Assinaturas famosas da história de São Paulo

Algo que nem sempre é mencionado com a atenção que merece são as personalidades que estiveram presentes na fundação da cidade, ou que fizeram parte do cotidiano da São Paulo de Piratininga em seus primeiros cem anos, quando a pequena vila dava seus primeiros passos rumo ao que seria a grande metrópole do século 21.

Pensando nisso, fomos atrás de algo bastante inusitado: as assinaturas das pessoas famosas na época do nascimento de São Paulo. São pessoas que tiveram alguma importância para a fundação de nossa cidade ou que cujas histórias e vidas se cruzaram com a trajetória de São Paulo em seus primeiros anos. Alguns nomes são bastante conhecidos dos paulistanos, outros nem tanto, confiram:

Afonso Sardinha, O Velho:

Este nome histórico da saga paulista, foi utilizado por duas pessoas: pai e filho. A assinatura acima nos remete a Afonso Sardinha pai, conhecido também como “o velho”. Sua trajetória está intimamente ligada a história da capitania de São Vicente e de São Paulo de Piratininga. Português, sua data de nascimento e data de chegada ao Brasil é desconhecida.

Afonso Sardinha foi nomeado almotacel (espécie de fiscal do período colonial) em 1575  e nos anos de 1576 e 1577 seu nome surge como vereador. Além de homem da política paulistana foi um dos pilares da atividade econômica do século 16 (dono de fazendas, imóveis e minas) e da atividade militar.

Por muitos e muitos anos historiadores pensaram que Afonso Sardinha, o velho,  fosse analfabeto pois sempre assinava com uma cruz de três hastes, entretanto este erro está sendo revisto e sua importância histórica, destacada.

Afonso Nunes:

Não existem muitas informações sobre Afonso Nunes, exceto que fora almotacel em 1556.

Amador Bueno, o aclamado:

Bisavô do conhecido bandeirante Amador Bueno da Veiga, Amador Bueno de Ribeira era um paulista ilustre do século 17,  que foi aclamado como rei de São Paulo pelo povo.

Sua aclamação surgiu em 1641, um ano depois de D. João IV de Bragança assumir o poder em Portugal.  Embora de iniciativa popular, a ideia de tornar Amador Bueno rei de São Paulo, foi uma manobra política de castelhanos que queriam enfraquecer o poder português, e viram nele – filho de um carpinteiro de Sevilha que mudou-se para o Brasil – a pessoa certa para isso.

Entretanto, apesar da origem espanhola de seu pai, Amador Bueno de Ribeira não deixou se levar e recusou a honraria reafirmando com sua espada erguida a lealdade ao Rei de Portugal após sessenta anos de união ibérica.

Ele foi pai de Amador Bueno, o moço, bandeirante avô de Amador Bueno da Veiga. Faleceu em 1649.

Antônio Raposo Tavares:

Personalidade das mais conhecidas da história paulista, Antônio Raposo Tavares, português de origem judaica e bandeirante, expandiu as fronteiras brasileiras por terras espanholas e foi importante sertanista.

Sua chegada ao Brasil deu-se em 1618, junto com seu pai, Fernão Vieira Tavares, que foi designado capitão-mor governador da capitania de São Vicente. Com a morte do pai, Raposo Tavares decidiu mudar-se para o planalto, fixando-se na Vila de São Paulo, onde ocuparia diversos cargos públicos. Foi de São Paulo que partiria a sua primeira bandeira em 1628.

Faleceu em São Paulo em 1658, aos sessenta anos.

Baltasar Nunes:

Figura importante do período da fundação da cidade de São Paulo, Baltasar Nunes foi porteiro e alcaide da Vila de Santo André, tendo sido nomeado em 1556 por Jorge Ferreira, capitão-mor de São Vicente.

Brás Cubas:

Fidalgo e explorador português foi fundador da Vila de Santos e governador da Capitania de São Vicente por duas ocasiões (1554-1549 e 1555-1556), alguns historiadores afirmam ter sido ele também fundador da cidade de Mogi das Cruzes. Natural da cidade do Porto, chegou ao Brasil em 1531 com a expedição de Martim Afonso de Souza.

Brás Cubas teve vários filhos e um deles, Pero Cubas, recebeu o título de alcaide-mor quando ele faleceu em 1592.

Não há nenhuma relação entre Brás Cubas e o personagem homônimo fictício de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.

Diogo Fernandes:

Escrivão da Câmara de Santo André em 1556.

Fernão Dias Paes:

Nascido em São Paulo no ano de 1608, Fernão Dias Paes foi um bandeirante paulista. Também conhecido como “O Caçador de Esmeraldas” é juntamente com Antônio Raposo Tavares considerado o bandeirante de maior renome.

Realizou quatro importantes bandeiras nos anos de 1638, 1644, 1661 e 1674. Desbravador de terras incomparável, morreria na mata em 1681, de febre.

Francisco Alves:

Bandeirante paulista.

Francisco Avel:

Alcaide da Vila de São Paulo em 1556.

Francisco Peres:

Alcaide e guarda-mor da Vila de São Paulo.

Garcia Fernandes:

Procurador do conselho  em 1556.

Garcia Rodrigues:

Vereador da Vila de São Paulo em 1555.

Gaspar Nogueira:

Escrivão da câmara da Vila de São Paulo em 1555.

Gonçalo Fernandes:

Gonçalo (ou Gonsalo) Fernandes, era procurador do conselho em 1556 juntamente com Garcia Fernandes.

João Fernandes:

Procurador do conselho em 1555.

João Galeno:

Vereador da Vila de São Paulo em 1556.

João Pires, O Gago:

João Pires, cuja alcunha era ” O Gago “, foi um fidalgo português nascido no Porto que veio para o Brasil em 1531. Povoador de Santo André da Borda do Campo, posteriormente se tornaria juiz ordinário da região e depois almotacel. Há indícios de que também teria sido um caçador de índios.

João Ramalho:

Alcaide-mor de Santo André da Borda do Campo e posteriormente membro da câmara de São Paulo, João Ramalho é talvez uma das pessoas mais polêmicas e misteriosas da São Paulo do século XVI.

Pesquisando por seu nome é possível encontrar referências das mais distintas, como membro politico de Santo André e São Paulo, como por uma descrição que dizia: “…João Ramalho, homem por graves crimes infame e excomungado.”, acrescentando:  “daqueles Ramalhos, árvore ruim e de pior fruto, foram os maiores males que a própria peste, a suscitar rancores”.

Apesar disso, existem estudos feitos por aqueles que estudaram os jesuítas que, muitos dos atos que são atribuidos a João Ramalho não passam de hipóteses, sendo assim muito difícil de descrever sua verdadeira trajetória.

Alguns estudos apontam que sua chegada ao Brasil se deu entre 1512 e 1517. Sua origem em Portugal também é bastante imprecisa, tendo Pedro Taques afirmando que ele veio de Barcellos. Já Tomé de Sousa em carta de 1 de junho de 1553 afirma que Ramalho era natural de Coimbra. Por fim, alguns indicam Vouzelas ou Boucelas como também sua origem.

Supõe-se que ele era parente do Padre Manuel de Paiva, celebrante da missa do planalto em 25 de janeiro de 1554.

João Rodrigues:

Foi procurador em São Paulo em 1555.

Manoel Fernandes:

Vereador de São Paulo no ano de 1556.

Manoel Ribeiro:

Importante povoador paulista, assinatura de 1556.

Paulo de Proença:

Foi juiz ordinário de São Paulo em 1555. Era genro de Brás Cubas.

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13 respostas

  1. Excelente. Por que há tantas cruzes nessas assinaturas…numerologia,grafologia ou outro tipo de esoterismo

  2. Para quem gosta de ler e estudar sobre a história de São Paulo ter um documento histórico nas mãos é uma emoção muito forte. Foi essa emoção que eu senti quando estive com a ata da Câmara Municipal de 1555 nas minhas mãos lá no DPH.

  3. Interessante notar que várias assinaturas têm uma cruz de um ou dois braços.Qual seria o motivo.É muita coincidência para ser só coincidência.

  4. Desconfio que minha família seja descendente do bandeirante paulista Francisco Peres: Pelo que descobri, os Peres eram judeus convertidos ao Cristianismo ao chegarem na Penísula Ibéria por volta do Séc. XII. E meus avós paternos eram portugueses. Gostaria de descobrir minhas raízes ancestrais européia; seja elas espanholas ou lusitanas.

    Glauber Gleidson Peres
    Pindamonhangaba-SP
    012 99609-7644 (Whatsapp)

  5. Sou descendente de Garcia Rodrigues, meu 15 Bisavô, muito orgulho em ter sangue bandeirante correndo em minhas veias!!! Avante paulistas.

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