Pratos, sanduíches e quitutes populares de São Paulo

No limiar da celebração de mais um aniversário da Cidade de São Paulo, o maior e mais populoso município brasileiro, muitas questões vem à cabeça. Uma que muitos de nossos leitores sempre nos perguntam é “Quais são os pratos e lanches mais populares na capital paulista ?”. E é isto que apresentaremos aqui para vocês.

E uma cidade com números tão superlativos como a nossa, ostenta também o título de segunda maior cidade do mundo em número de restaurantes, número vultoso mas necessário para abastecer seus 12,1 milhões de habitantes. Quanto à cozinha em si, esta é muito diversificada, e na cidade é possível encontrar desde pizzas até pratos exóticos da culinária asiática e africana.

Quando em 1711 São Paulo foi elevada à categoria de cidade, europeus, índios e africanos já partilhavam entre si o melhor e mais popular de suas culinárias. Isso se ampliaria ainda mais no decorrer do século 19 e 20, quando outras culturas de imigrantes somariam suas culinárias típicas ao já diversificado paladar paulistano.

Isso fez de São Paulo, um grande ponto de encontro da culinária mundial. Algo que permanece até os dias atuais.

OS PRATOS E QUITUTES POPULARES DE SÃO PAULO

COXINHA

Salgado genuinamente paulistano, a coxinha surgiu no cenário da cidade na segunda metade do século 19. Ela foi uma alternativa prática e eficiente para a coxa de galinha, iguaria que era servida nos restaurantes e padarias paulistanos e que tinha uma durabilidade menor como um produto fresco.

A coxinha do tradicional Veloso, na Vila Mariana

Aos poucos o quitute foi se popularizando não só na cena paulistana mas também nacionalmente, tornando-se uma iguaria consumida por todo o Brasil e desejada por turistas. Com o tempo surgiram novos tipos de coxinha, como a vegana, de catupiry e até de mortadela.

Das mais populares aqui na cidade, pode-se citar a do Veloso (favorita aqui do São Paulo Antiga) e as produzidas pelo variadíssimo cardápio do Santa Coxinha, no bairro de Vila Zelina.

CUSCUZ

Prato de origem árabe e mediterrânea e com popularidade por todo o Brasil, o cuscuz tem variações de acordo com as predileções regionais brasileiras. Em São Paulo, o cuscuz é um prato montado de maneira bem diferente de seus similares árabe ou nordestino e é muito popular. Pode ser encontrado em bares, lanchonetes, restaurantes e, é claro, em nossas casas.

FAROFA

Complemento dos mais variados pratos, a farofa é praticamente onipresente em São Paulo. É servida junto aos espetinhos de churrasco espalhados pela cidade, nas tradicionais feijoadas de quartas e sábados, e como recheio de frango ou peru assado.

Originário do período colonial brasileiro a farofa pode ser simples, sem nada misturada a ela, ou misturada a miúdos, bacon, ovos e especiarias. A farofa ainda tem suas variações doces, como a de amendoim, que acompanham sorvetes e sobremesas.

PIZZAS

Prato de origem napolitana, a pizza foi introduzida na capital paulista pelos imigrantes italianos. Inicialmente a pizza tinha seu consumo de forma mais caseira, restrita basicamente aos lares dos italianos que viviam em São Paulo.

Pizza da Cantina Castelões, um patrimônio do bairro do Brás

A pizza só seria vista como um prato vendido ao público paulistano através da cantina italiana “Dom Carmenielo“, estabelecimento muito popular e concorrido que ficava na esquina da Avenida Rangel Pestana com a Rua Monsenhor Anacleto.  Inaugurado em 1910, pouco depois começou a oferecer a tradicional pizza napolitana em seu cardápio. O estabelecimento resistiu até 1943, quando foi substituído pela Pizzaria do Luiz, também já extinta.

A Cantina Castelões, inaugurada em 1924, é o maior expoente da pizza tradicional ainda vendida no bairro do Brás.

VIRADO À PAULISTA

Um prato saboroso, nutritivo e muito popular e, podemos dizer, de origem acidental. Essa iguaria da culinária paulistana teve origem com os bandeirantes e suas incursões pelo interior de São Paulo e do Brasil.

Quando estavam nas expedições, as famosas bandeiras, levavam consigo feijão cozido, farinha de milho e toucinho para se alimentar. Todos estes ingredientes eram dispostos juntos, mas com a longa caminhada se misturavam e viravam, transformando-se no prato que hoje conhecemos como virado à paulista.

Ao chegar em Minas Gerais o prato recebeu o nome de tutu à mineira, seguindo um irritante costume mineiro de dizer que os pratos daquele estado são locais, quando boa parte é de origem paulista.

SANDUÍCHE DE MORTADELA

Um hábito alimentar paulistano originário das primeiras décadas do século 20, o sanduíche de mortadela é encontrado praticamente em qualquer padaria ou lanchonete da capital paulista. Pode ser o pequeno quebra galho para a correria da hora do almoço ou o exagerado sanduíche oferecido principalmente no Mercado Municipal da Cantareira.

Comer o lanche de mortadela no tradicional Mercadão paulistano é mais que matar a fome, transformou-se em um evento turístico seguido por paulistanos e turistas do resto do Brasil e do mundo. Um dos estabelecimentos do mercado, o Bar do Mané, oferece este lanche desde meados da década de 1930.

A ESFIRRA

Prato de origem árabe e armênia, a esfirra é outro prato onipresente em São Paulo. Originalmente eram apenas feitas de carne, verduras ou de zaatar (mistura de especiarias do oriente médio). Com o tempo foram se popularizando e ganhando novos sabores, sendo o mais conhecido a esfirra de queijo.

A esfirra de carne com bastrmá da Casa Garabed

Este prato do oriente médio tornou-se ainda mais popular entre as décadas de 1960 e 1980, com o surgimento de grandes cadeias de restaurantes especializadas em pizzas e esfirras, como o saudoso Grupo Sérgio, a Esfiha Chic e o Habib´s, este último reconhecido como a maior cadeia de fast food de comida árabe do mundo.

Estabelecimentos mais tradicionais paulistanos, como o Almanara não se renderam as adaptações do prato, servindo até hoje apenas as esfirras de carne ou verdura. Já outras como as casas de origem armênia, oferecem entre os sabores de esfirras as versões típicas de seu país, como a carne de bastrmá (pronuncia-se bastrumá). Estas podem ser apreciadas em estabelecimentos tradicionais como a Casa Garabed (Santana), Carlinhos (Pari) ou Dozza (na vizinha Osasco).

BAURU

Outro sanduíche tipicamente paulistano, o bauru original é um patrimônio da culinária da cidade. Surgido em 1937 e com sua invenção atribuída a Casimiro Pinto Neto, o bauru tem em seu mais famoso expoente o famoso Ponto Chic.

Na foto, o bauru tradicional (com rosbife e mistura de queijos)

A receita original é feita com rosbife, pepinos e uma mistura de quatro tipos de queijo. Entretanto nas padarias e bares paulistanos o mais comum é servi-lo com presunto e queijo prato.

Clique aqui e conheça em detalhes a receita original do bauru.

OUTRAS COMIDINHAS TRADICIONAIS PAULISTANAS:

São inúmeras os pratos e sanduíches que são a cara de São Paulo. A lista poderia ser bastante extensa, especialmente se acrescentarmos a ela os doces locais. Para finalizar este artigo indicamos outros tradicionais quitutes que todo mundo conhece: pastel de feira, bolovo, quibe e o bolinho de bacalhau.

Esquecemos de algum ? Gostaria de sugerir outro prato ? Deixe seu comentário!

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11 respostas

    1. Beirute, empadinha, falafel, chucrute, joelho de porco, leitão à pururuca, sushi, sashimi, yakissoba, etc. São Paulo faz juz ao título de capital mundial da gastronomia.

  1. Excelente matéria. A farofa e o cuzcuz paulista remontam o tempo dos bandeirantes e tropeiros que carregavam em suas matulas, sacos feito mochilas onde levavam comida, a onipresente farinha de mandioca, carnes previamente fritas em banha, toucinho e o que mais pudesse durar. As muitas horas de caminhada, a umidade das carnes e das gorduras em contato com a farinha torrada tratavam de amalgamar a mistura, tornando a farinha tenra e saborosa originando o que conhecemos hoje por farofa e cuzcuz.

  2. A intenção da matéria é ótima, adoro as que envolvem a gastronomia!
    Mas considero deselegante, para não dizer infantil, referir-se ao mineiro como “irritante”…
    Isso não é uma guerra, vamos celebrar o que há de melhor – e há muito – em São Paulo e boa!

    1. Oi Lilian, como vai ?
      Parte da intelectualidade mineira se esforça muito em apagar a origem paulista de boa parte de sua culinária, isso é um fato.
      Há no momento duas teses de doutorado a caminho que comprova essa minha afirmação.
      Por outro lado temos que admitir que o lobby e marketing mineiros é muito mais eficiente que o paulista, pois hoje muitos dos pratos daquele estado são servidos e oferecidos como iguarias locais e são, na verdade, originários daqui.
      Abordaremos mais este assunto de maneira técnica no decorrer de 2019.

      Abraços!

      1. Caro Douglas como ficaram essas teses? E essa abordagem mais profunda não localizei no site. Ainda está nos planos? Aproveito para parabeniza-los pelo excelente trabalho.

  3. Artigos sobre comida me inspiram a cozinhar mais. Também para viajar mais, para provar tudo o que é mostrado.

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