Prédios demolidos – Alameda Cleveland, 173 a 199

A questão da Nova Luz em São Paulo é uma temática abordada com bastante frequência aqui no São Paulo Antiga. Vira e mexe mencionamos alguma novidade sobre o projeto ou alguma demolição que surge usando esta novela interminável como motivo. Desta vez não é diferente.

Região é uma espécie de "Faixa de Gaza Paulistana" - Clique para ampliar.
Região é uma espécie de “Faixa de Gaza Paulistana” (clique para ampliar).

Os prédios da fotografia acima, mais os imóveis que hoje aparecem na imagem apenas como uma pilha de entulho, juntamente com os demais vizinhos do quarteirão, estão sendo demolidos para que este trecho dê espaço para a nova sede do 2º Batalhão do Grupamento Norte do Corpo de Bombeiros, atualmente instalado na Alameda Barão de Piracicaba, e que será demolido para que sua área seja juntada ao espaço da antiga rodoviária, demolida entre 2010 e 2011, para dar lugar ao futuro Complexo Cultural da Luz.

O quarteirão antes do início da demolição (crédito Google).
O quarteirão antes do início da demolição (crédito Google).

O que chama a atenção nestas demolições todas, que atingem praticamente um quarteirão inteiro, onde apenas o maior prédio da quadra, o Edifício Miri, será preservado é a quantidade de moradias que estão sendo derrubadas para dar lugar a um batalhão. Estes prédios das imagens deste artigo, agora em frangalhos, eram perfeitamente recuperáveis para ser destinados à moradia popular, além de serem construções antigas e bastante robustas, bem diferentes dos empreendimentos populares atuais.

Com estas demolições, ao nosso entendimento desnecessárias, dá-se a impressão que o objetivo não é trazer moradias aos necessitados, mas sim sempre haver novas licitações. Quanto mais licitações, mais trâmites suspeitos surgem e mais o povo perde.

Abaixo, na planta cadastral do quarteirão, dá para ter uma noção do que vai abaixo para abrigar o novo batalhão. A área em azul foi ou será demolida, enquanto o pequeno retângulo em branco é do prédio que escapará da destruição.

Planta cadastral do quarteirão.
Planta cadastral do quarteirão.

O novo batalhão dos bombeiros poderia ser perfeitamente construído um pouco mais adiante, próximo à linha férrea da CPTM, nas proximidades da Favela do Moinho, onde quase nada precisaria ser demolido. Mas nossos grandes homens públicos parecem desconhecer a cidade onde vivem.

Lembrando que estes não são os únicos edifícios já funcionando como moradia que vieram abaixo na região para dar lugar ao megalômano projeto do Governo do Estado. Em 2011 o robusto e bem conservado Edifício Opus (clique aqui para conhecer) foi demolido pelo mesmo motivo, mesmo estando em excelente estado de conservação. Aproveite também e leia o triste artigo que escrevemos sobre a extinta Drogaria Duque de Caxias e a sina do seu proprietário localizada na mesma área.

Abaixo, mais duas imagens dos prédios em fase de demolição:

Crédito: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga

Crédito: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga

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6 respostas

  1. Em 1969, pertenci à 2ª Companhia do Corpo de Bombeiros. Funcionava na Barão de Piracicaba, em instalações precárias e acanhadas, no mesmo local onde hoje funciona o 2º Grupamento de Bombeiros, em instalações adequadas, construídas no final dos anos 1980.
    Ao que tudo indica, essa mudança de imóvel só atende aos interesses da Prefeitura, que pretende fazer alguma obra grandiosa naquele enorme terreno baldio onde só o prédio dos bombeiros sobreviveu.Para os bombeiros é de fundamental importância que seus postos tenham fácil acesso às principais vias de trânsito da área que protege, no caso, Av. Rio Branco nos dois sentidos, além de outras. A localização atual já não é boa enquanto que o novo endereço, me parece, será pior ainda. O local sugerido pelo Douglas seria muito pior ainda, do ponto de vista da localização.
    Foi desse posto que partiram as primeiras viaturas que atenderam a incêndios como Andraus e Joelma. Não se pode brincar e muito menos economizar na alocação de postos de bombeiros.

  2. Corroborando o que o autor do post – Douglas Nascimento disse acima, esta área foi objeto de estudo nosso para o Concurso Premio Caixa/IAB de 2009 onde fomos vencedoras justamente com uma proposta de retrofit para o Nair voltado à Habitação Popular e seus arredores com implantação de escola de ensino técnico, área de lazer e de esportes e Boulevard. Na época o Governo federal nos prometeu a execução do Projeto, em uma ação inédita do prêmio, mas a apesar da repercussão do projeto a promessa não vingou, os anos passaram e o Nair veio a baixo para nossa profunda tristeza e frustação. Abaixo alguns links para visualizar o Projeto e sua repercussão na mídia.
    http://www.iabdf.org.br/premiocaixaiab/resultado_profissional.html
    http://www.casellato.com/ing/midia.html
    http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/99/artigo298988-1.aspx

  3. Que tristeza! Morei nesse prédio em 1990. Nesta época essa pracinha era muito bem habitada, e haviam vários comércios aí. Lembro de um ponto de ônibus de onde saiam a Linha Jardim Primavera e Shopping Ibirapuera, uma mercearia, um açougue, um posto de gasolina no outro lado e claro, os pais, brincando com seus filhos, que aprendiam a andar de bicicleta ali. Lembro do som dos trens ao chegarem na estação e de como era bom viver aí. Bons tempos. Uma pena que não se tenha a cultura de preservar bens e manter a história de uma cidade, mas sim, apagá-la. Triste.

  4. Adoro fotos antigas e especialmente compará-las com fotos atuais. Logo que o achei, gostei muito desse blog, mas perdi todo o tesão ao ver que o autor é totalmente alienado e transforma todas as postagens em um choramingo saudosista. Se houve alguma demolição então, sai de baixo: Lá vem aquela lenga lenga de movimento social, de ” especulação capitalista danosa”, etc, criticando até mesmo quando são demolidos casebres abandonados há décadas que só servem para a marginalidade. Vamos ser inteligentes minha gente! Há casos e casos. Esse extremismo fanático só faz mal à sociedade.

  5. Como sempre estão botando o carro nas frente dos bois, como tudo que é feito no Brasil. Este projeto da Nova Luz em si é uma aberração, querem transformar de volta aquela região em polo empresarial. Ora, esta época já foi e repousa como lembrança na memória e na retina daqueles que nela viveram, hoje com um travo amargo de saudosismo “dos bons tempos que não voltam mais.” Será que apenas eu percebo isto, ou não dá para transformar estes prédios em moradias para todos os gostos e bolsos, da mais popular à mais sofisticada, atraindo gente de todos os níveis sócio-econômicos para morar no centro? No exato momento em que a cidade de São Paulo pensa (mais uma vez) um plano diretor que contempla o adensamento populacional de regiões centrais, por que então não fazê-lo? A necessidade de demolições seria algo pontual e isolado para prover esta região de mobiliário urbano, tais como praças, parques, bibliotecas, escolas, hospitais e afins, já pensando na reocupação desta região. Meu Deus, será algo tão difícil assim de se pensar e principalmente, de fazer? Precisamos é de uma dose cavalar de pragmatismo, rápida e urgente!!!!!!

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