Adoniran Barbosa foi um mestre na arte de cantar a cidade de São Paulo. Com letras que retratavam coisas simples e cotidianas da cidade de São Paulo, ele foi um especialista em apresentar para os paulistanos os mais distintos bairros de nossa metrópole.
Passaram por suas canções não só o eternizado bairro do Bexiga, mas também Jaçanã, Vila Esperança, Brás, Mooca, Vila Ré e muitos outros. Mais paulistano, impossível.
Em 1982, Adoniran Barbosa faleceu, deixando para nós um legado valiosíssimo de músicas e um eterno carinho para com a nossa cidade. Mas será que nós soubemos retribuir esse carinho ?
Depois que Adoniran foi cantar seu samba no céu, com os anos passando, inúmeras homenagens foram feitas ao grande sambista paulistano. E foram, entre estas, criadas três ruas que celebram o cantor: as ruas Adoniran Barbosa (são duas),e a rua Trem das Onze.
O blog São Paulo Abandonada & Antiga aproveitou o dia do centenário e percorreu duas destas ruas e constatou que as ruas que deveriam ser homenagens acabam parecendo uma punição.
Não é apenas o Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho que é agraciado em São Paulo com duas ruas em seu nome (avenidas Vieira de Carvalho, na República e Dr. Arnaldo na Consolação) o nosso saudoso sambista também é beneficiado com duas ruas em seu nome, uma bastante conhecida no bairro da Bela Vista e outra não tão famosa no Jardim Pantanal, região de São Miguel Paulista.
O que se vê na rua do centro, que visitamos, é um pouco triste para a memória de Adoniran. A estreita rua que termina na rua Jaceguai, bem próximo do Teatro Oficina, tem lixo nas esquinas todos os dias, restos de entulho e um cheiro muito forte de urina. Segundo um morador desta rua, à noite muitos moradores de rua dormem na esquina (o blog presenciou pelo menos 10 deles já se acomodando na rua Jaceguai em plena luz do dia) que fazem dali um banheiro a céu aberto. O acúmulo de lixo se deve a coleta irregular e também a moradores que não fazem sua parte, deixando sacos de lixo na rua muito antes da hora da coleta, como manda a lei.
Já no bairro do Jaçanã, na zona norte de São Paulo, é quase impossível encontrar a rua que leva nome a uma das canções mais famosas do repertório de Adoniran Barbosa, a rua Trem das Onze. O local é uma pequena travessa que liga a avenida Guapira até a rua Eugênia Bresser.Ali apenas os carros de seus moradores passam por ela e grande maioria deles ficam estacionados na rua, devido ao pouco espaço para manobrar na via.
Tal qual a rua da Bela Vista, o descaso também passa por este endereço. Afastada do centro, a rua sofre com lixo acumulado de ponta a ponta e à noite, é uma travessa com iluminação muito ruim, com apenas dois postes de luz que nem sempre estão com lâmpadas em ordem. Para muitos, passar pela rua Trem das Onze, no horário do famoso trem pode significar um assalto.
A rua fica próxima de dois locais muito importantes na trajetória de Adoniran Barbosa: a antiga estação do Jaçanã do Trem da Cantareira, e os antigos estúdios da Cinematográfica Maristela, onde participou de alguns filmes.
O estado destas ruas mostram que não basta lembrarmos de Adoniran Barbosa somente em seu centenário ou em eventos que marcam sua trajetória. As homenagens feitas a ele estão ai todos os dias, nas ruas que levam seu nome e na rua que leva o nome de sua canção. Que tal a prefeitura dar uma maior atenção a estas ruas ? Ou melhor, a todas as ruas, tal qual fazia o célebre sambista que cantava maravilhosamente todos os cantinhos de nossa São Paulo.
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