Casa & Armazém – Rua Chagu, 223 e 229

Está cada vez mais difícil para nós acompanharmos a sede demolidora que avassala a Cidade de São Paulo. Simplesmente não estamos vencendo de cobrir a tempo todas as denúncias e alertas que chegam até nossos emails e telefones, tanto pelo fato de nossa equipe ser reduzida, como pelo fato de que nunca se derrubou tanta casa aqui na capital como nos últimos dois anos.

E foi assim que, por pouco, quase não pegaríamos nada de pé nos números 223 e 229 da agradável Rua Chagu, na Vila Formosa. Na verdade, só conseguimos mesmo registrar algumas fotografias do armazém, pois a antiga casa já sucumbiu. Afinal, é sempre mais valorizado vender o terreno do que a área com a casa dentro. Para resgatar e preservar a fotografia abaixo, foi preciso recorrer ao serviço Street View do Google:

clique na foto para ampliar

Trata-se de uma residência bastante antiga, com amplo terreno onde do lado direito do imóvel foi construído um pequeno armazém que por muitos anos deve ter sido usado como sustento para os donos (ou inquilinos) da casa. Ao fundo do ponto comercial ainda sobrava um bom terreno. Ainda havia um velho Fusca azul na garagem que, julgando-se pela antiga placa amarela, não devia sair dali há alguns anos.

Tudo foi demolido e a área está à venda. Apenas a fachada do velho armazém e suas portas de aço ainda resistem, não porque ainda serão usadas, mas porque servem de muro entre o terreno e a rua.

Muitos vão dizer que demoliu-se uma “casa simples” ou ainda “sem importância”, mas será que é isso mesmo ? O que faz uma casa ser importante ou não para uma cidade ? O tamanho ? A grife do arquiteto ? A localização ? Nada disso. O que faz uma casa ser importante é aquilo que ela contribuiu junto de seus moradores para a coletividade, para a vizinhança. Enquanto não se ensinar a história dos bairros para os paulistanos nas escolas, será difícil compreender que toda casa tem valor, não importa seu tamanho, projetista ou localidade. E enquanto isso os demolidores da cidade fazem a festa.

Veja mais fotos (clique na miniatura para ampliar):
Créditos – Fotografias 1 e 2: Google Inc / Fotografias 3,4 e 5: Douglas Nascimento

Compartilhe este texto em suas redes sociais:
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Siga nossas redes sociais:
pesquise em nosso site:
Cadastre-se para receber nossa newsletter semanal e fique sabendo de nossas publicações, passeios, eventos etc:
ouça a nossa playlist:

Sobrado – Rua Minas Gerais 372

Conheça a casa mais antiga a sobreviver no último quarteirão da Rua Minas Gerais e saiba como era a via antes da demolição total das casas que existiam no lado ímpar.

Leia mais »

14 respostas

  1. Existe um velho armazém como esse (provavelmente da decada de 30 ou 40 a julgar pela arquitetura), a poucos metros da minha casa. E ele também está na iminência de ser demolido. Os dois sobrados ao seu redor já foram demolidos e seus terrenos limpos. Provavelmente para se tornarem estacionamento até que os donos, dos demais imóveis da quadra, vendam e a construtora finalmente tenha mais espaço para construir mais um prédio. Estou realmente incomodado com esse crescimento desordenado e essa necessidade de trazer a história arquitetônica de são paulo abaixo, apenas para entupir a nossa paisagem com mais prédio. Para os que quiserem ver, segue o ling do googlemaps do armazém supracitado. http://goo.gl/maps/GFKu

  2. Sou um leitor assíduo e tenho profundo respeito e admiração pelo trabalho realizado pelo site, contudo neste caso em especifico, não acho que tal imóvel seja um exemplar de valor histórico, para mim um casa bastante comum. Tenho certeza que qualquer um, sem exceções, que fosse proprietário desse imóvel, que pelo visto deve ter apenas esse imóvel como bem, deixaria de vendê-lo se tivesse uma boa proposta. Seria muita burrice morar em uma casa tão pequena, mal conservada e com um carro fora de uso na garagem, tendo a oportunidade de ter uma vida melhor. Sem dúvida é necessário manter referenciais para as futuras gerações, mas se a intenção for preservar tudo que é antigo, sem analisar a quem interessará tal preservação, a cidade se transformará em um museu a céu aberto. Casa comum, sem graça. Se fosse minha também estaria no chão, bastaria guardar as fotos como lembrança e de preferência de seus bons anos.

    1. @ Fabio

      Também não consideramos a casa histórica, e também no lugar do proprietário venderíamos.
      Entretanto, isso não diminui sua importância para o passado iconográfico da cidade. Todo imóvel conta uma história, sempre.

      Abraços!

  3. O armazém em questão serviu como sede de vários estabelecimentos comerciais: Venda, oficina mecânica, peixaria, vidraçaria e, por último, adega. Faz parte de um conjunto de terrenos que ficou esnucado entre os grandes sobrados da rua Arapaço e o prédio recém erguido na rua Chagú. Nas décadas de 1970/80 este local serviu de ponto final das linhas Gomes Cardim/ Pq. D. Pedro II.

  4. Eu morei toda a minha infância na Rua Chagu (na altura do 393) e se não falha a minha memória, estas portas abrigavam uma pequena doceria que pertencia a um casal de idosos.

  5. Passei 40 anos da minha vida nessa casa, onde morei por 30. Morava nos fundos e na frente meus avós. Minha infância foi marcada por várias brincadeira e árvores frutíferas (goiaba, laranja, mixirica, abacate, a muitas flores cultivadas pela minha avó. Bons tempos que não voltam mais e deixam uma eterna saudade.

    1. Mary ,estava eu muito saudosa ,e procurando esta rua e eis que encontro,quantas saudades ,,eu também brimquei muito muito nesse quintal com meus primos ,lembro de todos os bailes que teve ai nos casamentos que as festas eram ai quantas lembranças ,quantas saudades de tudo dos tios e dos primos que ja se foram ,nossa fiz uma viagem no tempo ,pena que o que passou não volta talves você nem veja este comentario ,mas valeu eu ler o seu abraços da prima Thereza

  6. Gosto muito de historia da arquitetura e historia geral mas e impossivel preservar uma construçao antiga mesmo sendo bonita e estando em bom estado. O interesse dos herdeiros e que prevalece e as futuras geraçoes e que decidem a arquitetura e conforto de suas vidas ,estes jovens estao com o smart fone na mao , nasceram no final da decada de 90 e outros no seculo 21 e querem uma moradia mais contemporanea que eles.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *