Vila Itororó

As origens da Vila Itororó confundem-se com a história das artes cênicas da cidade de São Paulo: O Teatro São José.

Este foi um imponente teatro de nossa cidade (o segundo com este nome),  que ficava onde hoje está o edifício do Shopping Light , e que em outubro de 1920 foi vendido por seu proprietário para The San Paulo Tramway Light & Power.

O entulho do Teatro São José iria para a construção da vila (clique para ampliar)

Após o trágico ocorrido, apenas as paredes e decorações externas como colunas gregas, esculturas e vitrais que foram todas arrematadas pelo comerciante português Francisco de Castro, que transportou todo o material da demolição do teatro para seu terreno de 4500 metros quadrados na região da Bela Vista.

Em pouco tempo – precisamente em 1922, ano da semana de arte moderna – estava inaugurada a Vila Itororó, a primeira obra de engenharia brasileira feita quase que totalmente de material reciclado de outra construção.

A Vila Itororó leva este nome em homenagem à nascente do Riacho do Itororó – que ficava onde hoje se encontra a Avenida 23 de maio – e que abastecia a piscina da vila, a primeira particular de São Paulo.

Piscina da Vila Itororó (clique na foto para ampliar)

O ecletismo da vila logo chamou a atenção de toda a população, devido às estátuas de teatro que ficam no anexo à esquerda da casa principal, dos leões que guardam a entrada da mansão e dos inúmeros adornos que foram trazidos do teatro demolido para lá.

Ainda se destacam no local vários vitrais circulares que decoram a mansão, cada um com um brasão real europeu, além dos brasões da cidade e do Estado de São Paulo, e do antigo império brasileiro. Na sala principal da mansão, gárgulas decoram o ambiente.

Na entrada é possível também encontrar dois leões de estilo assírio-babilônico e a belíssima e exótica estátua de bronze da Deusa da Prosperidade.

A vila foi inteligentemente planejada para ser auto-sustentável. No total, fora a mansão de Castro, existem outras 35 casas que eram alugadas por ele gerando uma confortável renda. A inquilina mais antiga do local atualmente, está ali desde o final da década de 40. Além disso, o anexo à direita da vila foi planejado para ser um teatro popular, o que acabou nunca acontecendo.

Um raro postal da Vila Itororó, possivelmente de seus primeiros anos.

Os problemas da vila começaram em meados da década de 50, quando Francisco de Castro faleceu e não deixou herdeiros. Suas empresas e bens foram leiloados entre seus inúmeros credores e a vila foi junto. Duas décadas mais tarde, o complexo foi doado a Instituição Benenficiente Augusto de Oliveira Camargo.

O ÁRDUO PROCESSO DE TOMBAMENTO

Apelidado pelos vizinhos de “Castelo do Bexiga” a eclética vila há muito tempo chamava a atenção não só dos moradores da região mas também do poder público que acabou por iniciar o processo de tombamento do local no final da década de 70, até que em 1982 o processo foi concluído pela esfera estadual (Condephaat).

O tombamento que viria para salvar a vila de ruir de uma vez por todas acabou tornando-se uma enorme dor de cabeça para a prefeitura, o governo do estado, moradores da vila e admiradores da magnífica construção. Em virtude disso, mesmo tombado, o bem arrasta-se em polêmicas e discussão até hoje, 27 anos após ter sido iniciado o processo.

clique na foto para ampliar

A grande briga trata-se entre os moradores da vila e a prefeitura, cada lado apresentando seus argumentos para defender sua posição. Os moradores alegam ter direito a usucapião uma vez que são em sua grande maioria, moradores de duas ou mais décadas que estão por lá e que pagavam seus aluguéis em dia.

Ocorre que em 2002 a prefeitura ao finalizar o processo de tombamento entrou com um processo de desapropriação contra a proprietária do local, depositando em juízo R$4,6 milhões de reais referente a área. Desde então a Instituição deixou de cobrar os aluguéis dos moradores que a partir dai continuaram pagando os demais tributos (luz e água) e passaram a utilizar estes tributos como forma de comprovar o usucapião. A briga ainda continua pois os antigos proprietários do local ainda lutam por uma indenização maior, de R$7 milhões, que a prefeitura discorda.

Primeiro projeto cultural da Vila Itororó, de 1978 (clique para ampliar)

Já os moradores, todos muito pobres, alegam que tem direito a usucapião do local e que não vão deixar o local de jeito nenhum. “É nossa casa, nossa vida. Estou aqui há 30 anos e tenho o direito de permanecer no local que é meu de direito.”, explica à nossa reportagem Dona Antônia presidente da União dos Moradores da Vila Itororó.

Para ela é possível recuperar a vila sem despejar as famílias que ali vivem a tanto tempo: “Defendo a aplicação de um projeto semelhante à Boca de Buenos Aires, com eventos culturais importantes interagindo com os moradores.”. Ainda sobre a desocupação da vila, ela completa : “…recentemente o prefeito Kassab esteve aqui e disse que precisa resolver esta questão definitivamente, mas ela não pensa em nós. Fazemos parte da vila, exigimos respeito e queremos continuar aqui. “

A prefeitura por sua vez não aceita a idéia dos moradores permanecerem por lá e pretende colocar todos nos projetos de moradias populares para desocupar a vila e finalmente implementar o projeto de transformar o local em um grande pólo cultural e gastronômico, trazendo uma grande revitalização ao bairro da Bela Vista. O projeto modelo de restauração da vila é do arquiteto Vallandro Keating.

A DETERIORAÇÃO

Estátua Aprisionada - Vila Itororó

Enquanto moradores, proprietários e prefeitura pelejam para ver quem está com a razão, quem realmente sofre é a vila. Resistindo a mais de 50 anos sem qualquer tipo de manutenção o local já apresenta sinais de que nem tudo poderá ser recuperado.

A destruição começa logo na entrada da mansão de Francisco de Castro onde um dos leões que guarda a passarela foi quase que completamente destruído, só restando suas patas. Será preciso fazer um molde do leão que ainda resiste para que uma réplica seja feita, isso se o outro leão resistir a tanto tempo de abandono.

Além disso a própria passarela de concreto que liga a rua martiniano de carvalho à porta da mansão – que está a 30 metros de altura do nível do terreno – enfrenta problemas graves de infiltrações podendo desabar, bem como os balaústres do local. Vários vitrais coloridos da mesma mansão estão parcialmente danificados ou rachados e um deles já foi completamente destruído, sendo impossível restaurar já que não há registros de qual imagem estava ali. Isso sem contar as inúmeras adaptações e demolições clandestinas feitas por moradores nas outras casas do complexo.

Enquanto a vila resistir persistirá o espírito corajoso e empreendedor do comerciante português Francisco de Castro que muito a frente de sua época foi o pioneiro da reciclagem, aproveitando o material do antigo teatro que virou mansão.

UM NOVO RUMO PARA A VILA ITORORÓ

Depois de exatos 37 anos do primeiro projeto para transformar a vila em um complexo cultural, naquela época com uma ação do SESC, finalmente começamos a ver as coisas sairem do papel.

Secretário de Cultura Nabil Bonduki e o Prefeito Haddad observam maquete da Vila Itororó

Serão restauradas as casas, a piscina, o ruamento e o palacete que compõem a vila. Após as obras, esses espaços poderão ser ocupados com atividades como residências artísticas, pesquisas e laboratórios de economia criativa, por exemplo. O projeto de ocupação será construído de maneira participativa, inclusive com a comunidade do entorno e com antigos moradores dos imóveis. O objetivo deste diálogo é a reincorporação da vila no cotidiano do bairro.

A primeira etapa da restauração, iniciada em 2014, foi de limpeza e de estabilização das construções da vila, além de levantamento histórico e iconográfico. As obras do palacete estão em fase de finalização do projeto executivo. A segunda etapa terá a restauração das casas e a criação de ateliês e alojamentos. A liberação para o uso será realizada conforme as intervenções sejam concluídas em cada setor. A última etapa envolverá a consolidação da praça, o restauro do palacete e a da piscina. A restauração receberá cerca de R$ 50 milhões de investimentos, financiados por meio da Lei Rouanet. A expectativa que as obras durem por volta de três anos.

A vila de mais de sete mil metros quadrados se transformará em um complexo cultural formado pelo galpão, onde hoje funciona o canteiro de obras, por 10 casas restauradas e pela piscina. Estão planejados ainda um bicicletário, uma horta e uma cozinha abertas ao público. Com a finalização das obras, o acesso será realizado pelas quatro vias do quarteirão, composto pelas ruas Pedroso, Maestro Cadin, Monsenhor Passalacqua e Martiniano de Carvalho.

Aguardamos ansiosamente pela vila completamente restaurada!

Veja mais fotos da Vila Itororó (clique na miniatura para ampliar):

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63 respostas

  1. Via as fotos da Vila no flicker do Douglas e achei o lugar fascinante. Fui conhecer a vila e tentar tirar algumas fotos, mas no dia em que fui, estava havendo uma reuniao dos moradores, entao fiquei muito pouco no lugar e nem fotos consegui tirar. Mas percebi que algo precisa ser feito com urgencia, pois tudo esta se acabando e sendo deteriorado. Com isso acabaremos perdendo uma importante parte da historia da nossa cidade.

    1. Sexta economia mundial, rsrrssrrs, do que adianta isso tudo ????? Não há EDUCAÇÃO, sem ela que é a base, para o RESPEITO, nada adianta !!!!! UM TESOURO DESSES, NESSA SITUAÇÃO, PARECE INVISIVEL AOS OLHOS DOS RESPONSÁVEIS !!!!! REVOLTANTE !!!!!

  2. IMPRESSIONANTE como um patrimônio arquitetônico maravilhoso como esse tenha ficado nesse estado. Insensibilidade generalizada: da antiga mantenedora, do poder público e dos moradores. Se cair, terá que permanecer “caído”, ruínas intocadas, retrato de uma incapacidade! Parabéns pela matéria.

  3. Parabens!

    Passo todos os dias na frente do casarão e sou apaixonado pelo lugar.
    Já levei vários amigos para conhecer (por fora, claro) e acho incrível demais.

    O que podemos fazer para melhorar a situação do imóvel?

    abçs

  4. Nasci na vila Itororo e sai vom 25 anos.Meus pais moraram mais de 50 anos.
    A historia de vida de meus avós,meus pais ,minha de meus irmãos é simplismente linda.
    Nome de meu Papai . . .
    Silvio da Costa Viana casado com
    Eugenia
    Quero muito encontrar alguem dos anos 40/ 50/60/70/80 e outros
    Um beijo a todos.

    1. Oi Sandra, a minha vó morou ali desde 1928, Nome da minha avó Nunciata Tiezzi de Pinho. A casa ficava na rua Maestro Cardim nº 80. Todos os 8 filhos moraram ali em algum momento. Meu tio conhecido como Zuca estava na casa ate ser esbulhada com arma de fogo por um funcionario dele (nortista) talvez em 96. Na época meu pai fez um BO mas nada foi feito para evitar a invasão. Pode me encontrar atraves do facebook Tania Avila.

      1. Oi Tania, minha avo’, Alzira (da casa 1) era muito amiga de sua avo’ e seu tio; me lembro bem deles. Eu costumava ir `a casa de sua avo’ com minha avo’ frequentemente. E tambem eramos freguesas assiduas do restaurante de seu tio Zuca.

    2. Oi Sandra, sera’ que nos conhecemos? Minha avo’ morava na casa 1, Alzira. Eu vivia na vila, no Edem, praticamente cresci la’.

  5. Nossa, um dia sem querer me perdi em SP, justamente na MArtiniano de Carvalho e fiquei parada no trânsito bem em frente ao palacete. Fiquei encantada com o lugar. Estava indo à casa de um amigo p/ que ele me ajudasse com um trabalho de edição p/ o nosso curso. Nem imaginava o que faria… foi naquele instante que decidi. Fui até o meu amigo e voltamos para a Vila. Passamos a tarde toda ali gravando e tirando fotos. Por muito tempo fiquei obcecada pelo lugar, e confesso que ainda continuo. Alguma coisa precisa ser feita com urgência. Não podemos perder esse lugar encantador p/ + um centro que será + comercial do que cultural, como há tantos em SP. Precisamos resguardar nossa memória, nossa cultura.

  6. O processo de expansão urbana gera ruínas. A história não se encontra em edifícios, somente passa por eles, destruindo tudo.

  7. Pena não é absurdo mesmo os políticos só pensam em passar a mão e criar impostos e não fazem o que precisa ser feito.

  8. Quando esta vila maravilhosa ruir, causando uma grande trágedia aparecerão projetos.
    Vai acontecer lá o msmo destino do castelinho da pirineus, uma louca assumiu lá descaracterizou o tudo e esta esparando cair para fazer mais uma favela lá.
    Esta este governo tucano de uma jeito de assentar estas familia em algum c.d.h.u cohab e restaure esta lugar maravilhosoem nome da nossa historia paulistana.
    Sem Tukka

  9. Sinto muito, morador que nao sabe cuidar e nem tem noção de patrimonio deve ser retirado, pois gracas a eles o local virou um grande favelao.

  10. Que me desculpe a Dona Antonia, pres da união dos moradores da Vila Itororó. Mas quem conhece algumas cidades na Europa, vai entender o que falo. São Paulo como cidade grande, não perde para quase nehuma européia, mas ai vem a diferença… CULTURA de um povo!
    Quando se faz necessário modernizar um local para melhor aproveitamento, os verdadeiros “proprietários” destes locais, abrem mão sim de suas prerrogativas, e não é mostrando contas de luz e água pagas,pois entendem que para o progresso de todos, alguns tem que abrir mão! Por isso é que vemos antigas cidades do Velho Mundo cheias de atrações com seus belos casarões e, ficamos morrendo de inveja!
    Abrçs

  11. Moro na Martiniano de Carvalho e passo na frente da Vila todos os dias com dor no coração. É triste saber que nosso governo não esta nem ai pra Cultura e Historia da nossa cidade. Minha avó me conta a historia da cidade antiga, e eu fico apaixonada. Mas fico entristecida com a situação de alguns lugares, não só o da Vila, mas tbm outros casarões.

  12. No processo de tombamento, é fundamental que o governo não seja simplista demais em pensar que resolverá todo o problema preservando somente a cultura material (arquitetônica). A cultura imaterial (história da vila, relação dos moradores com seu espaço, costumes construídos neste espaço com o passar do tempo) é a verdadeira responsável pela existência da vila e de suas características peculiares. Retirar os moradores de Itororó é como arrancar a essência da mesma, é como tirar o protagonista do filme. Uma vez eles expulsos, a vila se torna morta, algo totalmente artificial, apenas um simulacro de vila (e não a real vila). E assim como os moradores são inerentes à vila (através da cotidianidade existente), a cultura destes moradores também depende totalmente do espaço onde vivem: uma vez expulsos, a cultura local (imaterial) se desintegra. O governo precisa pensar nesta questão antes de transformar este espaço tão significativo em “mais uma galeria de arte” genérica, como tantas outras que existem pela cidade, frequentadas pela elite na maior parte das vezes e muito notadas em metrópoles, estas também infelizmente padronizadas pelo mundo!

    1. Infelizmente o protagonista deste filme é um péssimo ator. O que esses moradores fizeram com nossa história é imperdoável. Colocar dinheiro público para restaurar algo que é de interesse de toda uma cidade, para eles continuarem a morar lá de graça, não é cabível nem que eles fossem merecedores. Sou contra até indenizá-los, na verdade eles (não sei se todos) deveriam ser responsabilizados pelo descaso e destruição de algo que é parte da nossa história. Mesmo que não fizessem, nada cultural por ali, apenas restaurassem para que os interessados pudessem ver, já seria o correto. Existem pessoas que realmente merecem ajuda e muitas, mas não é o caso desses vândalos. Por fim eles serão os verdadeiros culpados se um dia a vila cair, pois além de não se tocarem, ainda atrasam o socorro da vila com processos judiciais de usucapião, sem ao menos estar depositando aluguéis em juízo. Muita moleza. Por fim a senhora talvez ainda ache que eles deveriam merecer um salário pago pela prefeitura, para se tornarem um museu vivo.

    2. Priscila, você resumiu a essência de tudo. A Vila Itororó está fadada a tornar-se um produto cultural voltado para nós, classe média. A população dos estratos mais baixos nunca consegue usufruir desses “patrimônio que é de todos”. Ideal seria incluir os moradores locais no processo de “revitalização”, já que existia sim, vida no local – um vínculo afetivo muito mais forte que qq turista terá qdo tornar-se um espaço de “alto padrão”. Infelizmente o que mais existe no Brasil é intervenção urbana excludente. Preservar também pode e deve ser de dentro pra fora, deve basear-se em relações pessoais e espaciais. O valor das coisas não está na sua materialidade, mas no vínculo e no afeto que depositamos nelas.

  13. morei la qndo morei,vi coisas erradas,como mora gente honesta tem muita gente do mal ,o governo deveria tira-los de ..pois lá não dá pra mora as casa estão ruins mais as pessoas se contentão com o pouco

    1. Minha avo’ teve que sair de la’, no fim dos anos 90 porque sua casa foi invadida e roubaram TUDO! ate’ quadros com fotos da familia. Quando eu era crianca, na decada de 60-70, brincavamos na rua o dia todo, portas abertas, as maes e avos faziam bolo e doces para a garotada toda; passei uma infancia muito feliz e segura, ali.

  14. Fiquei fascinado pela história da Vila Itororó e pesquisei na rede tudo que pude encontrar sobre ela, matérias fotos etc… Contudo algo me deixou bastante intrigado, a questão do usocapião. O mania que as pessoas tem de querer o que é dos outros de graça ou entregue sem esforços pelo poder público. Não tenho casa e sei que se um dia quiser ter uma terei que trabalhar muito, ou me enfiar em dividas que vão durar décadas da minha vida, para realizar o sonho da casa própria. Tudo bem, se trata de famílias pobres, irão dizer alguns, mas o que fizeram essas famílias para merecer esse pedaço da história? Estão lá a mais de quinze anos sem pagar aluguel e o mínimo que deveriam fazer era preservar o imóvel. Mas também dirão que tais famílias não tinham dinheiro para isso. Mas notei nas fotos que tiveram dinheiro para fazer puxadinhos, trocar as janelas originais por outras mais modernas, que não tem nada a ver, além de pichar tudo, dá para ver também nas fotos que muitos têm dinheiro para comprar carro. Vi a foto de uma estátua toda colorida, um verdadeiro descaso por parte desses vândalos que moram lá. E o pior de tudo é que os caras querem tirar vantagem de uma Santa Casa, em uma época que a saúde necessita de dinheiro, mais do que nunca. Até o absurdo de que os caras querem que a prefeitura restaure para que eles continuem a morar por lá eu li em algum lugar. Quanto tempo levaria para que os caras detonassem tudo de novo se isso acontecesse? Depois privar a população de São Paulo de conhecer a fundo, a primeira vila da cidade, a primeira obra sustentável e reciclável, a primeira piscina privada, seria inadmissível. A verdade é que esses caras só querem ganhar sem nada fazer, e graças a eles é possível que a vila desabe antes que possa ser restaurada. Acho que deveriam ser removidos até pela própria segurança, já que podem ser vítimas do próprio descaso, de uma total falta de zelo, pelo que não lhes pertence e recebem de graça a mais de 15 anos. Absurdo.

    1. Apenas para seu conhecimento, Sr Fábio, os moradores deste lugar pagavam aluguel.Quando então, este. deixou de ser cobrado, veio então a ordem de despejo. Com relação ao “grafite” , não é obra de moradores e sim de “grafiteiros” que acabam por utilizar o espaço para suas manifestações culturais.Claro que há exceções, como em quase tudo nessa vida, mas, em sua maioria,não somos vândalos e nem queremos tudo de graça.Viemos para cá,por conta de problemas financeiros e de saúde de meu pai, quando eu ainda era uma criança, cheguei iniciar Faculdade, nunca parei de trabalhar e não me considero vândala e muito menos aproveitadora.Não se pode generalizar nada e muito menos falar de algo que não conhece.Fiquei muito feliz com a saída de metade da vila para uma unidade do CDHU, e ficarei mais feliz ainda quando eu sair dentro de alguns dias.Não é de graça, terei prestação para pagar, mas, acredite, não vou atrasar minhas contas. Um absurdo é alguém falar do que não conhece.

      1. Cara Samantha. Grafiteiro e pixadores são um câncer e grafiteiro que utiliza a história como folha de papel, deveria estar usando os muros da cadeia para expressar suas manifestações culturais. Acredito realmente que existam pessoas de bem que moram ou moravam na vila e meu comentário se baseou em tudo que eu li e assisti na internet. Fico feliz de saber que haverá moradia “financiada” para todos e que este patrimônio consiga ser resgatado antes de ruir por completo, porem ainda insisto, que se houvesse interesse e empenho por parte dos moradores as coisas não chegariam ao ponto que chegou. Meu desejo é que as pessoas que danificaram a obra, fazendo puxadinhos e outras alterações, fossem responsabilizadas por suas ações, não se pode chegar a lugar nenhum nessa vida, sem educação e civismo. Boa sorte para vocês e boa sorte para a Vila. Que ela possa ser salva depois de tantas décadas de mutilações e agressões!

      2. Não se faz criticas daquilo que não se conhece!!! as pessoas sabem julgar tão bem não é mesmo? isso ocorre em todo tempo e situação… como em tudo existe os dois lados da história… famílias que foram parar naquele lugar por algum motivo e a falta de cuidado com a manutenção dos espaço para que não ficasse da maneira que ele se encontra hoje… devemos cobrar de nossos governantes que o dinheiro mal administrado chegue a onde se faz necessário… sem descaso com a população e com nossos casarões que se encontram pelo centro da cidade… construir algo que só a elite terá acesso, fala sério… quem ganha para conseguir ir a teatro todo mês? eu como professora de educação infantil com certeza não tenho um salário digno… que possa me dar a oportunidade de frequentar e estar em eventos culturais aos quais acredito ser um direito de todo cidadão… vamos acordar meu povo… desocupar o espaço e levar essas famílias para onde? e a história de cada uma delas, ninguém se preocupa com isso? lamentável …

        1. então, quem mora lá devia ter preservado o patrimônio, não deixando chegar no estado que tá…e agora querendo que o poder público restaure um bem que era particular, porém, não valorizado!!!

    2. Concordo com você.
      E mais estão roubando o que é do povo paulista que tem por direito defender sua história.
      Ví alguns vídeos e é injustificável o que ocorre no lugar.
      Os invasores querem se apropriar do lugar e ainda exigem que o poder público banque sua utopia imobiliária.
      Não devemos descansar enquanto a prefeitura não tocar o projeto que eles já tem para o lugar.
      ( http://www.youtube.com/watch?v=qrUgYBFlyXo&feature=related )

      Por favor Prefeitura de São Paulo, Resgatem a Vila Itororó e a devolvam para o povo paulistano.

    3. Quero contestar o seu comentario Sr Fabio, penso que a vila ficou assim justamente porque a Prefeitura quer tomar posse de casas que não foram construidas por eles e sim por imigrantes que trabalharam como escravos e que hoje estão morando ali por direito. A minha familia residiu desde 1928 ganhou a casa de um casal que morava na parte da frente, este palecete que está ai nas fotos e eram donos da vila e meus avós moravam nos fundos… Enquanto os donos estavam vivos minha familia morava ali sem pagar aluguel depois inventaram donos pra vila e o Cartorio começou a cobrar um aluguel simbólico… A deteriorização aconteceu devido ao apoio que a Prefeitura deu para os invasores. Em 96 este imovel foi esbulhado por um nortista, em 97 a maioria dos moradores tiveram de sair dali e a Instituição Afonso Camargo parou de cobrar aluguel e recebeu da Prefeitura 8 milhões de reais em 2006. Agora pergunto quem tem direito ao imovel: minha familia que estaria morando quase um seculo, a Instituição Afonso Camargo que não tinham a posse ou a Prefeitura? é muito facil falar qdo não é seu o imovel. Realmente muitas pessoas estão recebendo de graça e acabando com a vila. Acredito que tenham pessoas honestas na vila mas a maioria são vandalos apoiados pela Prefeitura.

      1. Oi Tania, eu não sei se você mora por aqui em São Paulo. A Vila Itororó foi totalmente desocupada e encontra-se vazia aguardando o início do restauro.
        Se será restaurada mesmo, só o tempo dirá.

        1. Não concordo com certos tombamentos , acho essa politíca ineficiente , eles dão margem a fabricas de bandidos dentro da cidade , se não pode ter patriomonio não atrapalha o desenvolvimento da cidade.

  15. A Prefeitura está perdendo tempo, pois existem inúmeros pequenos apartamentos à venda no Centro com baixo custo e os moradores poderiam ser removidos, e contando com acesso fácil ao transporte, hospitais e trabalho.

  16. Como moradora da Vila, manifesto minha alegria em sair dela dentro de alguns dias. Mais de 50 famílias já deixaram o local indo habitar apartamentos no mesmo bairro, próximo a 14 bis e o restante já com os seus contratos assinados irão para outra unidade.Um restante tem promessa de atendimento já para o ano que vem. A região é valorizada e realmente concordo com a mudança. Entendo a fama ruim do lugar e de algumas pessoas, mas, nada neste mundo pode ser generalizado.

  17. Essa semana eu passei neste impressionante monumento e já pude ver a guarda civil metropolitana cuidando dele como um patrimonio da cidade de São Paulo.
    Tudo isso para evitar novas invasões.
    Segundo os guardas que ali estavam, será fechada toda a área com madeira para evitar o acesso e deixar as demolidoras trabalharem.
    Espero que apenas derrubem o que foi construído ferindo os imóveis históricos.
    Parabéns a prefeitura pela iniciativa (não acredito que um dia iria elogiar a prefeitura do Kassab, bom ao menos isso).

  18. um país que não preserva sua memória,sua hisória,não se importa com sua cultura e seus elementos seja eles qual for,não deve ser levado a sério.pois se não preservam seu passado om certesa não se preocupara com o seu futuro.

  19. Realmente, fica na história ! Eu desde pequeno já descia o escadão para ficar na casa da Dona Maria, uma senhora que cuidava da criançada local para as mães trabalharem ! Cresci dentro da Vila, fiz alguns amigos, vi gente chegar e sair dali, desputamos várias partidas de futebol naqueles paralelepípedos, embaixo de chuva de verão, tinha a piscina do Clube Éden, que não sei se foi ali que fizeram a primeira piscina particular, festa juninas com fogueiras, junção do pessoal que ia para o Vektra (casa noturna da Martiniano de Carvalho, que era o point de diversão nas matinês de Domingo) enfim…muitos amigos na Vila e muitos anos depois ver a mesma ruir e virar ponto de tráfico de drogas e refúgio para bandido, ver a molecada fazer escola com a bandidagem (quem já não foi assaltado no farol da Concessionária da Pedroso ????). Infelizmente este é o fim da história ! Para os moradores da Vila, muita sorte no processo da casa própria ! Para as pessoas que se preocupam em restaurá-la…façam isto para o público em geral e não um espaço para um bando de burgueses e playboys intelectuais, pois quem herdou foi o povo e queremos nos orgulhar de fazer parte da história, direta ou indiretamente ! PAZ A TODOS !

  20. Alguem disse que o principal problema do Brasil é o povo. Concordo. Não adiantará refazer a vila para moradia pois se deteriorará logo. Acredito que tornando-a um resraurante ou um complexo de cultura que gere renda pra própria manutenção ela conseguirá se manter. Fora isso, voltará a ser o favelão, com gente jogando lixo pelo murinho que dá pra saída da 23 (o qual deveria na restauração fazer uma saída) onde os marginais que moram lá assaltam os carros e pulam pra dentro como eu já vi v árias vezes. Enfim, fazer isso, restaurar e unir aquelas casas que ficam ao lado, antes da concessionária, ai sim, talvez o negocio melhore porque do jeito que tá…. E pra quem disse que está vazia, só se for do lado da Martiniano pois sempre que vou ao Pão de Açucar ou que subo pela saída da 23, sempre tem pivetes, marginais e moradores de rua que não conseguem vaga no albergue do viaduto e dão um jeito de entrar ali ( e que nada de mal nos fazem ao contrário dos trombadinhas). O povo brasileiro tem um sério problema (piorado com a posse do presidente que diz q estudar é besteira e o que importa é ser esperto) em dizer sempre coisas do tipo “nóis qué casa” “nois tem direito” mas nunca diz “nóis qué estudar até de madrugada pra melhorar de vida e adquirir cultura que nos proporcionará não precisas da ajuda de governo nenhum e conquistar minha casa com dignidade”.

  21. Li que há um projeto de revitalização e criação de uma espécie de Centro Cultural, porém passei hoje por lá e vi placas de uma empresa de demolição. Será que o projeto caiu por terra?

    Um abraço,
    Bel. Sirin

  22. Até que enfim o local foi desapropriado. É lamentável pessoas da esquerda política usar as pessoas pobres e honestas que moram lá há anos para obter vantagem e ganhar casa de graça! Enfim…..

  23. Moro próximo a vila e confesso que sempre me intrigou até que finalmente consegui descobrir um pouco de sua origem pela internet.

    Fiquei sabendo que muitos moradores deixaderam a vila, porém ela está longe de ser desabitada.

    Outro dia instalaram um portão com uma corrente na entrada da rua martiniano. Eu vejo gente entrando e saindo de lá direto (e não são só fotógrafos)

    Pelo jeito essa história ainda está longe de acabar (ou talvez cada vez mais próximo, pois não demora a se perder de vez)

  24. Eu acho simplesmente revoltante, pra dizer o mínimo, o descaso com tão belos patrimônios arquitetônicos não só na cidade de São Paulo, como aqui em minha cidade, Jundiaí. Aliás, aqui em Jundiaí quase nada mais sobrou! Uma cidade que, pelas fotos de 50, 60 anos atrás, era simplesmente LINDA, e hoje, devido ao descaso com o patrimônio histórico, cultural, arquitetônico, tem pouquíssimos resquícios desta beleza. Lamentável que a Vila Itororó e tantos outros belos imóveis mostrados aqui, sejam alvos dos descaso das autoridades. Lamentável que tão belo lugar, outrora nobre, seja hoje um cortiço, uma submoradia, UM LIXO. Muito triste esta realidade!

  25. Hoje passei em frente e vi uma placa de uma demolidora. Estranho uma demolidora tomar conta de algo que dizem que será restaurado não?

  26. Fui lá esta semana para mostrar essa beleza para meu namorado, mas pra nossa surpresa havia um muro temporário na frente. Não dava pra ver mais nada, só o rosto que ficava na frente da construção.
    Muito triste. No site http://vilaitororo.blogspot.com.br/search?updated-min=2013-01-01T00:00:00-02:00&updated-max=2014-01-01T00:00:00-02:00&max-results=2 li que ela já foi esvaziada no começo do ano passado.
    Muito triste isso, até porque como disseram ali no texto, as pessoas tinham direito à morar lá. Não era uma invasão.
    Resta aguardar, mas não tenho muita esperança de que o poder público vá reformá-la. Muito provavelmente ficará parado por anos, até que desmorone por si só.

    1. Sairia mais barato recuperar lá do que desapropriar as famílias: LÓGICO QUE SIM… porém, “nossas otoridades” sabem disso, mas preferem demolir um imóvel histórico e que seria uma grande atração para o bairro para construir mais um “pombal de luxo” feio e sem graça, mas que acomodará muito mais gente empilhada uma sobre a outra e viva o Brasilzão… 😛 😛 😛 😛

  27. Conforme reportagem, parte da Vila Itororó será entregue em 2016. Os trabalhos de restauração já iniciaram. Vamos aguardar !

  28. Menos mal que vão recuperar as casas, pelo menos ESSE patrimônio histórico será mantido, só resta saber se manterão também os antigos moradores que tem o direito de lá ficarem.

  29. Trabalhei ali perto e acho a vila fascinante. Sou totalmente a favor da recuperação, mas 50 milhões de reais?????
    Esse numero está correto?

  30. Meu deus eu morei na casa 08 e olha depois que me mudei da li olha o que virou
    Meu deus era lindo nos anos que morei lá
    Nossa eu tenho o super 8 da festa minha de aniversário e as fotos tudo era no lugar limpo e pintado inclusive tenho os slides da piscina
    Isso tudo em 1970
    Depois eu fui morar no Pacaembu no qual vivo até hj
    Que saudades
    Muito triste de ver o que virou esse lugar pra quem foi testemunha de um lugar que um dia foi lindo e suntuoso
    Era nobre morar lá
    Abcs Sergio Pontes ce

    1. Oi Sergio, sera’ q nos conhecemos? Minha avo’ morava na casa 1; cresci na Vila,no Edem (piscina, ping-pong, festas)

  31. Olá Douglas. Nota 10 seu trabalho. De fato precisamos ajudar e apoia-lo no que for necessário para a continuidade deste valioso serviço.
    E se você tiver oportunidade, gostaria que publicasse algo a respeito da maternidade do Bras, onde nasci em 1962.
    Infelizmente o prédio não existe mais, mas acredito que de lá saíram pessoas menos anônimas que eu, e deve ter histórias boas pra contar.
    Abraço.

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