Casarão – Praça General Polidoro, 67

Foi-se o tempo em que as casas paulistanas não tinham necessidade de viver atrás de muros. Embora comum em países de primeiro mundo como Estados Unidos, Canadá e outros, aqui parece quase impossível manter uma residência com muros baixos ou sem os mesmos.

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Violência, criminalidade e vandalismo transformaram a paisagem paulistana em um visual claustrofóbico de casas com muros intransponíveis e seus moradores, prisioneiros em seus próprios lares. Hoje muito da beleza arquitetônica residencial paulistana está privada de ser admirada pelos paulistanos devido a estas muralhas modernas.

Mesmo assim, andando pela cidade ainda é possível encontrar belíssimas residências sem muros, ou com seus muros antigos originais bem baixos, de um tempo em que eles não eram nada mais que decorativos ou limitadores da área da propriedade. São raros e corajosos resquícios de uma cidade que era muito mais tranquila e agradável aos seus cidadãos.

Na número 67 da Praça General Polidoro, na Aclimação, encontramos um belíssimo casarão que nos remete a este passado, não tão distante, em que nossas residências ainda não precisavam se isolar. Trata-se do imóvel onde está localizada uma tradicional imobiliária do bairro, a Camis Imóveis.

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E a Camis merece ter o nome citado aqui. Fundada em 1975, a imobiliária está instalada neste casarão encantador a qual mantém até hoje absolutamente preservado e com seus muros originais, baixos.

É impossível contemplar o imóvel sem se apaixonar por ele. Com uma arquitetura de linhas leves e agradáveis, trata-se de um casarão térreo cuidado com muito esmero pelos seus proprietários, sempre está com a pintura em dia e com seu jardim impecável com plantas sempre bem cuidadas e um belo visual paisagístico.

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Encontrar imóveis como este, mantido pela Camis, é sempre uma satisfação e a certeza de que São Paulo ainda pode crescer de maneira ordenada e respeitando sua história.

Pena que é tão caro manter um imóvel histórico preservado. Está na hora de estender a insenção de IPTU a imóveis de importância histórica e arquitetônica para toda a cidade, e não só para poucos privilegiados da região central. Este imóvel é um belo exemplo que mereceria uma justa isenção.

Parabéns à Camis por manter este casarão absolutamente preservado.

Confira outras fotos deste casarão (clique na miniatura para ampliar):

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24 respostas

  1. Nossa, mto bonito mesmo esse casarão, parabéns a imobiliária por mantê-lo assim. Agora, uma pergunta, boa parte das casas antigas tem esse “enfeite” ou “símbolo” como o que está bem visivel na Imagem 9, fica em cima da janela formando algo como um triangulo, alguém poderia me dizer o que quer dizer isso?

    1. Esse tipo de símbolo se chama “frontão”. Imagino que neste caso seja só um elemento decorativo. Porém, há alguns que sugerem origem (azulejos decorados, referindo-se possivelmente a Portugal)ou orientação religiosa (estrela de Davi, como remete um post antigo de uma casa na Penha já documentada neste site).

      1. Ah, legal, vejo muito isso em casas antigas, cheguei até pensar que era algo relacionado a maçonaria (triangulo), vou procurar esse post antigo sobre essa casa na Penha, muito obrigado Katiúcia!!!!

    1. Na verdade, uma casa como essa recebe uma atividade comercial justamente quando chega o final do seu ciclo de vida. Quando um imóvel residencial é transformado em comercial, na maioria das vezes ele não mais atende a finalidade de moradia, seja pelo valor do aluguel, falta de vagas para carros ou influência do tráfego (Vide casas vazias ou ocupadas por escritório e comércio no entorno de grandes avenidas ou em centralidades). Após abrigar alguma atividade comercial, raramente esses imóveis voltam a ser residências (Porque em maior ou menor grau, suas estruturas sofrem alterações ou são descaracterizadas para que o imóvel seja funcional), e em algum momento invariavelmente irão para o chão.

  2. Douglas, tão ou mais importante do que preservar uma ou outra construção, é preservar paisagem urbana e modos de viver: nisso a cidade de São Paulo é absolutamente fracassada; e acredite, existem pessoas por trás disso que são absolutamente masoquistas e tem prazer em ver coisas belas vindo ao chão. Meu professor de Planejamento Urbano disse hoje:
    “As pessoas da Mooca tem aquela coisa de gostar da Mooca, tem aquela coisa da cadeira na calçada, nada contra, mas acho um estilo de vida muito ultrapassado (…) não sou muito conservador, se eu fosse prefeito eu derrubava tudo; acho que a cidade precisa ser mais adensada, mais compacta”

    1. E essas pessoas estúpidas como meu professor eventualmente conseguem cargos públicos. Por isso eu acredito na candidatura do Haddad: apesar de todas as minhas muitas resalvas, ele fala bastante de como a cidade foi adensada em lugares que não deveriam e de como o paulistano perdeu a crença na qualidade de vida e como é importante recuperar essa qualidade.

      1. Até porquê se o PSDB/DEM ganhar, a cidade vai continuar ruim (ou piorar) por mais um punhado de anos. O paulistano que se julga tão consciente e informado, não vê que houve um aumento (ainda que sensível) de políticas culturais e de preservação durante a gestão de qualquer partido que não o PSDB na história política de São Paulo.

        1. Ahã, fica feliz que o PT se elegeu…. Seu Bolsa Familia tá chegando e vc não precisará mais trabalhar… aproveita, faz uma invasão, paga a conta d’agua (mas não esquece de impugná-la na Sabesp pra ver se eles devolvem o dinheiro), entra na justiça por usocapião, pega o dinheiro compra um carro, bota um som alto nele, liga com funk as tres horas da manhã, incomoda os vizinhos, compra uma arma ilegal, briga no transito, suborna o guarda, e faz cervejada no fim de semana…. ah! não esquece de passar no hospital e pegar uma declaração para poder faltar no trabalho, ok? E declara seu amor pelo PT!

  3. Parabéns para o proprietário que conserva essa raridade e não se deixou influenciar por ninguém.

  4. delicia de casa em estilo neo colonial muito em voga nos anos 40 longa vida para ela.

  5. Nossa realmente fascinante esse casarão, pena que o telhado está meio judiado, as bordas estão desmanchando os detalhes em madeira, mas mesmo assim muito lindo.

  6. nao estou bem certo mas me parece que essa casa pertenceu a um ex.governador de sao paulo dr.lucas nogueira garces.seria bom confirmar ou desmentir esse fato pois, o dr garces morava nessa praca.

  7. Provavelmente esta casa foi construída em meados dos anos 1940. Seu estilo é exatamente o mesmo das casas erguidas na Base Aérea de São Paulo (Cumbica) em 1945 e que estão lá até hoje. São residências que formam a vila militar, onde moram oficiais e sargentos. Outras, do mesmo estilo, funcionam como prédios administrativos, cinema, lavanderia e quarteis. Sugiro ao Douglas que visite a Base para constatar a beleza arquitetônica do local. É a parte que fica do lado oposto ao atual aeroporto de Guarulhos.

  8. Tenho um filme de 70 anos atrás exatamente onde fica esta casa. O curioso é que o filme (super 8) é colorido. Raridade para a época. Este filme está postado no Facebook. Vale a pena conferir

  9. Quando criança, conheci esse lindo casarão por dentro. Ali´residia o dono das Tecelagens Ribeiro, já idoso, e minha avó era amiga dele e de sua família, a filha Dalila e a neta , Dolores. Eu ficava impressionado com o luxo e o banheiro tinha até uma banheira menos, além da banheira grande, própria para os – comuns na época – “banhos de assento”. Depois de adulto, eu não mais ouvi falar deles, nem sabia que o casarão tinha sido vendido. Eu morava numa vila operária, no bairro do Ipiranga, Rua Lord Cockrane, 879, casa 11, e, para mim, essa casa representava o maior luxo e riqueza que eu podia ver, na época.

  10. O povo precisa se unir para lutar pela preservação da memória arquitetônica e histórica de São Paulo e cidades da Grande São Paulo, como Santo André – SP, onde moro desde 2008. Tenho vivido entre São Paulo e ABC nestes meus 52 anos de vida, e me recordo como São Paulo era muito mais agradável nos anos 1970. Naqueles tempos, e na década de 1980, também, morava no tradicional bairro do Ipiranga, e visitava muitíssimo a Aclimação e a Saúde. O caso citado pelo Peterson Henrique Freitas é absolutamente lamentável. Um país sem passado, que quer destrui-lo, também será um país de futuro precário. Na Europa, é comum a preservação de imóveis de séculos, porque a mentalidade deles não é de avidez por novidades e imediatismo, mas de preservação. Em Santo André – SP, na Rua Savino Degni, travessa da tradicionalíssima Rua Coronel Oliveira Lima, derrubaram um casarão antigo, lindo, que ficava em uma vila, e eu tive a alegria de fotografá-lo. Coloquei meu protesto na comunidade da Prefeitura Andreense do Facebook. Infelizmente, a especulação imobiliária, é o que prevalece. O interesse econômico sobre o histórico e o artístico. Parabéns à Imobiliária Camis Imóveis! Continuem assim e que sirva de exemplo para outras pessoas e empresas!

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