Arquivo Público do Estado comemora 125 anos

O Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP), criado em 1892, é um dos maiores arquivos públicos brasileiros. Vinculado à Secretaria de Governo, é responsável pelo desenvolvimento e coordenação da política estadual de arquivos por meio da gestão, preservação e acesso aos documentos públicos.

Na última sexta-feira (10), a instituição completou 125 anos trabalhando para garantir o acesso às informações de interesse da sociedade e protegendo a documentação que registra a história de São Paulo e do Brasil desde o século XVI.

Na foto a sede da Rua dos Timbiras, que funcionou de 1912 a 1949

Aproximadamente 25 milhões de documentos textuais, 2,7 milhões de documentos iconográficos e cartográficos, 45 mil volumes de livros e mais de seis mil títulos de jornais e 2.300 títulos de revistas, provenientes de diversas secretarias de Estado, arquivos e entidades privadas estão disponíveis para consulta ao público gratuitamente, na sede do Arquivo Público ou pela Internet. São mais de um milhão de páginas de documentos digitalizados para pesquisa online.

Os documentos custodiados e preservados pelo Arquivo Público são únicos, originais e serviram para diversos historiadores – de Sergio Buarque de Holanda a seus sucessores -escreverem a história do Brasil. Cinco conjuntos documentais deste acervo são consideradospatrimônio da humanidade pelo Programa Memória do Mundo da UNESCO.

Antiga sede da rua Dona Antônia de Queirós, aberta em 1953

DOCUMENTOS DE GRANDE RELEVÂNCIA PARA NOSSA HISTÓRIA:

Alguns dos conjuntos mais relevantes são os inventários e testamentos dos bandeirantes, época do Brasil Colônia; os primeiros censos produzidos no Estado entre 1765 e 1850, chamados de maços de população; documentos da primeira fábrica de ferro de São Paulo (1765-1870), localizada em Sorocaba e operada por escravos e metalúrgicos suecos; diversas cartas de liberdade de escravos, registradas em cartório; os livros de matrícula dos imigrantes que vieram para São Paulo pelo porto de Santos.

Fichas – Acervo do DEOPS (clique para ampliar)

Estão no arquivo também os fragmentos de projéteis e cartas dos sobreviventes do Massacre do Carandiru (1992), que pertencem ao acervo da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos. Laudos do Instituto Médico Legal, desde 1892, indicando do que morriam os paulistas e com informações que auxiliaram membros das Comissões da Verdade na apuração da identidade dos mortos enterrados na vala clandestina de Perus.

No DEOPS-SP, encontram-se prontuários de pessoas famosas como o escritor Monteiro Lobato e a poetisa Patrícia Galvão, além estudantes, operários, pessoas desaparecidas e anônimos que foram alvo da repressão.

Também merecem destaque os acervos fotográficos dos jornais Diários Associados, Última Hora, Movimento e Aqui São Paulo, além das coleções de fotos e álbuns que retratam importantes personagens, paisagens e atividades econômicas entre o final do século XIX e início do século XX.

SERVIÇOS PRESTADOS AO CIDADÃO:

Entre os serviços que o Arquivo Público oferece está o atendimento ao pesquisador, que disponibiliza infraestrutura e corpo técnico apto, além da emissão de certidões para finalidades jurídicas, serviço prestado por funcionários especializados que fazem a leitura e transcrição paleográfica de documentos.

Consulentes pesquisam no acervo,anos 1970 (clique na foto para ampliar)

Difundir seu acervo e as atividades realizadas é outro compromisso da instituição. Por meio de oficinas, cursos, palestras, seminários, visitas monitoradas, publicações e exposições físicas e virtuais, o Arquivo Público estimula o conhecimento científico e cultural divulgando o potencial de pesquisa e utilidade pública do acervo.

REFERÊNCIA NACIONAL:

Reconhecido como o mais moderno arquivo público do Brasil, a nova sede do APESP teve investimento de aproximadamente 87 milhões de reais. A obra, inaugurada em 2012, incluiu reforma, ampliação das instalações e construção do primeiro edifício projetado especialmente para arquivos de grande porte.

A nova sede, colocou o Arquivo Público definitivamente no século 21

Com um total de 23 mil metros quadrados de área construída, o prédio possui dez andares, sendo cinco com pé-direito duplo. O novo edifício foi projetado para contar com estrutura extremamente reforçada para suportar o peso de um acervo estimado em 70 Km de documentação e uma carga de 2.600kg/m², bem acima de qualquer edifício residencial e comercial de área semelhante.

O edifício é recoberto por placas térmicas na parte externa, que previnem o aquecimento e economizam gastos com climatização. Conta ainda com sistema automatizado de sprinklers secos à base de água para combate a incêndios.

As instalações do Arquivo Público possuem moderno sistema de vigilância e controle de acesso, rampas, elevadores e amplos corredores para pessoas com deficiência.

Equipe do arquivo restaurando documentos (clique para ampliar)

Para preservar o patrimônio documental, os depósitos para guarda de acervos dispõem de climatização controlada, prevenção de infestações por pragas e mobiliário adaptado para diversos tipos de suporte, tais como jornais, revistas, manuscritos, fotografias, mapas e livros.

PRÊMIOS

No ano passado, o Arquivo Público recebeu o quinto certificado de inscrição no Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco, por meio do acervo da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos. Outros acervos que também já conquistaram o prêmio foram: Arquivo da Secretaria de Governo da Capitania de São Paulo (1611-1852), o jornal abolicionista ´A Redempção´(foto abaixo); (1887-1899), o acervo do Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo) com os documentos do Regime Militar no Brasil (1964-1985) e as Listas de Imigrantes do Porto de Santos (1854-1962).

Jornal ´A Redempção´ (clique para ampliar)

VEJA MAIS FOTOS DO ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO:

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6 respostas

  1. Tudo muito interessante; parabéns pela reportagem, detalhes e mesmo as curiosidades. Dá satisfação ver todo esse patrimônio interno e externo tão bem cuidado!

  2. Querido Douglas
    Saudações!

    Pela primeira vez desde que acompanho o seu excelente trabalho de cuidados à memória paulistana, não me senti nada confortável para terminar de ler a matéria sobre os arquivos do Estado e muito menos compartilhar. Desagradou-me (e, confesso, surpreendeu-me) muito o seu tom de petista e esquerdóide, falando do “massacre do Carandiru”! Será que alguém ainda quer defender o lado do mau naquele episódio? Milhares de presos, a maioria absolutamente enlouquecidos, hostis, armados de pedras, paus e instrumentos perfuro-contundentes contra nossos estóicos e injustiçados heróis da Polícia Militar ??? O que mais eles podiam fazer ? E colocar Patrícia Galvão como uma bonitinha inocente e inócua de revolucionários sociopatas, não me parece tampouco justo. Espero não ter me enganado quanto à sua boa índole e sua imunidade contra virus de esquerda, pt e coisas afins. Sinto muito. Fora isto, parabéns pelos excelentes artigos e matérias. Abração. Shalom Aleihem! Paz Profunda!

    L. Lafam.

      1. Ah, então, tá certo, meu querido Douglas. Estava estranhando,afinal você é um cara super-lúcido, gente-fina e muito legal. Valeu.Peço perdão, mas não consigo não me exasperar com tanta ingratidão e injustiça contra os valorosos Soldados, Sub-Oficiais e Oficiais da Polícia Militar do Brasil em geral! Infelizmente, muitos F. P. (funcionários públicos) são petrólatras e esquerdóides. Abração, figura! Shalom Aleihem! Paz Profunda!

  3. Eu fico imaginando o cuidado que os caras que trabalham nesse arquivo têm com os papéis ai arquivados, se um livro daqueles do século XVII cai no chão, imagino que o funcionário vá precisar de uma cueca nova. 😀 😀 😀 😀

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