A Primeira Padaria da Penha

Quem não gosta de um pão quentinho ? Hoje, encontramos padarias quase em todas as esquinas mas no final do século XIX não era tão fácil encontrar uma padaria do lado da sua casa. As distâncias eram muito maiores entre um estabelecimento e outro e era comum viver em um bairro que não era atendido por nenhuma padaria.

E na Penha não era diferente. Um dos bairros mais antigos da cidade de São Paulo, a região ainda nos revela grandes surpresas e curiosidades. E é na ponta deste bairro, quase entrando na vizinha cidade de Guarulhos que encontramos o prédio intacto da primeira padaria da Penha, na Avenida Gabriela Mistral.

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Este imóvel foi erguido no final do século 19 e atualmente trata-se de uma das construções mais antigas que ainda sobrevivem na zona leste de São Paulo. Nos últimos anos, funcionou um bar no local e atualmente encontra-se fechado e em situação de abandono.

O anúncio a seguir, publicado no jornal Correio Paulistano em 5 de junho de 1879 apresenta um anúncio de uma padaria na Penha. Teria sido a mesma ?

Correio Paulistano 6 de junho de 1879

E a imagem abaixo, mostra a padaria em plena atividade no ano de 1930.

Crédito: Memorial Penha de França / Divulgação

Embora razoavelmente distante do centro urbano do bairro, a Padaria no final do século 19 e início do século 20 ficava em uma localização estratégica: A avenida onde a padaria está era a antiga Estrada da Conceição dos Guarulhos, cujo trecho paulistano mudou o nome para Avenida Gabriela Mistral em homenagem a esta poeta chilena, e o trecho guarulhense tornou-se Avenida Guarulhos. Na época, esta estrada era o eixo de ligação entre a cidade de São Paulo e o sul de Minas Gerais.

Em sua visita até Guarulhos no final do seu reinado, o Imperador D. Pedro II seguiu por esta via. Quem sabe ele não tenha parado nesta padaria para tomar um café ? Fica a lenda!

Atualização 11/08/2014:

Infelizmente a primeira padaria da Penha não existe mais. Um dos imóveis mais antigos do bairro e que era uma das referências histórias da região deixou de existir rapidamente entre o final do mês de julho e o início de agosto. Tão logo fomos informados da demolição corremos até o local e quando chegamos não restava mais nada. A foto abaixo mostra o terreno já limpo em 10/08/2014.

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São Paulo e, principalmente, a Penha, perdem um pedaço importante de sua história. O Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) mais uma vez deixou a desejar e nada fez para preservar o local, que sequer era tombado.

Nota: A simpática residência vizinha, no número 39 da rua David Mary também foi demolida junto. Um duplo pesar.

Confira outras fotos deste imóvel antes de demolição (clique para ampliar):

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19 respostas

  1. NASCI E MOREI NESTE PEDAÇO DA GABRIELA MISTRAL POR 50 ANOS, NESTE PRÉDIO MORAVA A DONA LETA,E NA PARTE DEBAIXO TINHA UMA BARBEARIA. ALI E ESQUINA DA AV.GABRIELA MISTRAL COM A RUA DAVID DE MARY-A RUA DA IGREIJINHA DE STO., ANTONIO O PADROEIRO DO BAIRRO DE ENG.TRINDADE-O TEMPO DESTRUIU TUDO, SAUDADES DESSE LUGAR E MUITO.

  2. Sendo este prédio, um dos únicos remanescentes do século XIX, por ter sido uma das poucas padarias existentes na região e por ainda apresentar características de solidez, o interessante seria preservá-lo.

    Douglas, a descrição feita por vc, me remete, mais uma vez ao passado, à minha infância. Por serem, muitas vezes, distantes as padarias, havia o entregador de pão a domicílio. Lá íam ele com seu carrinho, buzinando e se o comprador não viesse pegar o produto, este era colocado no muro ou dentro da caixa na parede.

    Há 60 anos e mais um pouco, algumas casas tinham incrustadas na fachada caixas com diversos compartimentos: um para o pão, outro para a correspondência, outro para o leite e outros que tais.

    Quanto ao leite, o litro de leite era deixado na porta e ninguém pegava.

    Havia tb o homem das cabras, que trazia umas 10 ou 12 cabras, parava na porta da casa, a gente trazia o copo, ele recolhia da teta da cabra e já bebíamos ali mesmo, na rua.

  3. Eu também morei na Av.Gabriela Mistral, e conheci muito a D.Leta e frenquantava a Igreja Santo Antonio, as quermeses, cinema na Igreja, tenho muita saudades desse tempo!!!

  4. lembre desta reportagem de vcs… esta semana passei em frente a este predio e infelismente tenho q informar que o mesmo foi demolido esta semana. ainda vi os restos da construcao no chao… mas uma perda pra SAO PAULO.ALVES

  5. Ola, praticamente todos os dias passo pela Gabriela Mistral, e hoje para nossa tristeza derrubaram tudo lá
    =(

    Acabou-se a padaria

  6. Nos, paulistanos, ainda vamos nos lembrar do sr.Fernahdo Haddad ainda por muitos e muitos anos. Infelizmente, ao que parece, as lembranças não serão nada boas

  7. Nasci na década de setente e morei naquela região até meados de 1980, quem era de lá deve lembra que nesse prédio onde foi a padaria em 1983 havia uma mercearia do Sr. Luiz que era meu pai, morávamos ali na avenida também quase do lado tenho muitas lembranças boa de lá. Porém aquela região hoje esta muito abandonada.

  8. Quem souber de algum outro imóvel antigo na região deve avisar e os moradores mobilizarem-se antes de qualquer ideia de trator, demolição. Muito triste ver a história do bairro sumir. Se eu falar oq gostaria desse Haddad, ofenderia à todos aqui. Ele não está nem aí e nós moradores da região estamos. É preciso menos palavras e mais ações.

  9. Nossa, parabens pela a pagina e pela dedicação ao site, sempre passo por aqui pra ver. Eu moro em São Carlos, interior de SP, e vou mto a São Paulo e fico maravilhado com as casas e prédios antigos. Obrigado pelo site.

  10. Nasci no Cangaiba. Tinhamos uma padaria neste bairro. Isto iniciou em 1958. Meu pai era o proprietário junto com seu irmão. Eu, nascido no ramo, sempre tive paixões pela história da Penha. Meu pai falava dessa padaria, creio que já não estava ativa no tempo dele. Mas, quero registrar aqui que, eu tinha alguma esperança que o grupo Pão de Açúcar na época que homenageava a Penha, dentro do Extra Penha, e tivesse algum interesse de resgatar a história da Penha no mesmo imóvel, e ali, reconstruir uma padaria que fosse o ícone da história de um dos bairros mais antigos da Cidade de São Paulo. Mas, isso não ocorreu. Eu, quando da demolição deste imóvel, numa madrugada, quando já não restava mais nada, parei meu carro, e fui até o terreno vazio. Confesso que o vazio foi maior dentro do meu coração. Fiquei andando ali por alguns instantes, …Não havia mais nada que deixasse uma marca se quer de tão valorosa história. Mas, para minha surpresa, num canto esquerdo, no fim do terreno, restou um tijolo inteiro que a máquina destruidora não levou. Recolhi, e guardo comigo desde então, exatamente nos dias que findaram ” A história da primeira padaria da Penha”. Forte abraço. de Augusto.

    1. Gostaria muito de saber por onde anda a família que era proprietária da padaria O Caipira .na penha de frança. Obrigada!

  11. Um local que serviria como ponto turístico e um marco em SP, traria dinheiro e fortalecimento ao comércio da região, além de melhorar o bairro é, simplesmente, destruído. Sempre o dinheiro e interesse de poucos sendo imposto ao interesse e bem estar de muitos. É asqueroso.

  12. Poxa, que triste! Fui morar no Cangaiba em janeiro de 1974 tinha 13 anos como morei la no alto fim do viaduto recodo que ainda nem exista o viaduto fiquei muito triste quando comecaram a demolir as casas e eram bonitas, inclusive até a tecelagem Verona foram poucas a serem preservadas na época hoje já nem sei se ainda existem em 1981 me mudei para outra cidade é uma pena ver tanta demolição de casas antigas sempre gostei de casas antigas inclusive tem uma delas que lembra a casa de minha avó paterna de Guaratingueta é uma pena órgãos públicos não fazerem nada, infelizmente o mundo capitalista é cruel.
    Que saudades em subir e descer aquele viaduto do Cangaiba (quando ainda não existia) para ir fazer compras na Penha de França ou até mesmo ir no restaurante Central da Penha onde meu pai trabalhou que ficava ou fica no Largo do Rosário só não sei se ainda existe, saudades do Cangaiba e da Penha que amo tanto.

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