Casarão – Rua Herval, 829

Bairro paulistano imortalizado na literatura brasileira através de dois grandes escritores paulistas, Monteiro Lobato com Literatura do Minarete e Jacob Penteado com seu imperdível Belenzinho 1910, o Belenzinho (ou Belém) é um dos mais charmosos bairros da zona leste da cidade.

E ainda encontramos por ali autênticas construções remanescentes do período mais áureo que este bairro viveu, entre a última década do século 19 e as três primeiras do século 20. Por ali uma das ruas mais ricas em imóveis antigos é a rua Herval, onde encontramos este belo casarão:

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Construído no início do século passado, este charmoso casarão é uma das preciosidades do Belém. Está bem na esquina da Herval com a rua Pimenta Bueno e nos remete ao período que a região era uma mescla saudável de classes sociais, onde viviam ricos e pobres, patrões e operários.

Vista panorâmica da casa (clique para ampliar).
Vista panorâmica da casa (clique para ampliar).

No passado, Belenzinho e Brás eram bairros bem conhecidos pelas suas intensas atividades fabris e suas frenéticas agitações operárias, isso tornava a região o lar de patrões, que desejavam residir próximos de suas empresas, e de operários que costumavam morar perto de seus trabalhos, muitas vezes nas conhecidas vilas operárias que ficavam nas cercanias das fábricas.

E por no passado o Belém ter sido também uma área então considerada distante do centro, com bastante chácaras e clima aprazível, acabou sendo o destino de muitos ricos paulistanos que escolheram viver no bairro, fazendo surgir especialmente na rua Herval e arredores belas construções como esta.

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Apesar de muitos destes imóveis já terem sido demolidos, este ainda resiste com um dos mais belos exemplares do bairro. É um sobrado em um estilo de chalé que muito lembra construções similares da Europa.

Sua arquitetura é bastante peculiar e destoa bastante das demais residências antigas do bairro. Aliás, diga-se de passagem, o ecletismo é algo que pode ser notado bastante no Belenzinho, já que os casarões do bairro diferem muito um dos outros por ali (veja os links de referências no final do artigo).

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A casa possui um bonito muro baixo, com pedras e pequeno gradil. Passando pelo simpático portãozinho de entrada acessa-se o jardim da casa, que quando fotografamos parecia que estava passando por uma reorganização. Dali pode-se adentrar ao imóvel, que é um sobrado com sótão. Ja o acesso a garagem se dá pela rua lateral.

Até o momento o imóvel não é tombado ou que é algo que deveria ser pensado urgentemente. Muitos dos casarões do bairro que são parte da história do Belenzinho já desapareceram e não podemos aceitar que os últimos remanescentes também venham abaixo. Creio que não é o caso deste, mas quando se fala em especulação imobiliária todo cuidado é pouco.

Crédito: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga

Você conhece o Belenzinho ? Já passeou pelo bairro ? Caso nunca tenha ido, recomendo um passeio.

Desça na Estação Belém do Metrô e faça um giro pelas ruas próximas que não irá se arrepender. As casas mais legais estão catalogadas aqui no nosso site, na sessão destinada a este bairro. Aproveite para tirar belas fotos e compartilhar nas redes sociais, como o Instagram, e usar a hashtag #saopauloantiga .

Outros casarões interessantes do Belém/Belenzinho:

ATUALIZAÇÃO – 15/03/2022:

Ao retornarmos para conferir como estava o imóvel tivemos a infeliz surpresa de encontrá-lo cercado por um novo e altíssimo muro, como mostra a fotografia a seguir.

Encontrar este muro impedindo a visão de um dos imóveis mais encantadores do bairro do Belém é realmente frustrante. Entretanto imaginamos que as razões devem ser relacionadas à segurança (ou a falta dela) típicas de um país violento. Lamentamos mas compreendemos o muro.

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23 respostas

  1. Neste endereço funciona uma unidade da Igreja Messiânica, um Johrei Center.
    Diferente de outras denominações religiosas, eles não precisam de grandes naves, o que faz com que não se mexa muito na estrutura das casas. Além de ter como um coluna fundamental ao Belo. É uma igreja japonesa.
    http://www.messianica.org.br

  2. É um bairro muito agradável e que e especulação imobiliária ainda não entrou com tanta força. Espero que continue assim.

    1. Creio que você está enganado meu amigo Alexandre Fontana. Certos lugares desse bairro, já está parecendo um paliteiro de tantos prédios altíssimos. Basta observar quando se passa de metrô.

  3. Como moradora do bairro, adoro ver essas casas que já me são tão conhecidas merecerem uma matéria tão distinta. Aqueles que não conhecem o bairro, em muitas ruas, até mesmo nas muitas vilas, se encontram casas de arquitetura encantadora. Vale o passeio.

  4. Isso é que é construção. Digo uma casa de verdade. Essas habitações coletivas de vários andares não se vive! Vegeta-se!

  5. esse estilo é normando, existe outra casa na mesma rua Herval com esse estilo, onde morava o professor nicolau sevcenko

  6. Sim,conheço a região.Há diversas construções antigas,incluindo o Grupo Escolar Amadeu Amaral,no Largo São José do Belém,que eu li em algum lugar que já teve o comediante Mazzaropi como aluno.

  7. Olá! Puxa que bom ler seu site e ver todos estes casarios registrados. Eu estava lendo um artigo sobre o Parque Augusta e sobre a demolição “criminosa” do antigo Colégio Des Oiseaux nos anos 70. Aí vizualizei várias casa que eu nem sabia que existia ainda em São Paulo! Bom sinal, especialmente as que foram restauradas…
    Abraço

  8. A algumas quadras dessa casa, na Rua Elói Cerqueira, existia um casarão ainda mais exótico: ele era em estilo Chinês, com aqueles telhados característicos e janelas redondas. Pelo que me lembro desde a década de 1990 tinha virado um grande cortiço, e a alguns anos atrás foi demolido e fizeram um galpão no local. Infelizmente não registrei em foto esse casarão, a SPAntiga tem algum registro dele?

    1. Sim, era lindo esse sobrado que virou cortiço,, mas já não existe, nem o lindo casarão branco, finamente preservado que foi varrido por esses dias. Era na Rua Heloi Cerqueira mesmo. Nem no Google aparece nada. O Google maps está mancomunado com as empreiteiras e com a Subprefeitura da Mooca.

        1. Que pena, né? A gente fica lamentando e imaginando quanto seria proveitoso para a cidade e para o país se todos esses casarões fossem transformados em espaços culturais, se recebessem o justo pela despropriação , se houvesse isenção a quem preserva. Enfim, coisas que só se pode esperar quando o povo não é ignorante e consegue fiscalizar a tentativa de corrução antes que ocorra. O PT quer apagar a história da industrialização paulistana, mas não pode apagar a memória, nem o bom senso. O PT pode derrubar os imóveis, mas não o passado de quem morou neles, ou perto deles. Quanto ás árvores, é bom que não venham com papo de compensação. Elas estão lá e estão vivas.

  9. Bom dia Douglas

    Sabe se o imóvel está à venda? Ou alguma informação sobre os proprietários ou quem cuida deste belíssimo imóvel?
    Abraços.

  10. Hoje em dia esse cassarão esta a venda……. tiraram o jardim e mudaram o piso algo que achei um absurdo 🙁 se eu tivesse dinheiro eu comprava essa casa e mantinha ela com as suas características, pena que não tenho dinheiro 🙁

  11. Hoje o casarão está restaurado e mantem a arquitetura original. Nele funciona uma choperia recentemente inaugurada. Chama-se Villa Romã, que acredito ser uma referência à arvore do seu jardim, como se vê em uma das fotos acima. Como belenense fico contente pela preservação de tais imoveis que representam parte da história do bairro e de nossa cidade. http://www.revistain.com.br/album/fotos_e_fatos/1180_villa_roma.html

  12. Adorei rever essa parte do Belém, morei durante toda minha juventude no bairro. Ótimas lembranças. Adorei a reportagem.

  13. pelas imagens do Google Street, de março de 2021, ao redor da casa foi feito um muro alto, sem acabamento, porém as cores da casa mantiveram-se o amarelo e marrom do antigo bar Vila Romã

  14. Na mesma rua tem um casarão branco, lindo e bem conservado. Eu trabalhava ao lado e sempre quis saber mais a respeito.

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