Quando o que resta são apenas lembranças…

Quando me perguntam o que eu mais gostaria de poder fazer na minha vida, a resposta é quase sempre uma só: voltar no tempo.

E porque ? Bem, por uma série de fatores! A começar para chegar a tempo para mostrar para os ricos de São Paulo do início do século 20 que demolir nossa herança colonial seria para sempre a herança maldita deles. Que seriam lembrados pela riqueza, mas também por essa página obscura de nossa história.

Voltaria no tempo para impedir a demolição do célebre Palacete Santa Helena, cuja destruição deixou os paulistanos órfãos de uma de suas construções mais belas.

E também voltaria para fotografar toda e qualquer casa que hoje não existe mais nem mesmo em registros fotográficos. Aquelas que não seria possível salvar do fim físico, e que ao menos seria preservada através de imagens para toda a posteridade.

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Até mesmo essa imagem acima hoje é também lembrança do passado, pois nem isso sobrou do que outrora foi um belo sobrado. Localizada na rua Dr. João Alves de Lima, no Brás, conheci esse imóvel quando trabalhava em uma empresa nas proximidades, entre 1996 e 1999. Lembro que era um sobrado estreito de arquitetura bem bonita, mas já bastante velho e com sua estrutura cansada.

Em seus últimos dias não dava mais para precisar se moravam proprietários, inquilinos ou alguém que o ocupou pois raramente se via alguém ali.

No início dos anos 2000 o sobrado e uma pequena propriedade vizinha vieram abaixo e o que restou de recordação da velha residência foram apenas as marcas da entrada delas. Uma entrada retangular à esquerda que dava acesso ao andar superior, uma entrada em arco que era a entrada para a casa maior que era a térrea.

Ficarão para sempre perguntas como: quem viveu ali ? quem a construiu ? porque foi derrubada ? Infelizmente o que resta são apenas lembranças, poucas lembranças.

Nota: Em 2010 essa “parede” foi abaixo, hoje existe um armazém comercial no local.

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7 respostas

  1. Infelizmente, caro Douglas, poucos cogitam no que você expôs. Uma das características mais tristes do nosso povo, com raras e honrosas exceções, e doida indiferença com os nossos bens históricos e culturais.

  2. Nesse quesito de voltar no tempo, também gostaria de circular pela Av. Paulista e não permitir que imponentes casarões fossem demolidos e só restasse hoje a Casa das Rosas. Qdo o último veio abaixo, pela ganância dos Mattarazzo,ou pela dívidas incalculáveis, a fim de se construir mais um shopping na região, é de se lamentar e chorar de tanta “criatividade”!

  3. Olá Douglas ! Achei excelente a sua descrição sobre o porquê de voltar no tempo. A minha vontade número 1 é exatamente a mesma – e pelos mesmos motivos. Parabéns, grande trabalho. Um abraço !

  4. Douglas, bom dia. Parabéns pelo excelente artigo e pelo seu trabalho, neste final de semana estava na casa de um sobrinho no alto da Mooca, parei para conhecer a Vila Raucci, já documentada em suas fotos, recebi a informação que ela foi tombada e não será transformada em mais um prédio, procede?

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