O sobrado ˝engolido˝ da Avenida Rio Branco

A especulação imobiliária muitas vezes acaba por gerar algumas situações bizarras nos imóveis antigos paulistanos. Não é raro uma construtora tentar arrematar todos os terrenos e construções de um determinado perímetro e ter alguém que se recusa a vender sua parte.

O que acaba por acontecer é que o empreendimento sai de qualquer maneira e muitas vezes o imóvel cujo dono recusou-se a vender acaba transformando-se em um problema para o teimoso idealista proprietário.

Um caso interessante foi lembrado aqui no blog há oito anos, de um sobradinho da Avenida Rangel Pestana que foi sendo vendido fracionado, até que sobrou apenas a porção do meio. Ela ainda sobreviveu por décadas até desaparecer. (clique aqui, vale a pena conhecer).

E agora apresento outro caso, desta vez na Avenida Rio Branco:

Localizado no número 706, o imóvel foi construído no início do século 20 e foi originalmente uma residência que, por sua vez, era geminada a outras que estavam a esquerda dela.

Entre as décadas de 1940 e 1950 a avenida Rio Branco recebeu uma grande especulação imobiliária e uma repentina verticalização, fazendo desaparecer inúmeras casas da região.

As vizinhas desta casa foram demolidas e deram lugar, na década de 1960, a um edifício chamado Catharina João Rady, e o resultado foi este aqui:

Com a construção alguns anos mais tarde de outro grande edifício um pouco mais a direita, a residência ficou com este aspecto de ˝espremida˝ entre os dois prédios. O sobrado comercial ao lado tem menos esta aparência por ser mais largo.

Com o tempo o imóvel perdeu algumas de suas características originais, sendo adaptado para abrigar comércio. E sobrevive assim até os dias de hoje.

Teria sido curioso e interessante se estivesse até hoje preservada como uma pequena e simpática casinha, mesmo que quase engolida pelo ˝progresso˝. Eu moraria ali.. e você?

Na década de 1960 o imóvel pertencia a Ermelindo Scragioto.

Veja outra imagem:

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8 respostas

  1. Queria ter grana pra poder comprar esse imóvel e morar nele. Sou apaixonada por casas antigas. Mas so de pode ver ja fico feliz, minha filha mora bem pertinho quando eu for visita-la vou chegar la.

  2. Construções muitas delas centenárias já podem antever seu futuro nas caçambas que, de bocas abertas, esperam pelos entulhos… Mas reconheço que não é fácil preservar patrimônio, nem mesmo manter em boa forma a casa em que se mora…

  3. Não, Douglas, hoje especificamente eu não compraria este imóvel. O centro da cidade tornou-se com o passar das décadas inabitável, e a Avenida Rio Branco m particular, pior ainda, rasgando a famigerada Cracolândia. Não, não dá mais.

  4. Bom, eu não moraria, acho que as condições de ventilação e iluminação solar devem ser bem prejudicadas. Mas acho curioso!

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