Bauru”

Saiba mais! Veja como é preparada a mistura de queijos do bauru:

Mas engana-se quem pensa que apenas a mistura cremosa de queijos é a fórmula do sucesso do sanduíche. Excetuando-se o pão, todos os ingredientes são preparados na própria casa.

Foto: Divulgação
Equipe do Ponto Chic (foto: Divulgação / Ponto Chic)

O rosbife é preparado com o corte lagarto assado em alta temperatura, o pepino antes de ser servido no lanche passa uma semana em conserva, os queijos misturados são estepe, prato, gouda e suíço. O tomate é comprado diariamente para estar sempre fresco e selecionado. Já o pão, embora nem todos notem de primeira, é um pouco diferenciado do pão francês tradicional, sendo mais crocante e com uma abertura menor, para que não esfarele. Tudo isso junto transforma-se no incomparável sanduíche servido há quase oito décadas.

Outros pratos e sanduíches da casa também devem ser provados!

Rococó (clique na foto para ampliar)
Rococó (clique na foto para ampliar)

Embora seja muito difícil ir até o Ponto Chic e não comer um tradicional bauru, a dica é voltar outras vezes para saborear alguns dos outros pratos e sanduíches que são deliciosos e também muito tradicionais na casa.

Um deles é o Rococó (foto acima), que é um lanche generoso servido no pão francês com fatias de rosbife (frio), tomate em rodelas, pepino em conserva, queijo gorgonzola e aliche. Outros tradicionais da casa são o sanduíche de pernil, o seleto e os pratos fritada ao Ponto Chic e mexidinho. Todos eles vão muito bem se acompanhados de chopp claro ou escuro e com uma porção de torresmos da casa, bem sequinhos.

Depois de saborear os pratos da casa, nossa dica é pedir de sobremesa o pudim de leite da casa, que costuma ser difícil ficar em apenas um só.

Pudim de leite, a sobremesa perfeita (clique na foto para ampliar)
Pudim de leite, a sobremesa perfeita (clique na foto para ampliar)

Além da loja tradicional e quase centenária do Largo do Paissandu, o Ponto Chic possui duas outras unidades sendo uma no Paraíso, colado ao Shopping Pátio Paulista, e outra no bairro de Perdizes.

Curiosidade: Ponto de encontro dos artistas circenses
Foto: Divulgação

Algo bem interessante sobre o Ponto Chic e seus arredores, é que o local foi um tradicional ponto de encontro de artistas e profissionais de circo. Ali eram combinadas todas as excursões, jornadas, contratações e detalhes sobre a temporada circense de que cada ano. Imagine o quanto era divertido passar por ali algumas décadas atrás ?

Uma outra curiosidade: Os andares superiores da loja do Largo do Paissandu foi endereço de um dos mais famosos bordéis da São Paulo antiga, da Madame Fifi.

E você, já frequentou o Ponto Chic ? Qual o seu prato preferido ? Deixe seu comentário!

Serviço:
Ponto Chic
Largo do Paissandu, 27 – Centro :: Telefone (11) 3222-6528
Largo Padre Péricles, 139 – Perdizes (inaugurada em 1978) :: Telefone (11) 3826-0500
Praça Oswaldo Cruz, 26 – Paraíso (inaugurada em 1986) :: Telefone (11) 3289-1480
Maiores informações: www.pontochic.com.br

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21 respostas

  1. Nas minhas raras passagens pelo centro da cidade, algumas vezes estive no Ponto Chic, ora almoçando, ora comendo o inigualável bauru. É um local para os amantes da boa comida sem frescura e um dos poucos no centro em que vale a pena comer. Se bem que para chegar até lá tem que tomar muito cuidado com o entorno, cada vez mais abandonado e deplorável.

    1. Verdade: o entorno está com aspecto de abandono, é insalubre(muito lixo acululado) e repleto de gente à toa.
      Agora, quanto ao sanduíche famoso, é tão saboroso quanto caro- muito caro!

  2. Fui algumas vezes ao Ponto Chic na década de 60, junto com o meu pai que trabalhava no Centro, e sempre que vou à São Paulo não deixo de ir lá saborear o delicioso Bauru. Na próxima visita vou experimentar este Rococó, parece delicioso.
    Parabéns pelo belo trabalho pela memória de São Paulo.

  3. este é um publieditorial? seria importante deixar claro para os leitores. gosto muito do blog. sucesso!

  4. Com certeza é muito bom, mas atualmente o meu consumo de frios se limita a pizza de fim de semana, pois agora que estou chegando aos 4.0 vivo brigando com a balança e felizmente já consegui perder 9 kg dos 104 que eu pesava antes.

  5. Sim, já estive no Ponto Chic e provei o tradicional bauru.Vale à pena!
    O problema é o que todos conhecem: o total abandono do centro de São Paulo.Muita sujeira e todos os tipos…

  6. Estive exatamente no dia 19/08/16 no Ponto Chic pra um Bauru e uma porção de fritas à francesa!
    Ao autor, pfvr…descobri seu site hj. Fui seco procurar mais reviews gastronomicos e só existe este e outros dois. Não deixe morrer! Com o perdão do trocadilho, esses artigos são deliciosos!

      1. Neste caso, se aceita sugestões, a minha primeira é o restaurante Fuentes na rua do Seminário, 149; e a segunda é Carlino Ristorante • Rua Epitácio Pessoa, 85 (não conheço neste endereço, frequentava muito quando era na Vieira de Carvalho).

  7. Amei ver e ler tudo isto! Levou-me ao ano de meu nascimento, imaginei o papai indo ao Pinto Chic levando meus irmãos, como conta meu irmão João Batista. O outro irmão, José Carlos, já é falecido como o papai e a mamãe. Muitas saudades de todos eles.

  8. Gostei. Sempre aprendendo e conhecendo pontos históricos importantes. Na primeira oportunidade , irei lá para curtir estas iguarias.

  9. Boa matéria, Douglas. Perfeita. E as fotos são sensacionais !!! Estive no Ponto Chic em 1965. Caramba !!! Já se vão 55 anos !!!

  10. Com o chamado “progresso”, torna-se difícil manter um negócio em área ocupada por grandes construtoras. Aqui em Belo Horizonte muitos já foram derrubados e em seus lugares aparecem prédios muitas vezes de aspecto duvidoso (quando se fala em progresso). Assim – no caso de BH – a famosa galinha caipira ao molho pardo, fundada em 1922, transformou-se numa loja de móveis (…) É triste, parece saudosismo ( e é, sim, é saudosismo, embora a literatura médica indique o avanço do Mal de Alzheimer que começa com esse apego difícil de ser esquecido), porém como não se entristecer com a poeira que cai dessas velhas construções que se assemelha a nossa própria caída?
    Resgatar, portanto, esses momentos – mesmo em fotos amarelecidas – já é um conforto, uma viagem linda no tempo.
    Grato por mostrar seu trabalho, Douglas.

  11. O Ponto Chic era tradicional reduto boêmio. funcionava até o ultimo cliente. Hoje fecha quando o Largo do Paissandú acende a iluminação noturna. Tornou-se mais um bar que serve refeições durante o dia e ocasionalmente vende o famoso Bauru. Conheci vários globais e não tão famosos que frequentavam o seu balcão e as mesas, mas isso foi na década de 80 do século passado. Pena que o centro de São Paulo virou a cracolândia e afugenta os minguados clientes do estabelecimento.

  12. quanto mais eu leio suas materias , mais fico apaixonada em ligaçao a essa nostalgia maravilhosa .parabens!!!

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