Sobrado – Rua General Couto de Magalhães, 470

Conteúdo atualizado em 16/06/2016 – Veja no final da página

Uma cidade em constante transformação e sem qualquer planejamento urbano como São Paulo, gera incontáveis cicatrizes em seu espaço. E estas marcas que maculam a paisagem paulistana são notadas das mais distintas maneiras, como construções vizinhas com visuais absolutamente incompatíveis entre si, calçadas desniveladas, fiação exposta, prédios sem qualquer critério entre altura e espaço e, principamente, construções abandonadas.

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E é de uma construção abandonada em particular que escrevo hoje. Trata-se de um sobrado, localizado na esquina das Ruas Mauá e General Couto de Magalhães, que está fechado e em triste situação de abandono há vários anos, mesmo sendo um bem tombado de nossa cidade.

Oriundo do final do século 19, o sobrado já foi residência em sua porção superior por muitos e muitos anos. Já no nível térreo sempre esteve dedicado ao comércio, com lojas de roupas femininas, armarinhos entre outras atividades. Imagine o quanto não valia e era cobiçado este ponto comercial no início do século 20, quando a Estação da Luz vivia seu auge ? A fotografia abaixo, de aproximadamente 1920, dá uma visão bem diferente de hoje.

No canto direito, a construção abrigava uma loja de roupas (clique para ampliar).

Voltando para o tempo atual, é possível entender o porque do abandono e desvalorização da região. Foram décadas de administrações municipais (e estaduais) totalmente incompetentes em lidar com questões não só urbanas, mas sociais, que deixaram por anos a histórica e bela região da Luz em completo esquecimento. Não se vai muito tempo e  o entorno da estação era repleta de malandros, prostitutas e muita sujeira.

A recuperação está vindo, mas muito lentamente. Já se passa pouco mais de uma década desde que começou-se a falar de Nova Luz, mas ela ainda não chegou de verdade. É inegável o potencial da região não só como um pólo cultural, mas também como pólo comercial. Recuperar urgentemente prédios históricos, como este velho sobrado, já seria um passo muito importante.

Veja mais fotos deste imóvel (clique na miniatura para ampliar):
Crédito das fotografias: Glaucia Garcia de Carvalho

Atualização 14/08/2013:

Parace que bons ares estão soprando para o velho armazém do século 19. Há pouco mais de dois meses o imóvel começou a ser recuperado. A foto abaixo, tirada em 4 de agosto de 2013 mostra a construção já bem melhor do que as outras imagens.

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Estamos acompanhando todo o processo e à medida que tivermos mais novidades a respeito da restauração iremos atualizando este artigo.

Atualização 16/06/2016:

Passado três anos desde que a reforma começou, podemos dizer que o resultado é insatisfatório ou, no mínimo, decepcionante. Apesar da recuperação dar vida ao local, não é condizente com a história da edificação.

Como reforma está ok, como restauro não. Veja foto:

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12 respostas

  1. Fico revoltado pelo descaso das autoridades no tocante à preservação da nossa história. Sim, muita coisa na nossa querida São Paulo deveria e deve ser preservada como parte da memória da cidade.

  2. Será que esse sobrado não era inicialmente um Colonial que recebeu uma “maquiagem” Neoclássica? A forma que ele se encontra no terreno dá essa impressão.

  3. Parabéns pelo primeiro parágrafo, que é um resumo perfeito das causas da feiúra inconsolável, embora não irreversísel, da cidade de São Paulo.

    “(…)E estas marcas que maculam a paisagem paulistana são notadas das mais distintas maneiras, como construções vizinhas com visuais absolutamente incompatíveis entre si, calçadas desniveladas, fiação exposta, prédios sem qualquer critério entre altura e espaço e, principamente, construções abandonadas.”

  4. belissimo imovel,aprox.1880 pelas suas caracteristisca como o gradil circundante ,localização excelente daria um belo apoio p atividades culturais que se firmam na area,desejo lhe boa sorte e muitos anos de vida e funcionamento pleno.

  5. A última vez que passei em frente a essa casa, eu me lembro de ter visto no térreo dela uma loja que vendia produtos de couro, mas faz um tempo.

    1. Aliás… bem perto dai tem a Estação da Luz onde todo primeiro Domingo de mês tem um encontro de carros antigos que é show de bola.

  6. Um prédio que fico intrigada é justamente ao lado deste, na Rua Mauá. Hoje, quando vemos a fachada dele, consta no alto o ano de 1889. Alguém sabe dizer o que havia nesta construção? Se o ano for real, é um dos edifícios mais antigos da Rua Mauá. Mais antigo que o Hotel Roma.

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