O antigo Cemitério Nossa Senhora do Carmo

O fato histórico nos faz remeter a década de 1920. Imagine pessoas com um tipo de doença que até então era altamente contagiosa. Esta doença degenerativa ficou conhecida como lepra, porém como esta palavra ainda hoje é motivo de constrangimento para seus portadores, atualmente ela é diagnosticada pelo nome de hanseníase.

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No início do século passado, as pessoas infectadas sofriam preconceito da sociedade e até mesmo de seus familiares mais próximos. Para isso, o governo do Estado notou a necessidade de construir hospitais-colônias onde as pessoas infectadas ficassem isoladas de sua sociedade habitual, porém com toda infra-estrutura que uma cidade proporciona: casas, igrejas, teatro, cinema, campo de futebol e cemitério.

O Complexo Hospitalar Padre Bento situado em Guarulhos, a Colônia da cidade de Pirapitingui e o Asilo Colônia Santo Ângelo em Mogi das Cruzes são exemplos de cidades que edificaram esse tipo de hospitais que também ficaram conhecidos como leprosários.

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No caso do Hospital Colônia de Santo Ângelo, fundado em 1928, este chegou a ser o maior complexo hospitalar destinado aos hansenianos no Estado de São Paulo. Em seu primeiro ano de funcionamento acolheu aproximadamente 449 pessoas provenientes da capital paulista.

O tempo passou, a medicina evoluiu e os médicos começaram a diagnosticar que a hanseníase não era uma doença extremamente contagiosa. Mesmo assim, esses hospitais colônias continuaram com a mesma infra-estrutura tornando-se um elemento sócio-cultural das cidades onde se encontravam. Mas será que esta incorporação repercutiu no espaço mortuário?

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Não é o que acontece pelo menos no Cemitério Nossa Senhora do Carmo em Mogi das Cruzes, o espaço extra-muros está completamente abandonado. Esta necrópole era um espaço mortuário dedicado quase que exclusivamente para pacientes do Hospital Colônia de Santo Ângelo serem sepultados. Ele está distante cerca de 400 metros da entrada principal do hospital, hoje renomeado para Hospital Dr. Arnaldo Pezzutti Cavalcanti.

Esta necrópole, em precário estado de preservação, quase não possui muros, que foram destruídos com a ação do tempo. A maioria dos sepulcros não possui identificação visível. O chão possui grandes desníveis e o mato consome uma grande parte da área cemiterial dificultando ainda mais o acesso.

Abandonado cemitério tem túmulos constantemente violados (clique para ampliar)

Entre cruzes e imagens de santos, alguns epitáfios estão desgastados e assim perde-se a influência da pessoa perante a história local. Ainda encontramos elementos de rituais erigidos diante da morte e algumas sepulturas violadas e com esqueletos e crânios à vista.

O histórico deste cemitério está sendo perdido a cada dia que passa. O local não possui sepultamentos há mais de 30 anos. Se a estrutura hospitalar ainda encontra-se preservada e em pleno funcionamento, por que o mesmo não ocorre com o Cemitério Nossa Senhora do Carmo? Qual a dificuldade ? Os índices históricos nos remetem a declaração que os mortos também contam a história.

Veja mais fotos do cemitério na galeria abaixo:

O canal de YouTube Lenda Urbana preparou um documentário sobre cemitérios abandonados e misteriosos para o lançamento do filme “Cemitério Maldito”. O São Paulo Antiga, através de seu editor, participou com uma entrevista. Assista no vídeo abaixo:

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57 respostas

    1. O termo leproso não é mais empregado devido a carga simbólica negativa a ele associado.

  1. Ótimas fotos, apesar de serem bem macabras e revelarem um alto grau de degradação.

    Em se tratando de cemitérios, seria interessante falar aqui um dia sobre o Cemitério do Lajeado Velho.

  2. Se o cemitério não é mais usado, porque não aproveitar e fazer algo util, com este terreno?

    lugar macabro, somente usado para “despachos” pelo que vi, total desrespeito ..

    e as familias dos que estão ali, será que não se importam tb? ninguém diz nada?

    E com um hospital há apenas 450 metros???

    total descaso, mas o que esperar desse povo brasileiro que não tem cultura alguma e nem educação pra entender.

    Parabéns pela matéria, espero que seja feito algo através desta.

    1. O respeito também é devido para as pessoas que cultuam as matrizes africanas, que a senhora chama de “despachos”. E a senhora tem razão, nem todos tem educação para entender.

  3. Gostei da denuncia, pois a comunidade que não cuida nem dos mortos não tem coração para cuidar dos vivos, a final eles são nosso passado e um dia nós é quem estaremos lá.

  4. esse lugar me da um arrepio..que pena que em muitos tumulos não dá para saber o nome da pessoa que descansa em paz ai…poxa bem que eu gostaria de ter encontrado o tumulo da minha avo que se encontra ai…mas no meio de tantos violados e abandonados nunca saberei qual desses é o dela…

  5. Se o descaso e segregação já ocorria com os leprosos ainda vivos, imaginem com eles mortos. =( É uma pena ver o abandono tanto familiar quanto municipal. Aliás, não é preciso ir longe para encontrar túmulos violados, o da Lapa vive sendo saqueado. =(
    Na administração deve ter o livro das famílias enterradas, bem como a localização de cada túmulo. Mas vai saber se este livro ainda está preservado… =/
    Mas mesmo assim as fotos ficaram belíssimas! =D Parabéns!

  6. Parabéns pelo texto e pelas excelentes fotos, conseguiram ilustrar o real estado de abandono deste cemitério.

  7. Os restos mortais de minha avó foram sepultados neste cimitério em 01/02/07/1954 ás l8 horas, tendo como causa mortis caquexia leprótica (060.L)?????

  8. LINDO REGISTRO FOTOGRAFICO ,REALMENTE O PRECOCEITO PERMEIA ATE OS DIAS DE HOJE,DESPREZO COM A MEMORIA E COM A CIDADE.

  9. Já visitei este cemitério, é uma imagem muito comovente, tentei ver alguns nomes de pessoas que estão enterradas ali mais impossível, nem mesmo alguns túmulos chegam a ser visíveis. Hoje está fechado e ninguém consegue entrar, mais na época que eu fui la, estava aberto para quem quisesse entrar. Muitos despachos foram feitos, até fogo atearam no seu interior. Uma coisa que me chamou a atenção e que o Douglas poderia ter registrado, foi o nascimento de uma arvore bem debaixo de um tumulo, e que com o crescimento da mesma, conseguiu levantar o tumulo inteiro a uma distancia de uns 50 a 80cm mais ou menos. Desativar por completo este cemiterio não digo, mais que daqui ha alguns anos isto não existirá mais, com certeza, do jeito que nossa cidade está crescendo dando lugares a edificios, isto não vai demorar muito.

    1. Boa noite!!!
      Gostaria de saber como faço para visitar o cemitério,tem portaria? ou temos que agendar visita com alguem antes???
      att
      RENATO

  10. Acho uma pena, nós do ocidente temos um pensamento muito negativo quanto a morte, talvez isso tb ajude com que as pessoas nn liguem para esse lugar, se fosse bem cuidado poderia estar ativo até hoje…

  11. Vc me fez lembrar algo que me deixa muito triste quando penso no hospital Dr Arnaldo, lembro de quando ia visitar meu pai e ele me dizendo….não conte para ninguem que seu pai está internado aqui. No principio eu não entendia, não sabia o que era preconceito. Hoje eu entendo bem o que é isso o que é a palavra preconceito! É por isso que fico triste.. por que tanto preconceito se somos todos iguais sendo que a unica diferença é uns são mais ricos que outros , nada mais. E quando morrem vão para o mesmo lugar… para a sepultura. Meu pai amava tanto este hospital que nunca quis sair de lá. Muitas vezes convidei ele e minha mãe para morar comigo, mas eles não quiseram sair de lá, só saíram de lá mortos. Hoje só me reta as saudades de um tempo bom em que eu ia visita-los e passar o dia com eles, ouvindo as historias de meu pai! As vezes ele me levava neste cemitério para ir nos túmulos de seus amigos que lá ficaram. Talvez no fundo meu pai ainda não tenha entendido ainda que com a intervenção daquela mulher de fibra, Conceição da Costa Neves tudo mudou na vida deles!

  12. Como é triste ver o descaso em relação ao que diz respeito aso hansenianos. Pessoas que tiveram sua dignidade tirada, foram excluídos da sociedade, internados compulsoriamente, tirados das famílias, até mesmo famílias inteiras (como é o caso da minha família), pessoas que foram tratados como se fossem criminosos, que eram presos pq fugiam dos asilos colonias. Cadê a dignidade dessas pessoas? nem mesmo após a morte existe dignidade para eles? O cemitério de Bauru, no Lauro de Souza Lima encontra -se no mesmo abandono. Pq essas pessoas são excluídas até mesmo após morte? Onde estão as autoridades que não veem isso?

  13. ola, meu nome é Vesperiano, hoje (18/05) levei meus filhos e minha esposa para ver esse cemiterio, acho que é ustil para sensibiliza-los a serem cuidadosos e respeitosos com os vivos e com os mortos tambem. mas o que vimos lá hoje, foi totalmente macabro: um ritual de magia negra, no qual em plena luz do dia ( 12:00hs) sacrificaram galinha, pegaram dois cranios humanos, derramaram sangue da galinha sobre eles. ainda ficaram me encarando ameaçadoramente… Deus me livre. estão colocardo uma cerca de arame no local, mas com certeza essa cerca só vai impedir a entrada de pessoas honestas e respeitadoras como eu e minha familia, pois mal carater não respeita cerquinha de arame. até quando as autoridades mogianas irão permitir essas vituperação à memoria de pessoas que sofreram a terrivel Lepra quando ainda vivas??? esse cemiterio deveria ser tombado como testemunha da Historia de Mogi das Cruzes. não acham?

  14. Eu não consigo acreditar que realmente existe um local como esse no nosso país. Parece cenário de filme de terror. Ao mesmo tempo que é bonito é triste e muito deprimente. Como pode um cemitério cair no esquecimento geral? A gente sempre acredita que as famílias vão se multiplicando e sendo assim preservando suas memórias, no entanto, nesse caso em questão, como se tratavam de leprosos, muita das vezes alguns nem sequer constituíram famílias e desta forma, não deixaram ninguém para cuidar de vossas lapides. Um trabalho muito bem elaborado da Gláucia que merece todo destaque. Parabéns.

    Quanto aos trabalhos de despacho e magia negra, isso é uma falta de respeito e de cultura dessa gente que, exige tanto respeito a si próprios e a vossas culturas afro e que sequer respeitam a cultura alheia.

    1. Não são somente religiões afro que possuem rituais tidos como “magia negra/despacho”. Assim como nem toda religião afro realiza rituais. As pessoas pedem respeito justamente para se livrarem dessa GENERALIZAÇÃO e PRECONCEITO de pessoas mal informadas. Fora que a cultura afro faz parte da cultura brasileira, então é sua cultura também, seja direta ou indiretamente.

      Existem pessoas que fazem variados tipos de rituais de magia negra e que são de religiões cristãs, pagãs, asiáticas, e mesmo os que não poasuem religião alguma (mas têm algum tipo de crença, óbvio). Há vários tipos de rituais que NÃO são ligados à religiões de origem africana, e os que apareceram nas fotos aqui apresentadas, realmente não me parecem ligados a estas. Muitos rituais são inclusive com intuitos satânicos, que é um conceito que NÃO existe nas religiões de matriz afro.

      Quem quer que fez esses rituais no cemitério realmente precisam aprender respeito. Mas não saia presumindo a religião/crença alheia, generalizando e falando de forma preconceituosa. Cobre respeito também da prefeitura e dos cidadãos como um todo, pois é o descaso e o preconceito que foram os principais responsáveis pelo cemitério ter chegado a esse estado deplorável. Se tivesse segurança, cuidado e respeito, essas pessoas se aproveitando do cemitério para realizar rituais não teriam sequer chegado no portão!

  15. Eu fiquei tendo ciencia deste local abandonado, por coincidencia vendo um canal de youtube, onde umas pessoas alegam serem caça fantasmas brasileiros e uma sensitiva, com uma equipe se reuniu com outra equipe de mesmo tipo de atividade e ao todo as duas foram fazer suas pesquisas de campo pelas dependencias deste patrimonio abandonado.

  16. Tem gente que não vai a cemitério nem quando precisa, quanto menos nesse, em que o lado tétrico da morte fica à mostra. Não tenho a visão de que os hansenianos são iguais às pessoas saudáveis, até porque há variedade de hanseníase que é contagiosa. Porém, isso não justifica o desrespeito e a destruição da memória. Ainda bem que você, Glaucia, apurou esse tema tão tabu ainda e o transformou nessa matéria tão proveitosa. Quiçá alguém com cargo no poder público de Mogi das Cruzes a leia e faça alguma coisa. Que a São Paulo Antiga continue seu belo trabalho! Abraço fraterno a todos.

  17. A ap citou o cemitério da Lapa como exemplo negativo, lembrei do cemitério São Paulo (Necrópole São Paulo), na Av. Cardeal Arcoverde, na capital. Estive lá neste ano, em visita ao túmulo de J. Herculano Pires, e o que vi é a deterioração lentamente se alastrando pelas sepulturas. Há buracos tão grandes em certos pontos que se tem a impressão de que o local está sendo transformado em cenário de filme de mortos-vivos e de repente vai sair de lá algum figurante a caráter… Taí uma boa pauta para vocês da São Paulo Antiga, afinal o cemitério São Paulo abriga alguns túmulos artísticos e de gente importante do passado da cidade. Pensem nisso.

  18. Parabéns pela pesquisa. Os cemitérios, com seus monumentos, lápides e artefatos são documentos históricos que perpetuam memórias e apontam para nossas raízes.

    Se os vivos merecem máximo respeito, também os despojos dos antepassados devem ser tratados com máximo decoro, não por eles, que partiram e estão em paz, mas por nós mesmos e por nossa dignidade.

    Triste ver os despojos de pessoas que tanto sofreram em vida serem criminosamente profanados após a morte por um bando de boçais.

    Eu não sou dessa região, morro no Litoral de SP e frequento assiduamente os campos santos daqui. Cuidado alias de uma campa e jazigo de família, mantendo-as não só limpas mas primorosamente adornadas. Será que as pessoas daí o mesmo os interessados de outros locais não poderiam marcar evento e reunir mutirão para limpar e tentar, se possível caiar esses túmulos de branco, cimentar algumas peças e limpar as lápides.

    Se todos fossem lá juntos uma vez ao mês para cuidar, o local poderia ser mantido e certamente tombado, quem sabe. Fica aqui a sugestão para os que são ai dessa região, especialmente para quem tem ancestrais inumados nele: reunam-se, juntam forças, deem as mãos e resgatem a dignidade desse espaço e as memórias da comunidade. Abração!

  19. Gostaria de saber se a algum registro dos nomes das pessoas sepultada nesse cemiterio.
    Acho que minha vó foi enterrada neste cemiterio.
    Nunca ninguem em casa cometou mas ja houvi comentario que ela tinha lebra.

  20. Minha infância tem um marco na colônia que hj é o Dr Arnaldo (tenho apenas 23), minha mae cresceu la pois minha avó morava na cidadezinha linda que era la dentro. La tinham muitas muitas árvores, os moradores em sua maioria eram idosos, lugar muito calmo, ar puro, frutas no pé e cada canto minha mae tinha uma história pra contar… Sempre que tinha que ir pra la com ela era uma alegria! Porem hoje em dia quando entro na colonia é uma tristeza… Meu tio que morava la faleceu a dois anos, não se vêem mais arvores quase que nenhuma, as cores antigas dos prédios foram trocadas por cores vibrantes, o Leão que fica no campo de futebol esta mais abandonado do que nunca… Não tenho mais a mesma sensação boa ao entrar naquele lugar pois ele não me remete mais a imagem antiga (adorava isso!) Acho que a identidade do local deveria ser preservada em consideração aos leprosos que viveram la, tanto quanto o cemitério que da medo só de passar pela avenida.

    Mas se não tiveram nem o cuidado de manter as árvores na colônia, cuidar do cemitério fica a milhas de distancia para eles! O local deve ter ficado quase que sem visitas pois ate mesmo os familiares já ficaram velhinhos e deixaram de visitar os túmulos e tambem nao tem casas proximas, so mato alto… acho que essa é a “desculpa” mais usada pra largar tudo assim… Uma pena. Moro no bairro e sei o quanto essa colonia é importante para nós. Agora tem o Resort mais pra frente, lugar de rico, só vem famoso, quem vai lembrar dos mortos que não dão grana pra cidade?????

  21. Este cemitério esta em situação precária, seria bom um projeto para reativar o mesmo e não deixar a história se perder. O Hospital São Roque em Piraquara(região metropolitana de Curitiba) é um complexo hospitalar com cemitério que ficou anos abandonado, atualmente como o cemitério central da cidade foi desativado para novas aquisições de terrenos, agora a venda só é possível neste cemitério, isso ocasionou um novo olhar para o cemitério.

  22. Parabens Glaucia,
    Copiei alguns trechos de comentários interessantes de seus seguidores, concordo com algumas opiniões, como a deste morador do litoral, também de outro que deu exemplo da reforma de outro cemitério abandonado. Neste caso, as pessoas devem ter ficado com medo da doença enterrada com os mortos, por isso o afastamento, vc é estudiosa do assunto, sabe que por mais próxima que fosse da família, o doente tinha que ser afastado, em outra época, até (REI Balduíno IV) foi deposto por estar infectado.
    Lepra: A doença do estigma-LEI
    Desde a Antiguidade a lepra foi tratada como sinal de impureza ou pecado. Durante séculos, a regra foi uma só: discriminar os doentes e privá-los do convívio social. A 29 de março de 1995 o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, assinou a Lei 9 010, que diz, em seu Artigo 1º: “O termo ‘lepra’ e seus derivados não poderão ser utilizados na linguagem empregada nos documentos oficiais da Administração centralizada e descentralizada da União e dos Estados-membros”.
    Moacyr Scliar | 01/01/2006 00h00
    Seus leitores:
    “Ótimas fotos, e revelam um alto grau de degradação”.
    “Vc me fez lembrar algo que me deixa muito triste quando penso no hospital Dr Arnaldo, lembro de quando ia visitar meu pai e ele me dizendo….não conte para ninguem que seu pai está internado aqui. No principio eu não entendia, não sabia o que era preconceito”
    “Eu não sou dessa região, moro no Litoral de SP e frequento assiduamente os campos santos daqui, cuidando alias de uma campa e jazigo de família, mantendo-as não só limpas mas primorosamente adornadas. Será que as pessoas daí ou mesmo os interessados de outros locais não poderiam marcar evento e reunir mutirão para limpar e tentar, se possível caiar esses túmulos de branco, cimentar algumas peças e limpar as lápides”.

    Se for desmistificado o perigo de contágio e se a discriminação em todos os sentidos foi extinta, a proposta do seu seguidor do litoral pode funcionar, o local pode ser tombado e através de um projeto social, contando com todas as pessoas e crenças, uma reforma poderá ser possível.
    Não adianta ficar dizendo que esta abandonado, não adianta falar em preservação, se nada for feito, vai acontecer o que uma outra seguidora previu, uma especulação imobiliária. Se o Hospital hoje trata outras especialidades, porque não reativar o cemitério?
    Glaucia, é possível visitar esse cemitério, tem alguém tomando conta?vou ficar no aguardo de sua resposta.23-1-15

  23. Olá Glaucia, minha avó paterna está enterrada neste cemitério em Mogi das cruzes, pois esteve internada no hospital Santo Angelo vindo a falecer. Infelizmente não sabemos qual é a sua sepultura. Estivemos algumas vezes para tentarmos descobrir, porém, somente nos deparamos com muito mato e abandono total. Hoje, 28/11/2015, voltamos lá, minha mãe, tia e irmã e ficamos surpresas e felizes ao ver que já não está tão abandonado como antes. Mas, não conseguimos identificar sua sepultura. Sei que ela faleceu em 1945. Por favor, você acha ser viável ainda a sua localização? Como devemos proceder? O nome dela é CLEMENTINA CARLOS BRANCO.
    Desde já, muito obrigada! Abraços!

  24. Nossa… Sou mogiana, nascida e criada. Desconhecia esse cemitério até ler essa matéria. Quanto descaso e relaxo do poder público da minha cidade! Lamentável ver essas imagens…

      1. Douglas obrigado!! Não consegui encontrar o local no google maps, encontrei o hospital no artigo, mas não consegui identificar o cemitério, sabe informar se é o primeiro na estrada ou é o segundo prédio onde parece ter uma clinica de recuperação? Pretendo fazer uma sessão de fotos no local, também sou admirador da arte cemiterial e da história paulista. Mais uma vez obrigado! Abraço!

  25. Queria visitar, porém não arriscaria!! Se alguém quiser se aventurar, recomendo cautela!

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