Palacete do Carmo

Um belo e mal conservado edifício de seis andares, em pleno coração da Cidade de São Paulo, chama muito a atenção de todos que passam por ali tanto pela beleza de seus traços arquitetônicos, que nos remetem a Paris, como pela triste situação de abandono que ele se encontra há vários anos, trata-se do Palacete do Carmo.

O palacete em janeiro de 2024 (clique na foto para ampliar)

Construído no início dos anos 20, o Palacete do Carmo é atribuído as Irmãs Carmelitas e é mais um dos vários imóveis pertencentes à Cúria Metropolitana de São Paulo. Aliás, praticamente o quarteirão inteiro pertence a eles já que na rua ao lado, a Roberto Simonsen, está localizado o antigo prédio da Mitra Arquidiocesana de São Paulo, hoje caindo aos pedaços.

O Palacete do Carmo está quase todo vazio, com algumas poucas salas sendo ocupadas. Entretanto nos anos seguintes à sua construção o prédio era bastante concorrido para locação de salas comerciais principalmente devido a sua ótima localização, entre as Praças Clóvis e Sé além de estar a poucos passos do antigo Palácio do Governo, que ficava localizado onde hoje é novamente o Pátio do Colégio.

Entre os mais conhecidos inquilinos que já tiveram estabelecimentos comerciais ou escritórios no palacete, estão a Casa Trommel, o Instituto Frederico Ozanam, o Cirurgião Dentista Professor Doutor Hugo Dias, a Agência Paiva, o Tabelião Alfredo Campos Salles Filho, a Liga do Professorado Católico, o Partido Nacionalista de São Paulo e finalmente a Rádio 9 de Julho, pertencente à Cúria.

Apesar de todos estes inquilinos conhecidos e da excelente localização, o Palacete do Carmo acabou por acompanhar o lento e doloroso processo de decadência do centro histórico de São Paulo, especialmente a partir dos anos 60 e 70, quando as grandes empresas estabelecidas na cidade já estavam em outros pontos centrais da capital, como a região da República e a própria Avenida Paulista. Com isso, o prédio entrou em decadência junto com seu entorno e suas salas comerciais, outrora concorridas, passaram a ficar vazias.

A atual situação do Palacete do Carmo não é das melhores, apesar de bastante robusto ele já apresenta inúmeros sinais de abandono. Sua fachada sempre muito bem cuidada no passado, hoje apresenta muitos pontos de desgaste. Há alguns anos atrás optaram por colocar uma proteção para evitar quedas de pedaços da fachada sobre os pedestres. Há também vários vidros quebrados nas janelas dos escritórios e quase todas as portas comercias que existem no piso térreo estão fechadas.

Na imagem, a Planta do Palacete do Carmo

Apesar disso, há alguns rumores de que o prédio será restaurado em breve. Desde 2006 corre a notícia de que a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) irá transferir a sua Faculdade de Direito para o Palacete do Carmo (conforme o Jornal da PUC  Ano 1 / Número 01 / Abril de 2006), o que seria uma boa notícia. Entretanto, já se vão vários anos desde que a discussão começou e até agora, infelizmente, nada foi feito.

Este magnífico prédio paulistano não pode ficar nesta situação que se encontra atualmente. É fundamental que seja restaurado e reintegrado à cidade. Que a parceria com a PUC realmente obtenha êxito e que possamos ver o Palacete do Carmo novamente ocupado e cheio de vida, tal qual todas as outras construções da região que hoje estão em situação semelhante.

Galeria de fotos do Palacete do Carmo (clique na foto para ampliar):

CURIOSIDADE:

Bem próximo deste Palacete do Carmo, existe um outro imóvel histórico que por muitos e muitos anos foi conhecido pelo mesmo nome: O Solar da Marquesa. Raro exemplar de residência urbana do século 18, o solar onde morou a célebre Marquesa de Santos era chamado de “Palacete do Carmo” pelo fato de estar localizado na Rua do Carmo.

Em meados do século 20, com a abertura da Avenida Rangel Pestana a Rua do Carmo acabou dividida em duas partes e esta porção da via, que se inicia diante do antigo prédio da Mitra Arquidiocesana de São Paulo, passou a chamar-se Rua Roberto Simonsen, mesmo assim o nome oficioso “Palacete do Carmo” continuou identificando o solar por muitos anos. No Solar da Marquesa, hoje totalmente restaurado, funciona o excelente Museu da Cidade de São Paulo.

ATUALIZAÇÃO 12/01/2020:

Quase nove anos depois da publicação deste artigo a situação do Palacete do Carmo só mudou para pior.

clique na foto para ampliar

O prédio teve boa parte de suas instalações esvaziadas, sendo que aparentemente apenas os estabelecimentos do térreo, com porta para a rua, estão funcionando. Além disso o edifício foi coberto com um tecido como que indicasse um possível início de reforma, porém nada foi feito ali até o momento.

A impressão que se passa é que seus proprietários estão deliberadamente deixando o palacete nesta situação para acelerar um possível processo de deterioração. Quem sabe assim fica mais fácil derrubar tudo e vender a área, não é mesmo ? O tempo dirá!

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Atualização mais recente: 01/02/2024

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6 respostas

  1. Lamentável que a Igreja (que tem poder e $$) esteja K-H-ndo para o patrimônio que faz parte não só da História de SP, mas até da História da própria insituição.
    Sem querer pôr lenha na fogueira, mas os imóveis da Mitra Arquidiocesana aqui do Rio estão mais bem preservados, pelo visto, que os daí.

    1. As vezes fica complicado comparar Rio com São Paulo. A diferença é o tamanho da cidade e por consequência a quantidade de imóveis que Mitra Arq. de SP é muito maior que o Rio. Então fica evidente que muitos imóveis ficam abandonados literalmente.

  2. Na restauração, podiam fazer um favor e demolir os dois andares adicionais acrescentados décadas após a construção, e que acabam com o equilíbrio estético do edifício.

  3. A Solução para este Prédio vai acabar sendo ele caindo ou um Incêndio colocando Fim a um Imóvel sem solução que fica muito caro para se Restaurar .

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