Não é de hoje que sabemos que o poder público é um dos maiores entraves para a proteção do patrimônio histórico. Este entrave se dá em todas as esferas de poder ou seja, municipal, estadual e federal. Cada um trava este ou aquele processo de tombamento de acordo com suas burocracias características.
Na região da Igreja da Consolação, vemos um grande exemplo de como a burocracia (leia-se incompetência também) pode transformar um patrimônio histórico de suma importância para a cidade de São Paulo tornar-se ruína: trata-se do anexo do antigo Colégio Visconde de Porto Seguro.
Houve uma época em que a região central de São Paulo era dotada dos mais importantes e renomados colégios da cidade. Além do Colégio Mackenzie e do bastante conhecido Caetano de Campos, a região ainda contava com mais duas outras famosas e respeitadíssimas instituições de ensino, o Des Oiseaux e o Visconde de Porto Seguro.
O primeiro, localizado na rua Caio Prado com rua Augusta deixou de funcionar há algumas décadas. Ja o segundo, na rua João Guimarães Rosa, mudou-se em 1974 para o bairro do Morumbi.

O prédio principal do colégio nos anos 1950
Com a mudança do colégio para o então distante bairro do Morumbi, o governo do Estado ficou com os dois prédios onde funcionou o Visconde de Porto Seguro. Um deles, visto na foto acima, tornou-se a nova escola estadual Caetano de Campos e o do lado esquerdo o qual nos referimos aqui ficou vazio e abandonado desde então.
O prédio que estudamos aqui, nunca foi o prédio principal do Colégio Visconde Porto Seguro. Na verdade ele sempre foi um anexo do prédio principal, uma vez que provavelmente o colégio cresceu e suas atividades não cabiam mais em um só edifício.
O prédio anexo, hoje abandonado, certamente possui muito mais que 100 anos e segundo fontes que apuramos, inicialmente foi uma residência. Depois, tornou-se uma conhecida e concorrida escola de datilografia, até que muito tempo depois passou a fazer parte do colégio.
Com a troca de sedes, era para o poder público dar um destino ao prédio tal qual deu ao edifício principal, mas não deu. Hoje, a construção já perdeu todo seu telhado e tem a estrutura comprometida. Uma grande vegetação cresce dentro do que antes fora uma sólida instituição de ensino. Enquanto nada é feito para salvar o antigo prédio centenário, assistimos impotentes a degradação da construção e rezando para que nada de pior aconteça.
É assim que nosso patrimônio sobrevive. Até quando teremos que lamentar o abandono de nosso patrimônio histórico ? A pergunta fica em aberto para nossas autoridades responderem.
Curiosidades sobre o local:
- A rua do prédio atualmente chama-se João Guimarães Rosa, no passado ela era chamada de rua Olinda. A escola ficava no número 111.
- Em virtude do nome da rua, a escola era conhecida como Olinda Schulle, até que na ocasião da II Guerra Mundial passou-se então a chamar-se Colégio Visconde de Porto Seguro, no ano de 1942.
- Os telefones da escola, no final dos anos 1960 eram: 34-0306 e 34-8259
- O nome da escola é uma homenagem a Francisco Adolfo de Varnhagen, historiador e diplomata brasileiro, conhecido como Visconde de Porto Seguro.
- Vários ilustres estudaram nesta instituição, entre eles os atores: John Herbert, Géorgia Gomide e Eva Tódor
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Imagens: Edu
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