Casa – Rua General Sócrates, 86

Sempre que visito a Penha vou com bastante gosto e lembranças. Afinal, é onde até hoje mora a minha avó paterna e também o bairro onde meu pai estudou, no Colégio São Vicente de Paula (aliás, eu também estudei o primeiro colegial ali).

Rua Padre Antônio Benedito, na Penha, em 1979
Rua Padre Antônio Benedito, na Penha, em 1979

A Penha é bonita, agradável, tem de tudo um pouco e é bastante antiga, mesmo sendo uma localidade bem distante do centro de São Paulo, pelos parâmetros dos séculos anteriores. Caso a Penha fosse hoje uma cidade independente, tal qual sua vizinha Guarulhos, eu confesso não ficaria espantado, levando em consideração o ar de cidade de interior que alguns cantos do bairro tem.

Entre as inúmeras curiosidades da região temos uma basílica, duas igrejas do tempo do Brasil colônia e, além disso, diversas construções antigas e interessantes espalhadas pelo bairro, como a primeira casa de alvenaria da Penha, a curiosa casa com trilhos de trem no quintal e também essa preciosidade da foto abaixo:

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Localizada no número 86 da rua General Sócrates, já bem próxima a rua Coronel Rodovalho, esta construção centenária é um belo exemplo da Penha antiga que está preservada até os dia de hoje. Apesar de haver um maldito poste repleto de fios que atrapalha demais a observação do imóvel, é possível contemplar esta que é uma das mais interessantes construções do bairro.

Seu estilo difere completamente das demais construções antigas da região e é muito bem cuidada, tendo hoje utilização comercial.  A única alteração na originalidade do imóvel são as grades que protegem as janelas e a porta de entrada, o que é até compreensível para os nada tranquilos tempos atuais. O restante é harmonioso, inclusive a placa acrílica que identifica o estabelecimento.

Detalhes da porta de entrada
Detalhes da porta de entrada

No local, funciona o Instituto de Olhos da Penha, um consultório oftalmológico bastante conhecido no bairro.  É bastante gratificante saber que há empresários e proprietários preocupados em preservar a história. A Penha é rica em história, tal qual inúmeros outros bairros paulistanos, e esta conscientização é um passo fundamental para perpetuamos nossa identidade urbana e arquitetônica.

Fica aqui o meu parabéns aos envolvidos na preservação do imóvel e uma dica aos leitores que são da região. Prestigiem o Instituto de Olhos da Penha bem como muitos outros estabelecimentos de bairro que mantém suas construções antigas. É uma forma bastante gentil e generosa de retribuição.

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12 respostas

  1. Querido amigo e irmão conterrâneo, Douglas,
    Saudações!

    Adorei o tom emocional e o desabafo contra o “maldito poste” repleto de fios e atrapalhando a visão.
    Sério mesmo, é muito legal a gente poder adjetivar as coisas e dar um colorido emocional em inúmeras situações, afinal não é sempre e a todo momento que o Jornalismo tem de ser neutro, frio e distante.
    Você é uma pessoa plugada, sensível e consciente e, como sempre digo, está realizando um trabalho meritório demais em prol da memória artística, urbanística e arquitetônica da nossa S. Paulo querida, que já foi, como todas as pessoas, tão linda, jeitosa e graciosa na juventude, rs.
    Valeu, meu irmão. Continue sempre e cada vez mais mergulhado neste belíssimo trabalho. Grande, forte e fraterno abraço. Shalom Aleihem! Paz Profunda!

    L. Lafam.

  2. A Penha tem mesmo esse misto de agitação e tranquilidade sem o frenesi que caracterizam por exemplo a Mooca e o Tatuapé e por isso mesmo residir neste bairro é um privilégio.

  3. Douglas, de novo parabéns pelo trabalho!
    Também moro no bairro e gosto muito das suas histórias. Meu filho estuda no Colégio São Vicente de Paulo, fica a dica para um próximo post.

  4. Essa foto não deve ser de 1979… o onibus da Penha Sao Miguel ainda exibia a pintura antiga, sendo que em 1978, o Prefeito Olavo Setubal implantou o sistema saia-e-blusa, aonde os onibus eram pintados com 2 cores, padronizando as pinturas das empresas

  5. Outra coisa que confirma nao ser 1979 é o numero da linha… em 1978, o Setubal alterou o sistema de numeracao das linhas para 4 digitos, padrao usado ate hoje

  6. O número da casa que aparece na foto, é 76 e não 86! Essa casa ficava em frente à minha! Saudades desse tempo e desse lugar, onde passei minha infância e juventude! Estudei no Estadual da Penha (Nossa Senhora da Penha)!

  7. a quantidade de casas em prédios em arte decó é muito grande no bairro da Penha inclusive o antigo colégio estadual da Penha, infelizmente o progresso e os autos custos para conservação levam os proprietários a desistir e colocá-los a venda, uma pena a Penha é um bairro que gera muitos impostos , será que uma associação comercial ou mesmo o Lions club não poderiam ajudar ? novamente parabéns pelo trabalho.

  8. Parabéns pelo belo trabalho. Àquele poste tb me chamou a atenção. Mas o quê Vale é o registro do pouco que restou de antigo no bairro.

  9. A Eletropaulo lucra muito com postes, ao tom de uns R$ 100,000,000 anuais. Faria mais sentido ter a passagem de cabeamento eletricos e fibra optica pelo subsolo, junto as linhas de abastecimento de agua..

    Porem, como o direito de subsolo fica para a Sabesp, logo ha um conflito de interesses contra a modernizacao da cidade.

    Dai o spaghetti de cabos tal como em Buenos Aires.

  10. Como já foi dito nos comentários, o número deste imóvel é 76 (é possível ver a numeração na foto), e o Instituto de Olhos da Penha mudou-se para um prédio comercial na mesma rua, no número 216. Pelas fotos do Google Maps, o imóvel do nº 76 encontra-se com área de abandono e pixado.

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