Bar e Restaurante Pan-Americano

Contar a história de uma cidade de forma tradicional é algo já bastante complexo. Imagine então contar sua história de uma maneira menos ortodoxa. É o que tentamos fazer aqui, focando muitas vezes em detalhes que passam despercebidos com o passar dos anos.

E catalogar os estabelecimentos comerciais paulistanos, por exemplo, não é uma tarefa fácil. Uma quase total inexistência de documentação histórica torna a nossa tarefa nesse âmbito, quase impossível. Quase!

clique na foto para ampliar

Quem caminha ou trafega pela rua Xavier de Toledo, no centro de São Paulo, e observa esta fachada de 1911 não dá muita atenção a ela, pensando que trata-se apenas uma das várias entradas do atual Shopping Light.

Entretanto nem sempre foi assim, a área que hoje é apenas uma fachada já foi uma edificação à parte, separada do Prédio Alexandre Mackenzie, sendo inclusive quase duas décadas mais antiga.

O local abrigou um famoso estabelecimento paulistano cuja história praticamente desapareceu: O Bar e Restaurante Pan-Americano:

Fachada do restaurante em 1934 (clique para ampliar)

Sua data de inauguração é desconhecida, não sendo possível afirmar que existe desde 1911, porém seu nome começa a ser mencionado com bastante frequência nos jornais paulistas a partir do início da década de 1930.

Em 1934 já era um point bem conhecido da intelectualidade paulistana, sendo bastante frequentado principalmente por escritores e jornalistas.

O restaurante segue na mídia durante os anos 1940 até que desaparece por completo de 1950 em diante.

O nome Bar e Restaurante Pan-Americano só ressurgiria no cotidiano paulistano em 1962, quando três ex-funcionários do Mappin inauguraram uma nova casa com este nome, talvez tentando utilizar a fama do nome do tradicional estabelecimento.

Este novo restaurante, por sua vez, ficava no Largo do Arouche e permaneceu aberto por pouco mais de uma década.

Na foto, detalhe da fachada (clique para ampliar)

Voltando ao imóvel da rua Xavier de Toledo que abrigou o Pan-Americano, é importante salientar que até poucas décadas atrás ele era completamente separado do antigo prédio da Light.

É necessário dizer também que hoje resta apenas a fachada preservada. O imóvel original foi demolido e fundido com o prédio ao lado, hoje sendo apenas uma das entradas do Shopping Light. As obras ocorreram em 1999. Abaixo uma foto do interior do restaurante no ano de 1934:

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12 respostas

  1. Meu avô foi um dos sócios do restaurante !!!( Francisco Homor )
    eu tenho o cardápio ( capa) guardado
    eu estava a anos procurando fotos do local !!!
    fiquei muito feliz !!!!

      1. Oi Douglas,tudo bem!!!
        Primeiro eu queria dar os parabéns pelo seu magnífico trabalho !!!
        Sou arquiteto e vejo todos os dias suas publicações !!!
        Fazia anos que eu procurava alguma referência do restaurante do meu avô.
        Ele foi um dos três que trabalhavam no restaurante do Mappin….. trabalhou lá como garçon por 27 anos e depois abriu junto com mais 2 sócios o Panamericano no Largo do Arouche.
        Já tirei fotos da capa do cardápio com o timbre do restaurante….internamente tem uma folha com receita de coquetéis.
        tenho também fotos do dosador de whisky e abridor…..pois lá além de restaurante funcionava também o clube do whisky.
        e uma garrafa de whisky de porcelana fechada que deve ter mais de 50 anos.
        tenho também fotos dos copos para coquetéis que usavam no restaurante.
        e copos da Bacardi
        como faço pra te mandar as fotos ???
        vou deixar meu whatsap (9) 7101.0636
        João Fernando Homor

      2. Olá Douglas, tudo bem?
        Sou do ramo da gastronomia e gostaria de saber o que serviam nesse bar? Quais eram os petiscos e comidas que faziam sucesso nessa época. Se vc fez alguma matéria sobre essas informações, por favor, me envie o link, se puder. Segue meu contato michelec.dias@bol.com.br
        Obrigada 🙂

  2. Eu trabalhei na Light entre 1971 a 76, e esse prédio era o restaurante e refeitório dos funcionários que trabalhavam no prédio ao lado,

  3. É realmente uma pena que o Brasil não tenha tido tradição de preservar seus imóveis antigos como a maioria dos países da Europa, aliás, é justamente esse motivo que leva turistas a irem para lá.

    1. É interessante isso: aqui no Brasil, há uma tendência de se achar tudo arcaico, ultrapassado, velho. Aí, as pessoas vão a Paris, Roma, Lisboa, Madrid…e acham tudo lindo, maravilhoso…

  4. No restaurante fundado em 1962 pelo meu avô Francisco Homor e mais 2 sócios….no largo do Arouche…..como era próximo ao Palácio do governo na época….ele era frequentado por vários políticos…..meu avô sempre comentava….Laudo Natel….Ulisses Guimarães….os outros não me lembro.
    Serviam feijoada….era tida como uma das melhores.
    Havia também o clube do whisky.
    Tenho uma garrafa bem antiga de whisky Macleans.
    Meu avô fazia coquetéis….ele adorava!!!!
    Tenho curiosidade utensílios que guardei….copos da Bacardi….dosadores….coqueteleira….etc.
    Inclusive a capa do cardápio onde dentro tem um impresso de receita de drinks.
    Se quiserem posso mandar as fotos.
    João Fernando Homor.

  5. História muito interessante. Mas triste o local ter fechado total. Seria mais um marco da cidade. É impressionante como a história se perde e como você só descobriu tudo isso porque teve que cavar muito. Obrigado, Douglas, por todo esse conteúdo e alegria que nos trás com o site.

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