Imóvel de 1929 – Rua Quintino Bocaiúva, 262

Se um interessado em pesquisar a situação dos imóveis do centro de São Paulo decidir ir a fundo em descobrir quem são os proprietários de muitos dos imóveis da região, irá se espantar com a quantidade de sobrados e edifícios nas mãos de entidades religiosas, a maioria delas católicas.

É o caso deste charmoso sobrado a seguir:

Construído em 1929, o suntuoso sobrado dos números 254 e 262 da Rua Quintino Bocaiúva, na Sé, e que abriga um estacionamento no térreo e um restaurante no piso superior, pertence a Mitra Arquidiocesana de São Paulo e ao Recolhimento de Santa Teresa.

Muitos destes imóveis – não necessariamente o caso deste em específico – são resultado de doações feitas por fiéis a estas instituições.

Era (ou será que ainda é ?) uma prática bastante comum a igreja enviar representantes a viúvos e viúvas, especialmente aqueles sem filhos ou herdeiros para que estes deixassem em vida seus bens para a igreja. Muitos acabavam convencidos em fazer tal doação.

Detalhe da fachada desta edificação

O resultado disso é que nos dias atuais há uma enorme quantidade de imóveis concentrados nas mãos de entidades católicas, sendo que muitos deles acabam em péssimo estado de conservação e contribuindo para a deterioração do centro paulistano.

Diga-se de passagem alguns dos imóveis mais mal cuidados do bairro da Sé, por exemplo, estão justamente na mão da Mitra como o Palacete do Carmo na Rua Venceslau Brás e o edifício da Praça Clóvis Bevilacqua. Isso sem mencionar o casarão do Coronel Carlos Teixeira de Carvalho, na Rua Florêncio de Abreu, em péssimo estado de conservação e pertencente ao Mosteiro de São Bento.

Fachada superior (clique na foto para ampliar)

Voltando ao imóvel de 1929, o estado dele de conservação é bastante razoável. Sua fachada é bem preservada e é tombada como patrimônio histórico da cidade. No passado este imóvel acomodou, no andar superior, durante anos a fio o Sindicato dos Barbeiros e Cabeleireiros de São Paulo.

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15 respostas

  1. Está muito melhor do que a casa do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo, que fica em plena Praça da Sé. Este último contém em seu acervo valiosíssima coleção de manuscritos musicais da época colonial .

  2. O prédio Wilton Paes de Almeida no largo do Paissandu estava nas mãos do Estado e muito mais novo desabou. E se a igreja gastasse dinheiro na recuperação dos imóveis também seria criticada por um gasto assim mas, não seria interessante tentar uma matéria junto à Mitra e saber qual é sua versão? Será omissão? Será que tentaram convênios para restauração mas que não deram certo? Ou receio de invasões mesmo porque a igreja está infiltrada por ativistas de esquerda só esperando para depois incentivar a invasão? Sem falar nas sucessivas crises econômicas que ajudam a derrubar qualquer iniciativa de valorizar o centro de São Paulo?

  3. O incrivel é o conceito de antiguidade. Nas cidades européias, imóveis de 200 anos sáo usados como habitação sem qualquer surpresa. Antigos são de 500, 600 quando não de 1000 anos, como no centro de Amsterdam, em perfeito estado de conservação, Em SP, tem um prédio na Florencio de Abreu do final dos 1800, comparável em deterioração às piramides do Egito, Lamentável. Se tem uma coisa que a cultura do brasileiro náo preza, é manutenção e conservação.

  4. Que absurdo, obras como essa espalhadas pelo centro velho e muitas vezes atrás de placas de propaganda, longe dos olhos desapercebido dos pedestres apressados pela vida.

  5. O problema não está em ser dessa ou daquela instituição. O problema é que elas não estão estruturadas para administrar/conservar esses imóveis. Por incompetência/ganância eles estão subaproveitados, com aluguéis baixos o que dificulta sua manutenção.

  6. Meu avô português trabalhou como motorista particular de um rico industrial no Jardim América (se não me engano, rua Colombia). Como era viúvo casou-se com a governanta portuguesa (Dona Elvira) e desde sempre o sr. Bráulio comentava que iria deixar alguns bens para os fiéis empregados….SQN. Fez doação para a igreja NSra do Brasil! E naquela época ainda existia palavra prometida que valia pelo fio do bigode…rsrsrs Felizmente puderam viver com suas economias sem esperar recompensas (mentirosas)

  7. Lastimável está situação. O restauro é caro e quanto mais tempo de deixa sem manutenção mais caro fica.
    Estes proprietários deveriam fazer Campanhas para arrecadação. Contatos para parcerias com o intuito de conservar o prédio.

  8. Eu nem vou comentar nada sobre a igreja católica, senão vou ser escorraçado daqui do site, mas é lamentável que imóveis como esse não estejam recebendo a devida atenção que merecem, o pior é que as mesmas pessoas que acham que são apenas “casas velhas” quando vão para a Europa ficam “pagando um pau” para a arquitetura antiga das casas de lá.

  9. A ajudar pelo menos no IPTU mais barato, é pelo menos uma maneira de incentivo para conservar e ter um uso mais útil das casas e prédios doados à Mitra.

  10. Acredito que comentei num outro artigo do São Paulo Antiga e aproveito pra reiterar: na minha cidade natal, Rio de Janeiro, quem tem um imóvel histórico principalmente no centro da cidade, seja pra fins comerciais e/ou residenciais, e que o mantenha original fica isento de IPTU.

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