Inaugurado em 18 de setembro de 1934, o Marco Zero foi elaborado vários anos antes, precisamente em 1921, quando o local ainda era conhecido popularmente como “Largo da Catedral” que ainda encontrava-se em obras.
O projeto e local de construção do monumento surgiu das mãos do Dr. Américo Netto, à época diretor da Associação Paulista de Boas Estradas (órgão extinto no final dos anos 20).
Entretanto o Marco Zero caiu no esquecimento e só voltou a ser discutido no final de 1933, quando o braço paulista do Touring Clube do Brasil procurou a prefeitura para sugerir a instalação do marco, que foi prontamente aceito.
Totem hexagonal feito em autêntico mármore paulista e com base em granito, o marco tem uma altura que permite a qualquer adulto consultar facilmente a placa de bronze fixada em seu tampo.
As laterais do marco possuem direções para 6 importantes pontos do Brasil, cada uma delas com uma ilustração que caracteriza a região mostrada.
A cidade de Santos (direção sudeste) é representada por um navio a vapor, o Estado do Paraná (direção sul) por uma Araucária, Rio de Janeiro (direção nordeste) com uma bananeira e o Pão de Açúcar, Minas Gerais (direção norte) com equipamento de mineração, Goiás (noroeste) a bateia usada no garimpo e Mato Grosso (direção sudoeste) com as indumentárias dos bandeirantes.
Em seu tampo, a placa de bronze tem um mapa parcial da Cidade de São Paulo, com o símbolo e a oferta do Touring Club do Brasil, e as principais vias paulistanas daquela época identificadas, como as avenidas Celso Garcia, Paulista e São João, além de locais de interesse público, como o Museu do Ipiranga e a Faculdade de Medicina.
Um detalhe curioso a se observar é a ilha, já desaparecida, que havia no rio Tietê. Hoje ali se encontra o Shopping Center Norte.
Outro ponto importante a salientar sobre o Marco Zero de São Paulo é que ele não só serve como um importante ponto turístico da cidade.
Ele primeiramente serve ao propósito de que o próprio nome já indica, representando o centro geográfico do município, de onde todas as medições de distâncias das placas toponímicas paulistanas se iniciam.
É por este motivo que as numerações dos logradouros da cidade são mais baixos no ponto mais próximo ao centro e mais distantes a medida que se afastam dele.
Se alguém disser para você ir no número 100 da avenida São João, por exemplo, você já sabe que o 100 fica no ponto mais próximo ao centro, e não no outro lado na região da Barra Funda.
Em 2007 o Marco Zero foi definitivamente tombado pelo órgão municipal responsável pelo patrimônio histórico da cidade, ano também que a obra recebeu uma restauração.
DO MARCO ZERO AO SACI PERERÊ
Quando observamos os belos desenhos que representam as regiões brasileiras nas laterais do marco, não há qualquer menção ao artista. Porém, a obra é fruto do trabalho de um grande ilustrador francês: Jean Gabriel Villin.
Nascido em Amiens, França, em 1906, Jean Gabriel Villin mudou-se para o Brasil ainda jovem, em 1925, para ir trabalhar na cidade de Porto Ferreira (SP) como desenhista em um fábrica de louças.
Ele ficaria naquela cidade até 1927, quando veio para a capital atendendo um convite para trabalhar como desenhista no serviço público.
Foi nesta época, quando já estava bem estabelecido em São Paulo, que acabou conhecendo a figura de Monteiro Lobato, que entre 1929 e 1930 o convidou para ilustrar seus livros.
Seu primeiro trabalho com o grande escritor brasileiro foi na ilustração do livro Reinações de Narizinho. Villin também é conhecido por ter sido o primeiro a desenhar e imortalizar o personagem Saci.
O nome de Jean Gabriel Villin também é muito conhecido e respeitado na área de desenhos publicitários, onde também destacou-se com muito sucesso.
Mesmo sendo de origem francesa, Villin colocava em seus trabalhos muito do folclore e coisas típicas do brasil, dando um cunho totalmente nacional para a nossa propaganda, razão que foi chamado em sua época de “o mais brasileiro dos publicitários brasileiros”. Faleceu em 1979.
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