Capela Santa Luzia (Vila Monumento)

Hoje cada vez mais difíceis de encontrar e muito raramente erguidos novos exemplares, as pequenas capelas de bairro representam um passado paulistano onde a cidade era basicamente o centro e arredores, e as paragens mais distantes eram os chamados arrabaldes.

E eram nestes arrabaldes da cidade, que foram construídas grande parte das pequenas capelas. Eram templos religiosos feitos para que viajantes, e moradores de pequenos e distantes distritos tivessem seu local para rezar e professar sua fé.

Bairro formado a partir da década de 20, a agradável Vila Monumento é repleta de casas antigas interessantes, mas tem também um antiga e simpática capela, na rua Gaspar Fernandes.

clique na foto para ampliar

Erguida entre o final da década de 20 e o início da década de 30, a Capela Santa Luzia é um dos mais importantes símbolos da Vila Monumento. É uma espécie de elo do tempo entre o bairro então recém criado e o amplamente urbanizado bairro paulistano de hoje.

Localizada em uma posição privilegiada no bairro, a capela confunde-se com a história do bairro. Diante dela, décadas atrás, havia a chamada “casa do bode”. Ali, não era raro moradores próximos, que criavam animais, levarem suas cabras para ficarem prenhas do bode que tinha na propriedade.

Foto: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga

Também por ali havia a casa de uma renomada professora de corte e costura do bairro, que atendia a grande maioria das mocinhas da região que queriam aprender o ofício.

Com a crescente urbanização e o surgimento de novas e maiores paróquias, a capela foi sendo cada vez mais deixada de lado, até que ficou bastante deteriorada e abandonada. Foi no final da década de 1990 que o surgimento de um supermercado aos fundos dela (na época Sé Supermercados, hoje Extra) trouxe risco de demolição para o pequeno templo.

Detalhe da fachada (clique para ampliar)
Detalhe da fachada (clique para ampliar)

Entretanto, o episódio serviu como um motivo de união entre os moradores de Vila Monumento, que se prontificaram a defender e preservar a velha capela. Com isso, o início de processo de tombamento foi tomado e era o momento de restaurar o templo. O próprio supermercado Sé decidiu entrar na empreitada com a comunidade e bancou a reforma. No início do segundo semestre do ano 2000, a capela estava de volta a seu esplendor de outrora. Simples, mas acolhedora.

Horário de funcionamento (clique na foto para ampliar)
Horário de funcionamento (clique na foto para ampliar)

Desde então a capela não só voltou a ser um motivo de orgulho aos moradores, como também retomou algumas atividades que há muito estavam paralisadas. Um grande exemplo de como moradores unidos podem fazer a força e preservar a história e tradição de um bairro.

Conhece a capela Santa Luzia ? Tem alguma história dela interessante para contar ? Deixe um comentário. Seu bairro tem ou teve alguma capela ou cruzeiro ? Conte para nós!

Endereço da capela:
Rua Gaspar Fernandes, 497 – Vila Monumento

Compartilhe este texto em suas redes sociais:
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Siga nossas redes sociais:
pesquise em nosso site:
Cadastre-se para receber nossa newsletter semanal e fique sabendo de nossas publicações, passeios, eventos etc:
ouça a nossa playlist:

8 respostas

  1. Sou devota e paroquiana da Igreja de Santa Luzia e São Pio X na Av. Sapopemba, 1500.
    A paróquia tem 60 anos e também uma bonita história que foi contada num livro singelo resultado de pesquisas da minha cunhada Dina e meu cunhado Pedro Peres. Cada vila de SP tem uma história bonita sobre seus templos.
    No cso da Vila Monumento, que bom que foi restaurada a igrejinha. Parabéns pelo seu trabalho;

  2. Sou vizinho da capela e os mais antigos do bairro contam que ela foi construída por um industrial da região – mais precisamente o dono de uma “fábrica de borracha” onde hoje é o Mercado Hirota, quase em frente a mesma – em pagamento à promessa que teria feito para Santa Luzia (padroeira dos olhos) para que seu filho fosse curado de uma grave doença oftalmológica.

  3. Excelente seu site, muito acolhedor e segue a mesma linha de como sempre fui na vida. Adoro as casas antigas dessa região (sou da Vila Prudente), sempre foi caminho de meus ônibus.
    Nessas viagens de ônibus que sempre via a Capela da rua Gaspar Fernandes, 211 próximo ao largo do Cambuci. Vocês do site conhecem sua história?
    Também conheço bastante a história de São Paulo, existe alguma forma de eu colaborar com vosso site?

  4. Eu passei parte da minha infância na Vila Monumento (entre as décadas de 80 e 90). Naquela época os conjuntos de prédios da Gaspar Fernandes já existiam, e lembro que a região tinha ainda muitos terrenos vazios. Inclusive o da capela, que hoje é ocupado pelo Extra. Realmente, onde hoje se localiza o outro supermercado (Hirota) havia uma fábrica, mas não sei o que faziam lá. Pelo cheiro, provavelmente eram mesmo artigos de borracha.
    Aliás, haviam outras fábricas na região naquela época: além dessa que citei, havia outra na R. Heitor Peixoto e a enorme Lanzara, que ocupava quase que a quadra toda entre a Lins de Vasconcelos, a Heitor Peixoto, a Basílio da Cunha e a Inglês de Souza. Esta última era uma gráfica, e fabricava embalagens variadas, dentre elas as caixinhas do creme dental Kolynos (aquela amarelinha)… Lembro disso porque várias vezes a gente encontrava algumas impressões perdidas na rua.
    Hoje esses terrenos (o da fábrica da Heitor Peixoto e o da Lanzara) viraram prédios, a maioria deles horrível.

  5. Olá, Douglas! Primeiramente lhe parabenizo pelo seu trabalho e digo que sou um grande fã e apreciador do São Paulo Antiga. Quero deixar aqui, como sugestão, que você possa fazer uma matéria sobre a antiga (e já demolida) Capela de São Sebastião, que estava em processo de tombamento pelo Condephaat e foi vítima da especulação imobiliária para a abertura de uma agência bancária em seu terreno (Bradesco) que manteve apenas as ruínas de seu alicerce. Esta capela ficava na Avenida Água Fria x Avenida Nova Cantareira, na Zona Norte. Mais uma vez, parabéns pelo trabalho!

  6. Lembro-me do terreno em barranco, estando aos fundos da capela, onde hoje está o Pão de Açúcar, por volta de 1982, 1985, soltavam-se balões nos dias de inverno, juntava uma galera por ali. E sabe-se lá para onde iam parar estes balões. Hoje, felizmente, é proibido.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *