A importância dos ingleses para o desenvolvimento de São Paulo

Ao longo de sua história São Paulo recebeu a influência de diversos povos estrangeiros na construção de sua identidade, fazendo da região uma das mais cosmopolitas do planeta. Italianos, portugueses, japoneses e árabes, por exemplo, fincaram raízes na maior cidade do país. Entre eles estão também os ingleses, que ajudaram na construção da identidade paulistana em diversos aspectos.

Se hoje a influência cultural britânica está fortemente presente na cidade e a língua inglesa se tornou predominante nos negócios e bastante ensinada nas escolas e em cursos de inglês, muito se deve a um fluxo migratório que começou há mais de 150 anos e perdurou pela história de São Paulo até os dias de hoje.

A Estação da Luz ainda no século XIX – clique na foto para ampliar

São Paulo Railway

Um dos grandes marcos da presença inglesa em São Paulo são, sem dúvida, as ferrovias, fato que está diretamente ligada a chegada de cidadãos britânicos em meados do século XIX, entre eles experientes engenheiros, como o escocês James Brunlees, um dos mais renomados construtores da época.

Com a necessidade de transportar o café do noroeste paulista para o Porto de Santos, principal ponto de exportação, surgiu de Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, a iniciativa de planejar uma ferrovia, projeto posteriormente concedido aos ingleses. Assim nasceu a São Paulo Railway Company, primeira linha férrea de São Paulo, que ligava Santos a Jundiaí por trilhos que subiam a Serra do Mar.

A ferrovia se manteve sob administração inglesa até 1946, quando passou a ser controlada pelo Estado, mas o legado desse período permanece até hoje na arquitetura. A Estação da Luz, por exemplo, um dos principais marcos arquitetônicos e turísticos da capital paulista, teve seu projeto desenvolvido pelo arquiteto britânico Charles Henry Driver.

Mais de 150 anos depois, a estação continua sendo uma das que tem o maior fluxo de passageiros na capital paulista, já que é um dos principais pontos de ligação entre os trens metropolitanos para diversas regiões da Grande São Paulo.

Locomotiva história faz passeio em Paranapiacaba

Outra importante influência inglesa na região metropolitana que também está ligada à São Paulo Railway é a Vila de Paranapiacaba, em Santo André, que foi um importante ponto de controle operacional da ferrovia e local onde parte da comunidade inglesa residiu.

Com um cenário bucólico e arquitetura predominantemente britânica, a vila recebe turistas de todo o país por ser como um “pedaço” do Reino Unido em plena São Paulo, além de abrigar um museu ferroviário que preserva um pouco da história da São Paulo Railway Company.

Esportes

Charles Miller

São Paulo tem hoje os principais clubes do país e do continente quando o assunto é futebol, mas a consolidação do esporte na cidade também está diretamente ligada à imigração inglesa. Foi Charles Miller, brasileiro filho de um britânico que veio à cidade para trabalhar na ferrovia, quem trouxe o futebol para São Paulo, após passar anos na Inglaterra, berço do esporte.S

A primeira partida registrada de futebol no Brasil aconteceu em 1895, entre o São Paulo Railway Company, time de Miller e dos imigrantes trabalhadores da ferrovia, contra o São Paulo Gaz Company, também capitaneado por ingleses da Companhia do Gasômetro.

O São Paulo Athletic Club também foi pioneiro em outros esportes de origem britânica, o rugby e o cricket. Até hoje, o SPAC é o maior campeão nacional de rugby, com 13 títulos, sendo o último conquistado em 2013

Os ingleses também fundaram o São Paulo Golf Club, primeiro clube de golfe do Brasil, em 1901 (à época, São Paulo Country Club), situado do Morro dos Ingleses, próximo à Avenida Paulista, sendo depois transferido para a região de Moema.

Bairros Ingleses e influência cultural

Morro dos Ingleses, Parada Inglesa, Vila dos Ingleses, Chácara Inglesa, Rua dos Ingleses… certamente são nome conhecidos por quase todos os paulistanos e que, evidentemente, estão ligados à imigração britânica. Porém, outros bairros têm forte presença da comunidade inglesa, como Campo Belo, Cambuci, Bela Vista, Alto da Boa Vista, Lapa e Moema.

A charmosa Vila dos Ingleses na Rua Mauá (Luz)

A influência cultural britânica pode ser percebida em restaurantes e os pubs típicos de ingleses. Além é claro, das escolas de idioma, centro culturais britânicos e da Câmara Britânica de Comércio e Indústria, uma das mais atuantes câmaras de comércio atuantes na capital.

A comunidade britânica e de seus descendentes ainda é uma das mais numerosas de São Paulo e, dada a importância histórica que os imigrantes tiveram, seu legado está certamente entre os mais representativos para a região metropolitana e para todo o estado. Afinal, quem anda de trem, passeia pela Estação da Luz e Paranapiacaba ou joga futebol em qualquer campo da cidade deve isso aos ingleses.

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8 respostas

  1. Lembro-me com saudades melancólica por ter usufruído muito pouco do tempo da linda história em que Paranapiacaba estava em plena atividade com todos seus atrativos naturais, assim como, a torre, a estação, a movimentação do locobreque, tanto descendo como subindo os vagões, a movimentação dos trabalhadores ao longo das linhas e dormentes executando a manutenção perfeita sob o comando dos fiscais que seguiam religiosamente a doutrina inglesa, isto tudo por ter sido testemunha ocular do pequeno período de 1950 até a extinção em meados de 1960 quando criança, e também na juventude.

  2. Vídeo esclarecedor referente à preciosidade da época! Vamos torcer para que volte ao funcionamento dessa viagem que tb. usufruí da capital ao litoral santista…

  3. Otima informação histórica !
    Adorei ter toda essa info pelo vídeo , assim como todas as fotos….
    Parabens !!!!!

  4. A Rua dos Ingleses, na Bela Vista, foi o local de residência dos engenheiros que vieram construir as estações, em especial a da Luz. O planalto, que se estendia desocupado, na época, era usado como campo de golfe por eles.

  5. Legal.
    Eu estive há pouco tempo(no inverno passado) na região da Luz, onde “descobri” uma Vila Inglesa, bonita e bem preservada – apesar da deterioração do entorno- e sugeri uma reportagem para o São Paulo Antiga.
    Bem, já que o Douglas não citou meu nome, vou afirmar agora, com muito orgulho, que essa matéria foi uma sugestão minha.

  6. Uma pequena correção:
    Não foi Charles Miller que fundou o São Paulo Athletic Club. O SPAC foi fundado em 13/5/1888 (no mesmo dia da promulgação da Lei Áurea), quando Charles Miller, então um menino de 13 anos, ainda estava estudando na Inglaterra.
    Ele foi o responsável pela implantação do futebol no clube, depois que retornou a São Paulo, em 1894. Até então, os esportes praticados no SPAC eram, principalmente, o críquete, o rúgbi e o tênis.

  7. Para além disso, a mergulhar em pontos turísticos da natureza e da cultura do país, e para a barreira do idioma não foi um obstáculo na compreensão das tradições culturais do povo inglês, tem uma grande oportunidade de aprimorar o conhecimento e mesmo de começar o estudo da língua a partir do zero na escola EnglishPapa, passando especialmente desenvolvido o curso de viagem. Onde mais atenção é dada ao discurso coloquial. https://englishpapa.com/

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