Casa – Avenida Conceição, 2351

Quem passa pela sinuosa Avenida Conceição, que liga alguns bairros da zona norte da capital paulista, quase não nota esta casinha encantadora que fica localizada no número 2351, na região de Vila Paiva.

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Este tipo de residência, muito abaixo do nível da rua, é um estilo que hoje quase não se vê mais. Pelo menos quando se refere a construções novas. As técnicas de construção evoluíram bastante e hoje é possível fazer lajes de concreto que não te obrigam mais a viver quase em um buraco, quando o terreno é muito profundo.

Entretanto, estes imóveis abaixo do nível da rua são geralmente casinhas muitos simpáticas e nos remetem a um tempo onde residências eram mais simples e aconchegantes. E essas casas, as que sobrevivem, são um bom exemplo de quanto é importante um plano diretor eficiente para a nossa cidade.

Observem a foto abaixo:

Crédito: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga
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Esta construção à esquerda da casa mostra como a falta de planejamento urbano, critério da fiscalização e um plano diretor eficiente podem deixar a cidade caótica. Até podemos compreender o direito do dono do futuro imóvel comercial em construir a sua obra, mas até que ponto é válido dar licença a uma obra deste tamanho que tire o conforto, a liberdade e, principalmente, o sol do vizinho que está lá há décadas ?

Se houve fiscalização, ela falhou. Porque devemos permitir que pessoas que há anos vivem em suas casas antigas e que resistem à especulação imobiliária sejam reféns urbanos ? É por isso que o novo Plano Diretor da Cidade de São Paulo precisa ser justo e bem estudado.

Espero que a bela casa da avenida Conceição sobreviva por muitos e muitos anos, ela está sempre impecável, com flores e muito verde. Parabéns aos proprietários.

Abaixo, só para encerrar, um outro exemplo absurdo do estrago que a falta de critério em obras causa a nossa cidade (a foto é da Capela de Santo Antônio, na rua Cachoeira):

No Belezinho, capela centenária foi "engolida" pelo prédio à esquerda.
No Belezinho, capela centenária foi “engolida” pelo prédio à esquerda.
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11 respostas

  1. no bairro do Tatuapé está cheio dessas “atrocidades” arquitetônicas… Sobradinhos da década de 40, 50 que ainda sobrevivem à especulação imobiliária, ficam totalmente encurralados entre os prédios…

  2. O problema nem é o fato de construírem algo grande perto das casinhas, mas sim de construírem coisas incrivelmente FEIAS. Não consigo entender porque o fato de um prédio ser comercial o impede de ser visualmente agradável. As cidades brasileiras estão cada vez mais cinzas, feias e genéricas.

  3. Essa é uma boa discussão.

    A Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) não protege as construções baixas com o devido cuidado. De uma hora para a outra você pode perder o sol a que tem direito se no terreno ao lado for erguido um prédio. E se você apelar para a justiça perderá tempo e dinheiro. Não há lei alguma que imponha limite à sombra de prédios sobre os imóveis vizinhos, ainda que estes sejam mais antigos.

    Mas falar isso nas grandes cidades onde quem manda é a especulação imobiliária é posar de bobo.

    Além do mais, se houvesse limite quanto à sombra dos prédios a consequência desastrosa seria o espraiamento da mancha urbana sacrificando matas , córregos e nascentes onde produz-se a preciosa água.

  4. Caro Douglas: eu jã nem sei o que falar mais quando vejo essas coisas. Por um lado entramos no direito de um de construir o que quiser dentro do zoneamento daquela área. Por outro, o direito do que já tem a construção abtiga com a vista que tinha, com a insolação, como v. falou. Finalmente, a falta total de bom senso e de educação das pessoas que constroem numa cidade totalmente abandonada em termos de planejamento desde sua fundação. Falar o que?

  5. São Paulo está se tornando cada dia mais cinzenta e feia! As casas antigas a arquitetura eram diferentes e belas. Estão detonando e sufocando o ar daqueles que moram nos bairros.
    De que adianta metrô, monotrilho, se constroem prédios com mais de 30 andares próximos. Com certeza esse tipo de transporte, irá ficar saturado e não irá dar conta da demanda de tanta gente.
    Um exemplo é o centro da capital paulista. Foram demolindo as construções antigas e fazendo prédios e mais prédios para escritórios comerciais. Hoje a maior parte desses prédios estão abandonados e a mercê de invasores, tornando-os em verdadeiros cortiços. Até estrangeiros recém chegados, já se acham no direito de invadir o que não é deles.
    Acho que está passando da hora de botar muita gente pra correr, e, que não quer fazer esforço algum para adquirir algo com esforço e trabalho.

  6. Desconstruindo a historia, estabelecendo-se assim o descaso em nome de interesses outros. Estou desconfiado que isto está em todo lugar, será?.
    Somos exemplo em tudo, naquilo que vemos de pior. A ética escorreu pelo esgoto. Mas eu acredito, enquanto existirem pessoas como estas deste espaço que nos fazem acreditar que vale a pena lutar e acreditar. Parabéns mais uma vez ao site São Paulo Antiga, já um patrimônio nosso.

  7. Essa discussão de planejamento urbano vem desde os tempos que São Paulo ainda era uma pacata cidade… nunca foi pra frente, apesar de pequenos trechos onde ocorrera um breve planejamento. Não podemos culpar de maneira alguma a construção vizinha, que deixou a pequena casa mais afundada no terreno do que já era desde o início da construção.

    A cidade deveria ter se espelhado nos grandes centros europeus e nos joviais centros urbanos que começavam a surgir na virada do século XX nos Estados Unidos, por exemplo; se ver no Google Earth, verá várias cidades que nasceu ou se expandiu depois com a devida organização, com ruas e avenidas retas, terrenos com tamanho suficiente pra construir grandes empreendimentos, parques, centros financeiros… enfim, toda estrutura vital planejada e com fácil acesso a qualquer morador ou quem chega nele.

    Talvez a cidade de São Paulo teria outro aspecto se houvesse esse planejamento desde o começo da explosão demográfica entre o fim do século 19 e meados do século 20. Será que teríamos uma “Pequena Paris” no centro de SP? Uma “Manhattan” pelos lados do Itaquera? Ou o charme de “Roma” lá pelos lados da Bela Vista com mais precisão? Ou uma fantástica e moderna “Tóquio” pelos lados de Pirituba? Ou, se puxar mais a nossa imaginação, o clima de “Londres” lá pelos lados do Pacaembu?

  8. O problema é que, na discussão dos Planos Diretores, os interesses econômicos (principalmente do mercado imobiliário) e políticos sempre se sobrepõem aos interesses da cidade e da população. E a cidade cresce ao sabor desses interesses.

  9. Adoro ver essas fotos de casas antigas, na Rua Simão da Mata, perto da estação CONCEIÇãO DO METRÔ, JABAQUARA, tem umas 2 casas nesse tipo. Parabéns pelo trabalho de vcs.

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