A casa vitoriana da Rua Nagib Izar

A arquitetura paulistana é bastante diversificada, sendo que por toda a cidade vemos diferentes estilos que agradam e desagradam. Como não sou arquiteto, enxergo essa mescla de estilos como algo típico de uma cidade que ao longo de sua história recebeu uma enorme quantidade de imigrantes das mais variadas nacionalidades.

Essa miríade de estilos certamente mexe com as pessoas, que gostam ou desgostam deste ou daquele estilo. Há quem goste de Oscar Niemeyer e reprove Ramos de Azevedo e há quem pense o contrário ou até goste dos dois.

A residência abaixo certamente causa reações variadas a quem a observa:

Localizada na Rua Nagib Izar, Jardim Anália Franco, este sobrado é completamente diferente de praticamente todo tipo de arquitetura residência que costumamos ver em São Paulo.

Apesar de ser um imóvel novo, sua arquitetura é amplamente inspirada no estilo vitoriano tão presente nas casas que costumamos ver nos Estados Unidos e no Canadá. Não me recordo de já ter visto alguma coisa parecida aqui na capital paulista.

Muitos arquitetos irão torcer o nariz ao ver o sobrado, mas a grande verdade é que no mar de construções sem graça e sem estilo que predomina-se em São Paulo um imóvel desse é muito bem vindo. Os conservadores até poderão dizer que a arquitetura tem “obrigação de seguir cartilha de estilo”, mas convenhamos que esta cartilha não funciona bem em uma cidade com a nossa, tão diversificada em suas construções.

clique na foto para ampliar

Retomar a estética de época passada nada mais é o que estamos vendo no cotidiano com a cultura vintage, que adota nos dias de hoje aquilo que já foi padrão no passado. E observamos isso no antigomobilismo, na moda e no design. Porque não também na arquitetura ? Vale lembrar que importantes construções paulistanas foram erguidas em um estilo arquitetônico destoante de sua época, como o próprio Theatro Municipal e a Catedral da Sé.

Neste caso da casa, arquitetonicamente, falando trata-se aqui de um falso histórico*¹. A residência foi reformada ou construída no lugar de outra mais antiga e sua obra foi concluída no ano de 2010.

Finalmente, trata-se de uma obra residencial paulistana bastante interessante, cuja construção leva primordialmente ao debate em torno dela. Devemos nos apelar as cartilhas das escolas de arquitetura ou devemos deixar a vontade do proprietário falar mais alto ? Deixe seu comentário.

Nota: Quem souber o autor da obra entre em contato conosco. Gostaríamos de conversar!

*1 Falso histórico: Quando uma obra tem características históricas, se faz passar por antiga, porém é um edifício novo, muitas vezes imitando o estilo original de um artista.

Compartilhe este texto em suas redes sociais:
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Siga nossas redes sociais:
pesquise em nosso site:
Cadastre-se para receber nossa newsletter semanal e fique sabendo de nossas publicações, passeios, eventos etc:
ouça a nossa playlist:

Casa – Rua Paulo Orozimbo, 52

A antiga construção geminada do início do século XX foi poupada de uma demolição arrasadora ao seu redor e aos fundos. Mas até quando a velha casa irá sobreviver ?

Leia mais »

24 respostas

  1. A única coisa que podemos fazer é admirar, afinal o proprietário trabalhou e paga por aquilo que tem, e de nada temos haver com isso, mas sem dúvidas, ver este tipo arquitetônico nos inspira fortemente, não à todos, mas à alguns.

  2. Aqui em Brasília, num bairro residencial antigo e nobre, de altíssimo padrão, fizeram um casarão imenso todo em estilo romano. São aproximadamente 800m2 de área construída se não estou enganado. Um palácio de 2 pavimentos com subsolo. possui colunas em mármore branca, janelões de madeira envidraçados com venezianas. Portas de madeira todas trabalhadas. Tudo é em estilo romano, das construções ao paisagismo. O terreno tem um total de 10.000m2.

  3. Puxa… eu amo os EUA, já fui pra lá 2x mas fiquei em ambas, somado o tempo, 40 dias. Com isso consegui conhecer 7 Estados (dezenas de cidades) além de Washington DC, rodei mais de 5000 km de carro por lá e cada canto que eu fui eu encontrava arquitetura diferente. Esse formato do sobrado deste post me parece muito com o que encontrei em São Francisco – Califórnia e também em Jersey City – Nova Jersey. Na verdade o que mais chamou minta atenção foi em São Francisco – CA, pois dentro da cidade 99% é literalmente esse modelo mas se sair da cidade já encontrará casas bem diferentes, ou seja, é bem regional, já em Jersey City – NJ tem vários modelos, essas só achei em bairros na região central. Falando de São Francisco – CA, é o que eu mais amei em toda cidade, fiquei lá 5 dias e ficava rodando a cidade de carro, tirando fotos e observando cada detalhe e desejando demais morar lá (não gostei tanto do que a cidade oferece em comparação com demais lugares que conheci nos EUA, mas essas casas me cativou demais, até sonhei com o fato de construir uma igual pra mim aqui no Brasil). A casa que a Janis Joplin morou lá é idêntica a essa, só muda a cor. Próxima vez que eu for a SP, se eu for de carro, faço questão de ir nessa casa ver de perto, fiquei muito feliz em ver isso. Obrigado por compartilhar, visto que não imaginava ver isso em Terras Tupiniquins. Por isso amo São Paulo-SP e Curitiba-PR, as melhores cidades do Brasil, por terem tanta diversidade e conseguir ainda preservar parte da história.

  4. Primeiramente devo confessar que amo esse estilo assim como amo o Art Déco e
    Art Nouveau. Em segundo lugar, cada proprietário tem o direito de construir o que bem entende!Gostando ou não, o público apenas observa pois isso não provoca danos à coletividade.Acho fascinante exatamente essa riqueza arquitetônica que nos faz esquecer esses pombais atuais que são os condomínios com padrões e gabaritos pré-determinados e monótonos.Amo a diversidade e é ela que nos enriquece e nos faz sentir curiosidade pelo diferente e inusitado.

  5. Como assim, cartilha de estilo!? Q estupidez e essa!? Se o terreno e meu, construo o q eu quiser e ninguém tem nada com isso, eu q vou morar lá, ora

  6. Moro relativamente perto dessa famosa rua, que tb. tem se tornado muito comercial, assim como o entorno. O que nos chama atenção além do requinte é referente à segurança, hoje casa sem câmera, grade, cerca elétrica e demais aparatos fica muito à mercê de meliantes!

    1. Se você se enteressar por uma casar e não saber como se comunicar com o proprietário você pode ir no cartório da cidade e pedir a “certidão de matricula’ (um documento livre pra qualquer cidadao)do imovel e vai aparecer o nome do proprietário e se informar ou até fazer uma oferta

  7. Muito agradável de ver, contrastando com a monotonia e a pobreza da arquitetura moderna da vizinhança. Que o interior esteja à altura da fachada. É a opinião de alguém acostumado a admirar arquitetura antiga quando viaja para fora e inconformado com o modernismo que se esgotou e teima em não morrer. Beleza também faz parte da qualidade de vida.

  8. O desejo do cliente deve sempre predominar. Cabe ao arquiteto dar-lhe o caráter técnico e, não sabendo trabalhar com o estilo, admitir e propor algo equivalente ou indicar quem saiba. É absolutamente ridículo um arquiteto querer enfiar goela abaixo da pessoa o que ELE acha que é arquitetura “legítima”. Eu estou surpreso de saber que essa casa é nova, quero muito saber quem foi seu arquiteto, pois quase tudo está nos conformes do ecletismo vitoriano. Há critério no desenho arquitetônico. Aliás, para quem se interessar, estou colaborando num projeto que reúne exemplares de nova arquitetura tradicional no mundo inteiro. Construções feitas por arquitetos que estudaram especificamente para projetarem nessa linha:

    https://www.google.com/maps/d/embed?mid=1KvDzTuYXBoXk6Zc5Ozm0ivwBGF7un9aU

  9. Eu amo casas neste estilo, uma pena serem tão raras hoje em dia, na minha cidade, Bragança Paulista SP, ainda possuem algumas porém bem velhinhas… Gostaria muito de construir uma do zero, apesar de desconhecer quem faça este tipo de projeto…

  10. É praticamente um bálsamo para a alma saber que alguns corajosos arquitetos estão ousando romper com a arquitetura modernista e pós-modernista e retornando ao tradicionalismo. O que vejo nas faculdades é uma imposição destes estilos predominantes como algo genuinamente brasileiro, e grande parte dos arquitetos formados nesses moldes reproduzem esta imposição ao determinar para o cliente qual é o estilo a ser seguido nas suas construções.

    Particularmente não gosto muito do estilo vitoriano por, este sim, não ter muita ligação com o nosso país, mas a iniciativa de construir algo do zero nos dias de hoje em uma arquitetura tradicional certamente é o indicativo de algo que está acontecendo. Na Europa, por exemplo, há um movimento no sentido de recuperar certos sítios e praças históricas, e essa recuperação envolve recuperação da arquitetura original dos prédios clássicos que foram transformados em blocões modernistas durante os anos 50/60/70 para suas características originais, tanto interna quanto externamente, e com uma reprodução tão fiel que não dá pra se chamar de “pastiche”. Torço pra que um dia isso aconteça no Brasil.

  11. Eu achei maravilhosa, linda essa casa !. Sinto tanta falta desse tipo de resgate não só em São Paulo mas no país mesmo. Moro numa cidade do interior com um passado muito tradicional onde há ainda algumas casas que seguem esses lindos padrões antigos, essas casas daqui estão em decadência, se deteriorando onde as famílias proprietárias encostam no poder público o pedido de verbas para restaurações sob o argumento de que o imóvel se insere no contexto histórico da cidade, o poder público local por sua vez não demonstra interesse e com isso nada acontece. Há um grande prédio de dois pavimentos, porão e solário superior construído num pé direito alto associado a uma arquiteta linda com minuciosos acabamentos que deixam o prédio imponente, neste local funcionou por um tempo a Casa da Cultura da cidade mas hoje está fechado sem uso algum, não há nenhuma placa de anúncio mas corre o burburinho local de que o prédio está a venda por um milhão de reais. Temo que se isso for verdade o prédio cairá na malha da especulação imobiliária por estar encostado e ficar num das melhores localizações da cidade e futuramente ser comprado por um banco que o derrubará e construirá no local uma agência feia e sem graça, é de cortar o coração só de supor. Infelizmente parece prevalecer um profundo mal gosto em nosso país onde hoje tudo é construído pra ser apenas funcional quando há uma real possibilidade das coisas serem além de funcionais, bonitas também. Se a arquiteta de uma cidade reflete o espírito de sua gente, infelizmente não temos muito o que nos orgulhar, nossa sociedade está feia e bagunçada e mal cuidada igual aos grandes centros urbanos e outras moradas também !.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *