Prédio CMISP

As ruas do bairro de Santa Ifigênia são sempre muito reveladoras quando o assunto é construção antiga. Embora sejam elas constantemente visitadas pelo São Paulo Antiga, volta e meia nos deparamos com alguma rua com alguma edificação que não tínhamos observado anteriormente.

É o caso deste imóvel do início do século 20:

Foto: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga

Não se deixe levar pela pichação, um mal que tomou conta de nossa cidade, e observe a beleza desta construção mais que centenária.

Localizada no número 229 da rua do Triunfo, não muito distante do Largo General Osório, esse sobrado comercial é o segundo maior imóvel desta quadra e é tombado como patrimônio histórico de nossa cidade.

Embora tenha sofrido algumas alterações substanciais na fachada, tais como nas janelas do andar superior e nas antigas portas comerciais do térreo, transformadas em janelas, o imóvel ainda mantém preservada sua fachada e, principalmente, seu belo frontispício.

CMISP (clique na foto para ampliar)
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E é no ponto mais alto da fachada que encontramos a inscrição acima, onde se lê CMISP. Mas o que viria a ser esta sigla ?

Fazendo uma pesquisa tanto sobre o endereço, quanto sobre a sigla, foi possível identificar que CMISP vinha a ser a abreviação de Companhia Mecânica Importadora de São Paulo, cujos escritórios ficavam na rua Boa Vista e sendo a empresa bastante renomada na área de ferro-gusa. Sabe-se ainda que a mesma também forneceu material para a construção de estações ferroviárias como a da Luz e de Campinas.

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Apesar de todas estas pistas, não podemos afirmar em 100% que trata-se do imóvel que abrigou as oficinas da Companhia Mecânica Importadora de São Paulo, uma vez que nossa pesquisa junto ao número 229 também aponto um outro nome que também faz sentido para a sigla: Conceição Maria. Esse nome surge com frequência em documentos e listas telefônicas entre as décadas de 1950 e 1960.

Mistério à parte, fica a bronca mais uma vez as autoridades municipais e estaduais pelas punições brandas (ou quase nulas) que são impostas as gangues de pichadores. É inaceitável ver uma bela construção como esta, pintada há pouco mais de um ano completamente pichada.

Que proprietário terá estímulo para repintar a sua fachada sabendo que pouco tempo depois ela volta a ser este horror que vemos na foto a seguir ?

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Se você tiver alguma informação adicional sobre este imóvel, ajude-nos enviando um email ou comentário. Colabore com a história de sua cidade!

Veja mais uma foto:

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Vila Raphael Parente

Localizada muito próxima da famosa Vila Maria Zélia, no Belenzinho, este centenário conjunto de imóveis é um dosmais preservados deste bairro.

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10 respostas

  1. O vigarista do pichador deixou a frase: “Liberdade e paz”, é mole?
    Concordo plenamente com vc, as punições para eles são muito brandas. Vamos ver o que o novo prefeito vai fazer, se é que ele vai fazer alguma coisa. Liberdade tem quem respeita o patrimônio com civilidade. e paz tem aquele que sabe conviver em sociedade e respeitar os cidadãos dessa cidade.

  2. Estranho que locais como esses não possam ser aproveitados para outras atividades (como Igrejas, por exemplo). Toda vez que vejo um prédio antigo, penso em uma Igreja tradicional ocupando o local.

  3. Pichadores deviam estar na Cadeia. Hoje é Proibido Placas na Cidade, mas os pichadores estão ai…….Os governadores teriam mais votos e seriam lembrados se cuidassem mais de nossa São Paulo, Parar de derrubar e preservar a Cidade do Passado.

    1. É isso mesmo, Walkiria. Deveriam ser mais duras as Leis contra o vandalismo.A Lei Cidade Limpa conseguiu proibir as propagandas, mas o pichadores continuam “trabalhando”, com a certeza de que nada de mais vai acontecer com eles.
      E digo mais: se a polícia, por exemplo, Metropolitana ou Militar, fizer algo mais “enérgico”, vamos dizer assim, num instantinho lá vai a nossa podre imprensa questionar o trabalho da mesma.É nojento.

  4. Eu sou contra pichação, mas grafite sou a favor .
    Acho que, apesar de tudo, tem algo romântico na decadência do centrão de São Paulo, que diga-se de passagem, não é de hoje, mas sim de décadas e décadas de obras mal planejadas feitas por inúmeros prefeitos, CLARO que eu gostaria que o centro de São Paulo fosse um lugar bem menos hostil, pois ao mesmo tempo que nele tem as figuras engraçadas, também tem coisas muito doídas de se ver, mas talvez seja justamente esse ar decadente do centro que atraia as pessoas (e eu não estou me referindo aos “nóias”)

  5. Tenho saudades de quando era só “são paulo abandonada” e esse artigo me lembrou um pouco dessa epoca

  6. Vandalismo acontece em qualquer lugar do mundo, e é sub produto da decadência econômica.

    Ver-se-a que nos Jardins ou Itaim, raramente há um prédio pichado. Certamente as ruas são mais vigiadas nestes bairros.

    O processo de gentrificação eventualmente cura estes males. O maior problema é o descaso dos proprietários, já que é praticamente impossível deter o vandalismo quando não há ação comunitária contra tal.

    O que pude notar, é que apesar da decadência na região, e a ação dos pichadores, o proprietário assim mesmo tem se esforçado em manter o imóvel intacto e com boa aparência.

  7. Olá Douglas, tudo bem. Estou criando a muitos anos um álbum comparativo de são paulo. Hoje eu tenho um banco digital com milhares e milhares de fotos antigas da cidade que venho garimpando nos últimos 20 anos.
    Foi então que resolvi fazer esse trabalha que estou estendendo para algumas cidades do interior e litoral, tais como: Santos, São Vicente. Praia Grande e Guarujá. E no interior também, Bom, gostaria muito, quando você tiver um tempinho que visite o blog abaixo para uma avaliação o que seria muti importante para o desenvolvimento desse trabalho que vai levar muitos anos para finalizar.
    http://saopauloontemehojealbumcomparativo.blogspot.com/

    Também gosto de fotografias:
    https://yourshot.nationalgeographic.com/profile/1204736/

    Um forte abraço e parabéns pelo seu trabalho.

  8. Adorei o post, mas percebo que você perde muito tempo reclamando de pichações e movimento sem teto, não se aprofunda em nenhuma especificidade técnica da edificação, período histórico, arquiteto ou o uso da edificação ao longo do tempo.
    Acredito que como um profissional tão capacitado você deveria ser menos preconceituoso, raso nos comentários e se aprofundar mais.

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