Sobrado – Rua Alexandrino Pedroso, 360

Na corrida maluca que é a busca por terrenos para construir em uma São Paulo cada vez mais saturada, observamos muitas aberrações que jamais deveriam ser aprovadas. Já falamos da curiosa “meia casa” da avenida Rangel Pestana, recém demolida, e do imenso “monolito” que escondeu a capela de Santo Antônio, no Belenzinho.

Recentemente encontramos outro exemplo de resistência a especulação que mostra o quanto a cidade precisa de maior controle na hora de liberar plantas e construções. Observem a casa abaixo:

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Localizada na rua Alexandrino Pedroso, no Pari, esta casa é a última sobrevivente de toda a rua, que já foi completamente dominada por lojas, galpões e grandes construções. Construída na primeira metade do século 20, a casa teve até cerca de três anos atrás sua vizinha geminada que foi demolida para dar espaço a mais um armazém.

A foto abaixo, extraída do Google Street View mostra como era:

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Embora eu concorde que o crescimento da cidade e o desenvolvimento urbano é algo que não pode parar, fico imaginando qual o critério que é utilizado para permitir que construções novas praticamente “engulam” outras mais antigas.

Com dois enormes paredões que estão colados nesta casa, não se respeitou em nada o direito daquele que está ali há muitos anos tem pelo sol e pelo sossego. Cercada deste jeito, a casa fica muito mais propensa a ser fria e com isso com mais umidade, prejudicando até a saúde dos moradores a longo prazo, especialmente se for idoso.

A foto aérea abaixo, dá uma boa ideia de quão espremida está o sobrado entre seus vizinhos:

Crédito: Divulgação

Não há como conceber que se tenha autorizado construir ao redor da casa sem nenhum recuo, e fico imaginando aqui se o processo de licença de alvará para a construção destes vizinhos tenha sido lícito ou se foi mais uma autorização no melhor estilo de Hussain Aref, funcionário da prefeitura envolvido em um milionário esquema de liberação de empreendimentos imobiliários.

De qualquer maneira, tenha sido intencional ou não, o proprietário desta casa ao recusar-se a vendê-la tornou-se um herói contra a especulação imobiliária e fez dela um marco, ao ser a única sobrevivente de um passado mais tranquilo desta rua do Pari.

ATUALIZAÇÃO – 03/05/2015

A nossa leitora Clelia Person Lammardo, moradora do bairro do Pari, enviou-nos mais quatro fotografias deste local e que mostram todas as casas antes de serem demolidas, confira:

Foto: Clelia Person Lammardo Foto: Clelia Person Lammardo Foto: Clelia Person Lammardo Foto: Clelia Person Lammardo

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11 respostas

  1. Meu caro Douglas Nascimento, aqui em Belém do Pará, um exemplo como este, não é raro também.

  2. considerando que as casas eram geminadas, não deveria ser proibido cortar e separar, sob risco de abalar a estrutura? há legislação sobre o assunto?

  3. Coloca corrupção nisso aí.Com dinheiro e por dinheiro se faz o que quiser nesta cidade e neste pais.

  4. Naquela época, as casas eram térreas ou sobrados. Depois foram construídos edifícios mais altos e então as casas ficaram espremidas. Muitas sufocadas no meio de tantos prédios altos.
    Desculpem mudar o assunto. No ano de 1950, fui ao aeroporto de Congonhas. Tinha 12 anos.
    Havia somente o aeroporto, e uma avenida onde passava o ônibus que saia do Anhangabaú. Não existiam casas. Era tudo descampado. Com o decorrer dos anos foram loteando, construindo casas, prédios, e hoje o aeroporto está espremido.
    Quem é culpado o Aeroporto?…
    Claro que não!
    Culpado foram as autoridades, políticos, prefeitos da época que permitiram construir em volta do aeroporto.

  5. Há anos fotografo esses sobrados. Esse que restou entre os prédios fez parte de um conjunto de sobrados que começavam com esse fotografado, virava para a Rua Thiers onde existiam mais uns 3.Eram, acredito uns 8 ou 9 sobrados. Tenho fotografias de outros da Rua Alexandrino Pedroso que foram demolidos. Se vc quiser disponibilizo para vc. Os da Rua Thiers foram demolidos há muitos anos.

  6. Na Av. Vautier tambem ha um outro “cortado ao meio”, talvezx ate mais antigo que este.

    O problema de fotografa-lo é que tem uma arvore grande na frente e os fios dos postes, porem assim que possivel fotografarei e enviarei a voces.
    É uma coisa horrivel de se ver….

  7. Estudei nesse berçário e morei anos no pari, hoje em dia ando por lá e está irreconhecível tudo. O comércio realmente.tomou conta do bairro.

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